segunda-feira, janeiro 16, 2023

Caminhos do habitar quando formos idosos – versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 845

Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):

https://docs.google.com/document/d/1WzJ3LfAmy4a7FRWMw5jFYJ9tjsuR4ll8/edit?


Caminhos do habitar quando formos idosos – versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 845 

Artigo XXIV da série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo Controlado”

Infohabitar, Ano XIX, n.º 845

Edição: quarta-feira, 18 de Janeiro de 2023

 

Caros leitores da Infohabitar,

Com o presente artigo iniciamos a edição de mais uma sequência de artigos relativos ao Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo Controlado (PHAI3C), prevendo-se que durante 2023 consigamos chegar ao remate desta fase do estudo em que se pretende disponibilizar ua base de trabalho e bibliográfica extensa sobre os amplos aspetos de enquadramento associados às necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas de uma reflexão prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas idosas e fragilizadas, mas sempre desejavelmente integrados em quadros intergeracionais, ativamente urbanos e dinamizados e convivializados por cooperativas de “habitação económica”.

Tal como tem sido divulgado este estudo, o PHAI3C, integra a Estratégia de Investigação e Inovação (E2I) 2013-2020” do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC); e importa salientar que as referidas cooperativas portuguesas de “habitação económica”, associadas na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), apoiaram este estudo desde o seu início, na continuidade do seu importante papel, desempenhado desde o 25 de Abril, na promoção de habitação de interesse social, aliando a quantidade de habitações disponibilizadas a uma sua expressiva qualidade

Lembra-se que a edição destes artigos de conteúdo sobre o PHAI3C vão passar a uma estimada periodicidade quinzenal, pois a respetiva elaboração assim o obriga; alternando com estes artigos a Infohabitar irá procurar editar informações úteis sobre iniciativas, entidades e estudos dedicados às temáticas do habitat humano.

Recorda-se, como sempre, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui editados e propostas de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).

Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações calorosas e desejos de força e de boa saúde para todos os caros leitores,     

Lisboa, em 18 de janeiro de 2023

António Baptista Coelho

Editor da Infohabitar

 

Infohabitar, Ano XIX, n.º 845

 

Caminhos do habitar quando formos idosos – versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 845  

António Baptista Coelho  – com base direta nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo dos documentos que integram a listagem bibliográfica registada no final do artigo.

Nota: o conteúdo específico do artigo desenvolve-se após um conjunto de notas introdutórias e de apresentação ao estudo global intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional desenvolvido num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C)

Resumo

Depois de um conjunto de notas introdutórias e de apresentação ao estudo global intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional desenvolvido num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C), aborda-se, no presente artigo, em primeiro lugar, a necessidade e a oportunidade de uma nova oferta residencial muito diversificada para os idosos, matéria esta que é, depois, abordada em termos dos seus principais aspetos.

Depois avança-se para o apontamento de algumas experiências diversificadas para o habitar dos idosos e, sequencialmente, aborda-se a temática do viver com independência numa sociedade envelhecida, matéria esta que é, em seguida, ligada ao uso/design universal habitacional e aos aspetos da influência da autonomização dos idosos numa renovada e talvez mais sustentável estratégia de cuidados de saúde.

 

Notas prévias ao Programa de Habitação Intergeracional Adaptável desenvolvido num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C)

Notas prévias sobre a estrutura geral do estudo (PHAI3C) e conteúdos/posição dos presentes 18 artigos 

A quase totalidade dos artigos já editados na Infohabitar, relativos ao Programa de Habitação Adaptável Intergeracional desenvolvido num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C), abordam a caraterização ampla da sensível temática associada ao PHAI3C, naturalmente, numa fase de trabalho e essencialmente marcada pela busca documental e respetivo e sistemático comentário, em seis grandes temas e capítulos, que integram o que designámos de Parte I do estudo e que, a seguir se apontam.

