terça-feira, janeiro 14, 2020

Ainda uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar 715

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Infohabitar, Ano XVI, n.º 715

Ainda uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos  – Infohabitar 715

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)

Nota prévia:
A Série “Habitar e Viver Melhor”, assim como outras temáticas teórico-práticas nas áreas específicas da “arquitectura do habitar”, com destaque para os assuntos associados a uma habitação intergeracional bem integrada  - matérias, como sabemos, “centrais” na edição da Infohabitar - serão retomadas em breve, salientando-se que, por agora, a nossa revista continuará a dedicar alguns artigos à edição comentada de esquissos/desenhos, seja numa perspectiva da própria prática do desenho livre, seja considerando, especificamente, os aspectos de arquitectura e de habitar que estejam, eventualmente, associados a cada tema desenhado.
O editor da Infohabitar
António Baptista Coelho

Ainda uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos  – Infohabitar 715

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)

Introdução
O presente artigo procura assegurar a continuidade da reflexão sobre o que podemos considerar como os “velhos/novos espaços urbanos”, desenvolvida no artigo Infohabitar n.º 711.
Os comentários abordam essencialmente as matérias da Arquitetura do habitar, numa perspetiva de arquitetura urbana de vizinhanças e paisagens de proximidade; não se descurando, em alguns casos, alguns brevíssimos comentários relativos ao desenvolvimento dos respetivos desenhos.
Salienta-se, ainda, a título de nota justificativa, eventualmente desnecessária mas cuidadosa, que as ideias que são seguidamente apontadas correspondem a uma reflexão estritamente pessoal sobre a matéria.
Como referência prática de apoio à leitura, lembra-se que no referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, se procurou desenvolver, esquematicamente, a ideia de que, nos tempos de hoje, quando se pretende imprimir ao espaço urbano uma renovada marca pedonal e de meios “suaves” de deslocação, facilitados, designadamente, pelas novas tecnologias de informação e comunicação e pelo crescimento do uso dos veículos pouco poluentes, será talvez altura de podermos reavaliar e reintroduzir soluções de Arquitetura urbana, que integrem, e profundamente – portanto, no “pleno uso” dos respetivos e muito amplos leques de tipologias de espaços e aspetos de pormenor – morfologias de edifícios e de espaços públicos, sendo ambas, expressivamente, marcadas pela escala humana, e pela diversidade e mutação de agradáveis e atraentes sequências de imagens, verdadeiramente catalizadoras do movimento e da permanência.
No referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, realizou-se uma abordagem de Enquadramento da temática dos velhos/novos espaços urbanos, seguindo-se o apontamento de  alguns desenvolvimentos recentes e de referência, que apoiam estas ideias, desenvolvendo-se, em seguida a matéria do que se considera poder ser uma estratégica variabilidade urbana, que se julga poder ser até facilitada pelas novas ferramentas de projeto.
Alguns desenhos comentados
Em seguida e tendo-se por base a apresentação de alguns desenhos à mão livre ( quatro deles coloridos), comentam-se as matérias da Arquitetura do habitar, associáveis às temáticas que acabaram de ser referidas, mas não se descurando alguns brevíssimos comentários relativos ao desenvolvimento dos respetivos desenhos.


Fig. 01: a partir de uma imagem de Veneza desenvolveu-se um esboço que salienta a expressiva presença da escala humana; uma escala física em que comparamos, naturalmente, a altura das pessoas apontadas com a altura dos vãos dos edifícios, bem marcados a negro, e uma escala humanizada que é também funcional, pois percebe-se bem que os complexos relativamente compactos de edifícios que marginam os canais são usados essencialmente por pessoas a pé, num ambiente de barcos, edifícios e pessoas. O desenho aguarelado foi finalizado a traços negros, que o tornam mais "vibrante".


Fig. 02: a partir do interessante tema das imagens urbanas e paisagísticas de Rocamadour, aldeia/vila rochosa em que edifícios se colam a muito íngremes penhascos, desenvolve-se um exercício de "colagem" entre o que é feito pelo homem e o que a natureza esculpiu ao longo do tempo, numa natureza habitada e marcada pelo urbano e em que a própria natureza tende a marcar volumérica e até cromaticamente esse urbano. Usaram-se, com liberdade, lápis de cor aguareláveis, procurando-se misturas de cor iniciadas pelos azuis das sombras e muito ligadas aos bem variados ocres da terra e da rocha. 


Fig. 03: a temática urbana modernista, frequentemente mal desenvolvida, mas aqui ligada ao excelente e modelar bairro de Olivais Norte em Lisboa, faz realçar o esquematismo das árvores invernais com a racionalidade do edificado e do seu contraste com amplas zonas "verdes" (alguns edifícios e árvores muito "verticais" e espaços "livres" e outros edifícios em contraponto horizontal). Em termos de esboço iniciou-se e lançou-se este apontamento a lápis negro (8B e aguarelável, com mina grossa, que aguenta bem um essencial esboço rápido e forte), com uma expressão livre e procurando não levantar a ponta do lápis do papel, e seguindo-se um cromatismo pouco intenso, que utiliza o contraste das partes da folha deixadas a branco e que faz salientar os traçados livres do lápis estrategicamente deixados tal e qual como foram esboçados. 


Fig. 04: um "pormenor" urbano do Porto, que salienta a estimulante organicidade de diversos planos (atrás uns dos outros) de bandas de edifícios, globalmente idênticos, mas diversificados, um pouco nos seus remates volumétricos e muito na sua fenestração; de certa forma o que parece ser um dos segredos do bom urbanismo: similitude global, mas "naturalmente" vibrada/diversificada em termos de partes de volumes e de pormenores  com impacto urbano. No que se refere ao desenho procurou-se apontar um forte contraste em zonas mais escuras (bem negras) e "totalmente" brancas (céu e algumas paredes) e desenvolveu-se o que podemos considerar como um "mostruário" de tipos de esboço de vãos exteriores, procurando-se, até, fixar algumas destas "formas" para uso posterior.


Fig. 05: em termos de apontamento temos, novamente, uma imagem bem esquemática e razoavelmente depurada de um enquadramento do excelente e modernista Olivais Norte, em Lisboa, com edifícios e árvores igualitariamente apontados em tons de azul (que chegam quase ao negro nas zonas mais sombreadas); e a árvore mais em primeiro plano ajuda a um estimulante sentido de spaço e de profundidade.


Fig. 06: uma imagem do Palácio da Vila em Sintra, apenas com reduzidos apontamentos da sua envolvente urbana, até porque o próprio palácio assume uma imagem de estimulante agregado de elementos edificados, volumétrica e pormenorizadamente diversificados, mas assumindo uma interessante e curiosa unidade. Em termos de esboço temos novamente um excelente lápis 8B aguarelável e forte (lápis grossos com mina grossa) numa primeira fase do desenho, seguindo-se a caneta de feltro por cima da grafite e procurando-se, até, misturas interessantemente inesperadas e "livres" entre materiais e que acabam também por proporcionar uma certa fixação da grafite.


Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.


Infohabitar, Ano XVI, n.º 715

Ainda uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos  – Infohabitar 715



Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) –, em Lisboa



Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).

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