Parte 1 do estudo – aspetos gerais de enquadramento e base bibliográfica comentada (título provisório):

§  Aspetos de enquadramento do PHAI3C

§  Qualidade de vida e qualidade residencial dos idosos

§  Habitat, bem-estar e saúde

§  Qualidades residenciais mais específicas para idosos

§  Necessidades e satisfação residencial dos mais fragilizados

§  Habitat, velhice, solidão e convívio, demência e final de vida

Aponta-se, em seguida, o que prevemos possa constituir a sequência imediata do estudo, atualmente já em boa parte desenvolvido em termos de pesquisas bibliográficas, que será estruturado em dois grande blocos temáticos, relativos às duas últimas partes do estudo do PHAI3C; salienta-se que os últimos três artigos da listagem interativa (de 18 artigos) aqui apresentada já integram a Parte 2 do estudo.  

Parte 2 do estudo (títulos provisórios):

§  Idosos, cidade e sociedade

§  Os idosos e a vizinhança residencial

§  Os idosos e os variados modos de habitar

§  Os idosos e a opção entre mudança ou permanência na habitação

§  Tipologias habitacionais adequadas a seniores

§  Intergeracionalidade residencial e usos mistos

§  Aspetos gerais de pormenorizção na habitação para idosos

§  Aspetos específicos na conceção residencial para idosos

Parte 3 e final do estudo (títulos provisórios):

§  Casos de referência ibéricos e sul-americanos correntes

§  Casos de referência ibéricos e sul-americanos intergeracionais

§  Casos de referência internacionais correntes

§  Casos de referência internacionais intergeracionais

§  Casos de referência internacionais específicos para demências

§  Casos de referência internacionais no quadro do envelhecimento doméstico

Como último comentário prático e editorial final a esta fase de desenvolvimento do estudo e lembrando que as referidas Partes 2 e 3 do mesmo se encontram já estabilizadas numa sua “forma/versão” provisória, “esquemática” e muito carregada de elementos de apoio bibliográficos, prevê-se que, tendo em conta o que se julga ter sido um extenso desenvolvimento da Parte 1 - sempre muito “de trabalho”, de enquadramento global, de estruturação da matéria e de estabilização e apresentação  de uma sua ampla base bibliográfica - as referidas Partes 2 e 3 serão, sequencialmente, mais “aligeiradas” em termos da respetiva extensão e correspondentes notas que constituem a designada “base bibliográfica” e, naturalmente, mais propositivas em termos de recomendações para a concretização de conjuntos residenciais intergeracionais, participados e integradores.

Nota introdutória à temática do Programa de Habitação Adaptável Intergeracional – Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C)

Considerando-se o atual quadro demográfico e habitacional muito crítico, no que se refere ao crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a viverem sozinhas e com frequentes necessidades de apoio, a atual diversificação dos modos de vida e dos desejos habitacionais, e a quase-ausência de oferta habitacional e urbana adequada a tais necessidades e desejos, foi ponderada o que se julga ser a oportunidade do estudo e da caracterização de um Programa de Habitação Adaptável Intergeracional (PHAI), adequado a tais necessidades e a uma proposta residencial naturalmente convivial, eficazmente gerida e participada e financeiramente sustentável, resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a Custos Controlados (3C).

O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções urbanas e residenciais vocacionadas para a convivência intergeracional, adaptáveis a diversos modos de vida, adequadas para pessoas com eventuais fragilidade físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma institucional e de idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana estimulante. O PHAI3C irá procurar identificar e caracterizar tipos de soluções adequadas e sensíveis a uma integração habitacional e intergeracional dos mais frágeis num quadro urbano claramente positivo e em soluções edificadas que possam dar resposta, também, a outras novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós), num quadro residencial marcado por uma gestão participada e eficaz, pela convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.

Trata-se de um estudo que, tal como se aponta nos títulos dos respetivos 18 artigos agora listados e disponíveis, se encontra, ainda, numa fase ou “versão de trabalho, muito ligada à busca e  numerosas referências e citações de uma ampla base bibliográfica” e, portanto, de artigos cujos conteúdos serão, ainda, substancialmente revistos até se atingir uma versão estabilizada da temática referida nos respetivos títulos; no entanto, em virtude da metodologia usada, que se considera bastante sólida, marcada pelo recurso a abundantes referências de fontes, devidamente apontadas e sistematicamente comentadas no sentido da respetiva aplicação ao PHAI3C, e tendo-se em conta a utilidade de se poder colocar à discussão os muitos aspetos registados no sentido da sua possível aplicação prática no PHAI3C, considerou-se ser interessante a divulgação desta temática/problemática nesta fase de “versão de trabalho”, que, no entanto, foi já razoavelmente clarificada – como exemplo do posterior tratamento para passagem a uma versão mais estável teremos, provavelmente, referências bibliográficas mais reduzidas e boa parte delas em português, assim como comentários mais desenvolvidos; mas mesmo este desenvolvimento irá sendo influenciado pelo(s) caminho(s) concreto(s) tomado(s) pelos diversos temas e artigos que integram, desde já, a estrutura pensada para o designado documento-base do PHAI3C, que surgirá, em boa parte, da ligação razoavelmente sequencial entre os diversos temas abordados em variados artigos.

Ainda um outro aspeto que se sublinha marcar, desde o início, o teor do referido documento-base do PHAI3C (a partir do qual serão gerados vários documentos específicos: mais de enquadramento e mais práticos) é o sentido teórico-prático que privilegia uma abordagem mais integrada e exemplificada da temática global da habitação intergeracional adaptável e cooperativa, apontando-se exemplos e ideias concretas logo desde as partes mais de enquadramento da abordagem da temática como as que se desenvolvem no presente conjunto de artigos.

Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional

O presente conjunto de artigos inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os numerosos autores neles amplamente citados.

Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de se proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e integrada.

Nesta perspetiva e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a extensão dos artigos agora listados reflete uma assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas delas longas e quase todas incluídas na língua original.

Julga-se que não se poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e complexa como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.

Caminhos do habitar quando formos idosos  – versão de trabalho e base bibliográfica # 845 Infohabitar 

Nota específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser referido” e/ou à sua respetiva autoria.

 

Specific note regarding citations: as highlighted above in the “Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of them long and almost all presented in their original language; in formal terms and taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule, for the respective indication of the documentary source, respective title and authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex: ( pg. 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific indication of the document that “is being referred to” and/or its respective authorship.

 

1. A necessidade e a oportunidade de uma nova oferta residencial muito diversificada para os idosos

A questão básica de como habitarmos quando formos idosos deve ser tratada, tal como outras, dessa maneira na “primeira pessoa” e nunca numa perspetiva de encontrarmos soluções “para os outros”.

E se esta forma de pensar é a verdadeira “prova dos nove” relativamente à qualidade de qualquer solução residencial que seja desenvolvida para pessoas com recursos reduzidos e podemos ainda dizer, com reduzida capacidade em termos de informação adequada no que se refere ao denso e complexo novelo do que é, realmente, a qualidade residencial, então, quando estamos a tratar de pessoas idosas e/ou especialmente sensíveis, uma tal postura deveria ser regra e bem exigente.

Infelizmente nem há uma tal perspetiva no que se refere à formatação da habitação de interesse social nem há uma tal noção de “primeira pessoa” e de cuidado amplo e exigente quando abordamos como habitar melhor na velhice e vai daí procuramos, frequentemente, atacar esta última questão funcionalizando-a através de equipamentos com alojamento, onde o habitar na velhice deixa de ser algo natural e mesmo meritório e “gostoso”, para ser reduzido, praticamente a um estatuto de doença e de deficiência; e isto quando, felizmente, há cada vez mais pessoas idosas a viverem com capacidade de uma grande autonomia e mesmo cada vez mais “grandes idosos”, com mais de 90 anos, a poderem viver com expressiva autonomia.

Numa altura em que, no presente estudo, estamos a transitar entre uma necessária e fundamental grande fase de enquadramento – vital pela complexidade da questão com que estamos a lidar: o envelhecimento e pelo reduzido conhecimento que o responsável por ste estudo tinha dela – e uma parte mais propositiva relativamente a soluções residenciais adequadas a esse envelhecimento, importa atentar aqui, especificamente, em quatro aspetos, que podem ser cruciais para a gradual formatação de ideias residenciais para os mais idosos, e não só (daí a intergeracionalidade).

O primeiro aspeto, que se julga fundamental, acabou de ser sinteticamente apontado e refere-se à questão de ter de se abordar a questão numa perspetiva clara de “primeira pessoa”: as soluções pensadas têm de ser soluções em que nos podemos rever em termos de uso/vivência e até verdadeiramente apetecíveis como alternativas às nossas habitações atuais; e tudo o que seja menos qualificado não interessa, em primeiríssimo lugar por evidentes razões éticas, mas também porque de outro modo não terá expressiva procura.

O segundo aspeto é a importância que tem o que deve ser a naturalidade do processo, de certa forma numa sequência de uma primeira fase de vida e habitar, marcada pela procura de uma habitação para uma vida autónoma e tendencialmente familiar, em termos de desenvolvimento da família, poderemos ter uma nova procura de  espaço de vida e habitar, marcado pela compatibilização entre as novas e futuras necessidades funcionais e de apoio diversificado e uma expressiva apropriação de um espaço residencial que, desde a vizinhança aos recantos privados seja verdadeiramente identificador e entusiasticamente agradável.

E importa comentar, desde já, que uma tal renovada opção residencial pode até passar pela reconversão pontual e eficaz da habitação familiar a novas exigências e a novos objetivos.

O terceiro aspeto, talvez mais prático, mas que importa salvaguardar, é o que podemos designar de manutenção ou até acréscimo das mais-valias ligadas à valorização da (“velha”) habitação familiar, quando se opta pela sua reconversão pontual/parcial ou quando os idosos avançam para uma mudança de habitação, sempre desejavelmente marcada por uma readequação do respetivo espaço e ambiente residencial privado (internacionalmente designada por downsizing ou, melhor, julga-se, por rightsizing; não havendo termos portugueses tão bem aplicáveis), mas, também, por uma readequação dos espaços, equipamentos e serviços disponíveis nos respetivos condomínio e vizinhança urbana de proximidade.

Finalmente, o quarto aspeto considerado crucial para a gradual formatação de adequadas ideias residenciais para os mais idosos, e não só (daí a intergeracionalidade), refere-se à essencial e muito desejável variedade, alternatividade e também naturalidade das soluções de habitar disponibilizadas, pois aqui, tal como em muitas áreas do comportamento humano e talvez com razão acrescida, de forma alguma a mesma “medida” serve a todos, seja por diversidade de necessidades funcionais e humanas, seja por diversidade de desejos habitacionais – alguns dos quais “finalmente” exercidos depois de uma vida de labuta – seja por sensíveis diversidades socioculturais, seja, afinal, por naturais diversidades em termos de recursos financeiros, sublinhando-se, desde já, que nesta matéria a iniciativa cooperativa ligada à FENACHE tem provado conseguir um nível qualitativo de respostas extremamente equilibrado em termos de custos, e adicionando, como importante suplemento de alma, o essencial fator convivial e participativo que marca este tipo de promoção.

2. O essencial e diversificado leque de ofertas residenciais para idosos

De forma global podemos considerar um leque de possibilidades que vai desde a manutenção dos idosos nas suas habitações, que naturalmente deverão ser estrategicamente convertidas para facilitar e tornar mais agradável a sua vida diária, e com ganhos de valorização da habitação pois ficando mais universalmente acessível e adequada, podendo, até, haver uma opção mais interventiva de partilha de habitaçõespor um pequeno grupo de idosos e não idosos, até à existência de condições de proximidade que proporcionem um conjunto de apoios domiciliários eficazes que associem a manutenção das pessoas nas suas habitações à disponibilização de quadros de apoio adequados e diversificados.

E em complemento a estas tipologias de soluções teremos, também, a opção de mudança para um novo espaço residencial, seja este mais do tipo quarto/estúdio ou mais do tipo pequena habitação T0/1 a eventualmente T1+ ou mesmo T2; sempre complementado por uma oferta de espaços, serviços e equipamentos comuns.

É interessante considerar que nesta rica e diversificada oferta de soluções para um melhor habitar dos seniores sentimos o despertar de uma nova família de oferta residencial, que hoje apenas existe de forma muito parcial e mesmo defeituosa e que será, também, muito adequada ao cada vez mais significativo grupo sociocultural de pessoas de muitas idades que vivem sozinhas e que desejam um máximo de apoios domiciliários e de vizinhança de modo a poderem viver intensamente a sua vida profissional e pessoal; sendo que tais novas agregações ou concentrações de pessoas que vivem sozinhas poderão, sem dúvida, combater a respetiva solidão, promover um salutar e natural convívio vicinal e até propiciar novos encontros e a criação de novas famílias.

Toda esta reflexão sobre os variados caminhos de uma adequada habitação para os mais idosos e não só, está evidentemente na base da ideia que gerou o PHAI3C, mas sem dúvida que à medida que avançamos neste estudo e, designadamente, após uma extensa fase de enquadramento, os aspetos a valorizar e as vantagens reais de soluções residenciais intergeracionais participadas e funcionalmente mistas, começam a ficar mais claras e evidenciadas, tal como se acabou de referir.

3. Notas breves sobre algumas experiências diversificadas para o habitar dos idosos

3.1. Permanecer na habitação familiar

A possibilidade de permanecer na nossa habitação familiar, que nos acompanhou, por vezes, ao longo de decénios, fonte de memórias positivas e cada vez mais vivas  e potencialmente forrada de inúmeros elementos carregados de significado e envolventes de estimulantes reuniões familiares, é, provavelmente, aquilo que muitos de nós mais deseja.

No entanto importa referir, desde já, que por vezes não se contam em decénios tais experiências, nem tais experiências são significativamente positivas, podendo até ser negativas, devido a muitas razões, nem essas memórias serão expressivamente agradáveis, nem terá havido capacidade, vontade e mesmo gosto para se “forrar” bem a habitação, por exemplo, com mobiliário estimulante e variados aspetos de arquitetura de interiores e até nem haverá um quadro familiar e de amigos que afaste a solidão e dê mais gosto à vida; e sendo assim provavelmente uma mudança será bem-vinda, naturalmente, se for para melhor: para um melhor sítio, mais central, para uma habitação mais adequada e atraente e para um positivo quadro convivial e de apoios funcionais diversos.

Será então este o quadro global, positivo ou negativo, que importa ter em conta quando sopesamos a possibilidade de continuarmos a habitar a nossa “velha” residência quando envelhecemos.

E neste sentido e entre muitas outras reflexões citamos algumas frases de síntese do estudo de Hervé Leservoisier, Régis Herbin e Pierre Lucot, intitulado Des expériences - de maintien à domicile au développement: [i] (negrito nosso)

Comment aider des hommes et des femmes vieillissants, habitant depuis des années dans leur logement et s’y trouvant bien, à y rester ?

Une approche spatiale et sociale.

Comment lier ce qui est contraint par les caractéristiques spatiales et ce qui résulte de l’accompagnement social et médical ? Pour les chercheurs, il est possible de définir un niveau de qualité d’usage commun pour la majorité des personnes vieillissantes et oeuvrer pour que les aménagements réalisés dans les logements soient, dorénavant, pensés à partir des usages. (pg. 54)

3.2. Partilhar a habitação ou habitar um espaço residencial partilhado

Uma outra forma de nos aproximarmos de uma adequada resolução de diversos problemas colocados pelo habitar dos idosos é considerar múltiplas hipóteses de solução, e tal como os próprios equipamentos residenciais para idosos, propostos nos países tradicionalmente mais atualizados e consistentemente inovadores nestas matérias (ex., EUA e Canadá, UK e outros países do Norte da Europa), têm vindo a “reduzir-se” em termos dimensionais e de ocupação e a humanizar-se ou “domesticar-se” no que se refere à sua caraterização arquitetónica global e pormenorizada, poderemos também terem conta que os próprios apartamentos com tipologias elevadas poderão converter-se em habitações partilhadas.

Esta é uma matéria à qual teremos de dedicar, sempre, um cuidado muito especial e muito exigente pois, tal como se entende, estamos aqui, perigosamente, na fronteira de “soluções” inumanas e ilegais e que bem conhecemos a partir de tristes e relativamente frequentes notícias na comunicação social; mas importa ter em conta uma tal possibilidade.

Provavelmente talvez que a “redução” humanizadora dos equipamentos residenciais para idosos e funcionalização e conversão estratégica de grandes habitações para residência partilhada de pessoas idosas e não idosas acabe por poder fundir-se numa única solução residencial partilhada, ainda que talvez que a segunda versão, referida verdadeiramente a uma partilha habitacional, possa talvez ter um caráter mais informal e marcado por uma vivência muito independente de diversas pessoas até em espaços privados razoavelmente diversificados (não limitados ao “simples” quarto com casa de banho privativa), um pouco numa perspetiva que lembre as antigas pensões residenciais onde viviam pessoas durante longos períodos.

Para nos podermos focar melhor neste tipo de solução citamos, em seguida, Sam Bright no seu artigo intitulado One solution to two big social problems, [ii]   onde este autor sintetiza exatamente a ideia da partilha da habitação, o designado homeshare, mas neste caso, uma partilha especificamente intergeracional, onde idosos e jovens coabitam, proporcionando-se habitação com qualidade a uma nova geração que não tem meios para a custear, enquanto se proporciona o combate ao isolamento e à solidão que tanto afetam os idosos: (negrito nosso)

For so-called millennials, like Mikyoung Ahn, a large home is a seemingly unattainable dream. She could not imagine living in a spacious detached house on the leafy outskirts of Paris, just half an hour from the Arc de Triomphe. She definitely couldn't imagine paying just 120 Euros (£100) a month to live there…

On one side are older people, who own properties that were purchased when house prices were comparatively cheap, but who may now need some help with daily activities like shopping and cleaning.

On the other side are young people, who cannot afford to rent a decent flat, but who may have some time to spare

Homeshare schemes are now active in 16 countries across the world. Since 1999, an organisation called Homeshare International has acted as a network for homeshare schemes.

"The benefits to the householder are they feel much safer at home because of having someone else in the house," says Elizabeth Mills, the organisation's director. "They're happier, incidents of accidents and falls go down, and the reassurance for the householder's family is absolutely enormous."

Salienta-se que, evidentemente, esta solução de partilha habitacional em regime de homeshare, não esgota, evidentemente, a variedade de aplicação da “partilha habitacional”, tal como se procurou referir acima, podendo constituir sim o “nível mínimo” da partilha habitacional, um pouco na natural continuidade da solução de permanência na própria habitação, mas agora com companhia e algum apoio; enquanto talvez que o “nível máximo” da referida partilha habitacional possa então ser referida a uma “figura” residencial próxima do que terão sido as antigas pensões residenciais.

E nesta perspetiva importa sublinhar, aqui, que a partilha residencial poderá ser um importante caminho para as pessoas que desejam viver numa grande habitação com variados espaços e equipamentos comuns e/ou em locais urbanos e paisagísticos com elevado interesse e que, individualmente, dificilmente teriam alguma vez capacidade para tal.

E salienta-se que, evidentemente, tais soluções têm muito a ver com as preconizadas no âmbito do PHAI3C, sendo talvez estas tendencialmente maiores e dirigidas a grupos de habitantes mais numerosos e com menores capacidades financeiras.

Mas fica a ideia forte de se conseguir, num grupo, atingir um excelente nível de qualidade residencial com cuidadosos aspetos de privacidade, de regrada comunidade/convivialidade e de apoios comuns e pessoais rentabilizados.

4. Viver com independência numa sociedade envelhecida

De certa forma mais do que estarmos a procurar modelos residenciais mais adequados para idosos deveríamos ou deveremos avançar em renovados modelos residenciais para jovens, adultos e idosos, talvez unidos na vontade de poderem viver em privacidade, mas numa comunidade com potencial de convívio e funcionalmente bem apoiada em termos de todo um conjunto de atividades domiciliares que são por eles desejavelmente descartáveis através de serviços e equipamentos comuns.

Poderemos ter, assim, “lado a lado”, a viverem no mesmo patim ou galeria de acesso comum, um idoso, um adulto e mesmo um jovem, todos preferindo dedicar os seus tempos livres às mais variadas atividades e passatempos e não às lides domésticas e outras necessárias à sua manutenção e apoio pessoal; e cabendo aqui, neste “apoio pessoal” uma natural diversificação de serviços que poderão ir, por exemplo, da simples e “universal” engomadoria, a serviços especializados de enfermagem e a apoios variados, privados ou comuns.

4.1. Sobre um uso universal habitacional

Evidentemente que uma tal estratégia exige que os espaços e as instalações sejam compatíveis e estimulantes para um seu uso “universal”, até porque um tal uso facilita a vivência de um outro diversificado grupo alargado de habitantes com necessidades e caraterísticas especiais, como as crianças e os condicionados na mobilidade e na perceção, para além de contribuir com o desafogo espacial para a maior apropriação e a maior adaptabilidade dos espaços habitacionais assim criados.

Outro importante aspeto nesta “generalização” de condições de habitabilidade é que desta forma não teremos ofertas habitacionais especificamente formatadas para idosos, evitando-se a respetiva estigmatização e reservando-se condições especialmente apoiadas e equipadas, apenas, para quando tais condições são necessárias.

É interessante ter em conta que esta forma de atuação vai ao encontro dos desejos do que se julga ser uma grande maioria de idosos, que não gostam de ser “arrumados” em espaços habitacionais específicos, tal como defende a Europe’s Information Society no seu Portal intitulado Independent Living for the Ageing Society: [iii] (negrito nosso)

However, marketing a product as ‘suitable for older users’ is generally counter-productive. Most elderly people do not like to be seen using ‘products for the old’.

The ‘Design-for-All’ concept is an important way of ensuring that products are suitable for use by older people. It shows that good design principles bring benefits for all users of ICT systems, but recognises that with serious levels of physical or mental impairment specially adapted devices will be needed.

O estudo aqui citado refere-se especificamente à importância das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs e ICT em inglês) na adequação a necessidades e gostos habitacionais especiais e específicos, defendendo a necessidade de um novo modelo de TICs mais amigo dos idosos e podemos dizer de todas as pessoas ainda infoexcluídas; no entanto o referido estudo da Europe’s Information Society generaliza e muito bem esta questão de se trabalhar especificamente para o habitat dos habitantes mais fragilizados ou, em alternativa, para um habitat verdadeiramente inclusivo e globalmente adequado, tal como em seguida é citado:

Clearly, we need a new model of innovation in ICT for Ageing, one which is needs-oriented and puts users at the centre of ICT systems. New solutions are needed across all aspects of older people's lives, whether in the private sphere, the public sphere or at work (see diagram).

It is no longer a question of helping the old and frail to cope with daily life. Rather it is about enhancing quality of life by enabling older people to take part in a full range of social, economic and cultural activities. This will involve seamless integration of assistive applications with mainstream (e.g. consumer electronics) products and technology-supported care services. (pg. 9)

Application areas for possible products and solutions to support independent living for the elderly are wide ranging and include: safetyrelated services, healthcare and medical devices,‘wellness services’, mobility and social care services, smart homes, smart textiles, robotics and consumer electronics. (pg. 10)

O estudo citado apresenta um interessante e útil conjunto de listagens onde se registam uma grande variedade de aplicações que tornam a vida diária mais fácil, confortável e segura, condições estas vitais para os habitantes mais fragilizados, onde numericamente se destacam os idosos, mas igualmente importantes para todos nós, habitantes, e designadamente para quem não queira ou não possa dedicar muito tempo às lides domésticas; e assim aqui temos mais um caminho natural para estruturas residenciais intergeracionais e funcionalmente apoiadas.

4.2. A autonomização dos idosos relacionada com os cuidados do SNS

Importa, agora, sublinhar que ao tornarmos a vida diária residencial e de vizinhança mais fácil, confortável e segura para todos os habitantes e especificamente para os mais fragilizados, onde numericamente se destacam os idosos, estamos a favorecer, diretamente, o seu bem-estar e a sua saúde pois este grupo populacional passa muito tempo nas suas vizinhanças e habitações.

Esta matéria é sublinhada no estudo da Housing and Health , intitulado Ideas for the NHS long-term plan from the Centre for Ageing Better [iv]  onde também se salienta o impacto de uma tal condição na melhoria da saúde e do bem-estar dos idosos e na sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde; uma consequência direta da defendida integração entre apoios sociais, de saúde e habitacionais, tal como é, em seguida, citado: (negrito nosso)

People in later life spend more time in their homes and immediate neighbourhood than any other age group. Good quality housing and age-friendly environments help people to stay warm, safe and healthy and enable them to do the things that are important to them.

Unsuitable housing not only impacts individual wellbeing, it is also estimated to cost the NHS £624 million for first year treatment costs, largely due to excess cold hazards and falls (Garret & Burris, 2015).

Ageing Better carried out an evidence review on the role of home adaptations in improving later life that found that making small changes to older people’s homes, such as installing handrails, ramps and level-access showers could play a significant role in relieving pressure on the NHS and social care and reduce costs by millions of pounds each year (Centre for Ageing Better, 2017). (pg. 6)

Avançando-se, um pouco mais, nessa urgente integração entre apoios sociais, de saúde e habitacionais e apoiando-nos no mesmo estudo, destaca-se a importância que terá o aprofundamento cuidadoso de uma análise de saúde e bem-estar quando passamos por “fronteiras” significativas nas nossas vidas, designadamente em fases mais avançadas de envelhecimento, análise essa que deverá contemplar a apreciação dos nossos “novos” desejos, necessidades e expectativas, dos possíveis caminhos para a respetiva satisfação e dos papéis assegurados pelos nossos espaços de habitação e de vizinhança nessa renovada equação.

Importa aqui salientar que a Direção Geral de Saúde realizou, em Portugal, importantes estudos sobre a relação entre o bem-estar e a saúde e as condições habitacionais, talvez ainda numa perspetiva muito ligada aos aspetos de segurança e conforto ambiental, que são evidentemente cruciais, mas que poderão vir a ser retomados e aprofundados de acordo com a ideia acima apontada.

No estudo que está a ser citado sublinha-se a importância que tem esse aprofundamento cuidadoso de uma análise de saúde e bem-estar quando passamos por “fronteiras” significativas nas nossas vidas, designadamente em fases mais avançadas de envelhecimento: (negrito nosso)

In a pilot evaluation of seven courses (Evaluation of transitions in later life pilot projects funded under the Calouste Gulbenkian Foundation’s [UK Branch] Transitions in Later Life programme) that aimed to build resilience and emotional wellbeing in people aged 50+, participants reported increased optimism, a new-found enthusiasm and a desire to make the most of their later lives. Clearly there is a place for such courses for people approaching later life and we have advocated that these should be incorporated into the mid-life MOT [ full-body scan medical exam] currently being developed by a number of organisations (Developing the mid-life MOT). (pg. 6)

Finalmente e usando ainda uma outra referência  ao estudo que está ser citado, sublinha-se a importância que tem algo tão simples como incentivar os idosos a pensarem sobre a sua saúde e bem-estar, numa perspetiva de dinamização de atividades e de socialização, registando-se a importância acrescida de uma tal medida quando os idosos têm menos meios, financeiros e culturais, de apoio a uma vida estimulante:

Ultimately though, it’s essential that we help people to think about their health and how to keep active and socially connected as they grow older so that their worst expectations about poor health and loneliness don’t become a reality. This is particularly important for people who are less well-off and at risk of missing out on a good later life. (pg. 6)

Notas bibliográficas

[i] Hervé Leservoisier ; Régis Herbin ; Pierre Lucot - Des expériences - de maintien à domicile au développement. Groupe Logement Français, CRIDEV, 2018.

[ii] Sam Bright - One solution to two big social problems . BBC News. Magazine By BBC World Hacks. Janeiro 2017 https://www.bbc.com/news/magazine-38399246

[iii] Europe’s Information Society: Thematic Portal - Independent Living for the Ageing Society, Ambient Assisted Living: www.aal169.org , http://cordis.europa.eu/ist/einclusion/  http://ec.europa.eu/information_society/

[iv] Housing and Health - Ideas for the NHS long-term plan from the Centre for Ageing Better .  Housing and Health, 2018 junho.


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Etiquetas/palavras chave: habitação, habitação intergeracional, habitação para idosos, intergeracionalidade, espaços residenciais, PHAI3C, Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados

Caminhos do habitar quando formos idosos – versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 845

Infohabitar, Ano XIX, n.º 845

Edição: quarta-feira, 18 de Janeiro de 2023

Infohabitar

Editor: António Baptista Coelho, Investigador Principal do LNEC

abc.infohabitar@gmail.com, abc@lnec.pt

A Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação atualmente com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) e anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC.

Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.

 

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