Ligação direta a documento pdf com links para 888 artigos e 39 temas do Infohabitar :
https://drive.google.com/file/d/1zUJ1nEuWwaaA6KEXQ9XXdWMwFE3C8cJY/view?usp=sharing
Uma opinião sobre como fazer “habitação
para o maior número" – Infohabitar # 901
Infohabitar, Ano XX, n.º 901
Edição: quarta-feira, 15 de maio de 2024
Nota: o cartaz do 5.º CIHEL será em
breve atualizado com o conjunto das entidades que apoiam o Congresso.
Atualidades: Notícias
do 5.º CIHEL
Como é já sabido foi concluída a fase de
recepção de resumos com propostas de artigos a submeter ao 5.º CIHEL; e os
respetivos autores já receberam a respetiva apreciação por parte da Comissão
Científica (CC) do congresso.
Chama-se a atenção dos autores e
potenciais inscritos para a recente e sensível redução dos custos de inscrição
no 5.º CIHEL, possibilitada por apoios obtidos para o
congresso e que está já divulgada no site do congresso.
Globalmente podemos apontar o elevado
número, a qualidade e o interesse das propostas de comunicações enviadas, ainda
sob forma de resumos, e que antecipam um excelente 5CIHEL, ao nível das
anteriores quatro edições.
Aproveita-se, desde já, para salientar aos
autores que na fase, agora iniciada, de elaboração das comunicações deverão ser
cumpridas com rigor as indicações relativas ao respetivo template – disponível
no site do 5CIHEL – sendo que o próprio resumo deverá ser adequadamente revisto
tendo-se em conta o cumprimento rigoroso do respetivo template em termos
formais/de apresentação, de legibilidade da temática abordada e de
representatividade do texto do resumo relativamente à respetiva comunicação, tendo-se em conta que ele integrará a prevista edição em papel das atas –
prevendo-se que os respetivos textos completos serão disponibilizados em outro
suporte, a considerar (ex., drive ou na WWW); será, portanto o resumo revisto e
complementado na fase de entrega da comunicação que irá sintetizar e
representar o trabalho de cada autor e portanto deverá ser adequadamente
elaborado.
A Comissão Científica do 5CIHEL
Fernando Pinho
António Baptista Coelho
Editorial
Caros leitores da Infohabitar,
Com o presente artigo continuámos uma pequena secção
de “atualidades”, que nos irá acompanhar semanalmente e que, com frequência,
divulgará matérias ligadas ao desenvolvimento do 5.º Congresso Internacional da
Habitação no Espaço Lusófono – 5.º CIHEL – que decorrerá em Lisboa entre 2 e 4
de outubro de 2024; e que também irá focar aspetos ligados à atual reativação
das atividades da GHabitar-APPQH.
Salienta-se que a Infohabitar está a abordar um
conjunto de reflexões sobre a problemática habitacional e designadamente da
habitação de interesse social, numa altura em que esta temática está bem viva
até na comunicação social e foi há poucos dias objeto de um plano específico do
Governo que visa desenvolver um elevado número de fogos num reduzido número de
anos.
Recorda-se que serão sempre muito bem-vindas eventuais
ideias comentadas sobre os artigos aqui editados e propostas de novos artigos
(a enviar, ao meu cuidado, para abc.infohabitar@gmail.com).
Finalmente refere-se que iremos, em breve, voltar, aqui na nossa revista, à abordagem do estudo da habitação intergeracional participada e numa fase que se julga muito interessante e de divulgação de bases editoriais e de referência de soluções e casos habitacionais intergeracionais.
Com as melhores saudações a todos os caros
leitores,
Olivais Norte, Encarnação, Lisboa, em 15 de maio de
2024
António Baptista Coelho, Editor da Infohabitar
Uma opinião sobre como fazer “habitação
para o maior número" – Infohabitar # 901
António Baptista Coelho
António
Baptista Coelho (texto e imagens)
Neste artigo de opinião, que
resulta, em parte, da recente apresentação do Governo no que se refere às
medidas programadas, e ainda não pormenorizadas, embora já devidamente
calendarizadas, no âmbito do novo programa “Construir Portugal: Nova Estratégia
para a Habitação”, iremos optar por uma abordagem distinta da aqui habitual
perspetiva qualitativa e baseada na experiência habitacional havida em
Portugal, designadamente, no âmbito da Habitação de Interesse Social (HIS),
avançando numa perspetiva que em francês poderíamos designar de “à rebours”,
e que podemos aportuguesar como de “contagem decrescente”, considerando-se a
globalidade dos fogos previstos no referido programa, e refletindo um pouco
sobre esta questão de se pretender fazer muito em pouco tempo e de como tal
pode ser possível.
Se o desafio se coloca, como parece
ser, em fazer 26.000 fogos do PRR +
quase 28000 (27927) outros – confirmando-se as notícias que vieram a público na
sexta-feira passada (Jornal Público, “Construção é aposta do Governo para
resolver crise da habitação”, por Rafaela Burd Relvas), estes últimos com
calendário (mais alargado) “a seis ou sete anos e com envolvimento do próprio
IHRU”: então estando nós em meados de 2024, “números redondos” (aspas minhas),
cerca de 2030, portanto, por altura do Campeonato do Mundo do Desporto Rei,
teríamos cerca de mais de 50.000 fogos de HIS ou “semelhantes” (considerando
apoios específicos do Estado), considerando-se que todos os fogos a construir
no âmbito dos apoios oficiais integrados neste novo programa intitulado “Construir
Portugal: Nova Estratégia para a Habitação”, divulgado a 10 de maio último,
terão, como será provável, aspetos ligados a HIS, embora, deseja-se, englobando
apoios integrados e diversificados, nos mesmos sítios urbanos, a diversos
grupos socioculturais, etários e financeiramente caraterizados.
Sintetizando: propomo-nos, portanto,
julgo, fazer cerca de 50.000 fogos com apoios públicos em um pouco mais de
cinco anos, o que dará cerca de 10.000 fogos/ano.
Um número que julgo dificilmente
foi atingido, ou talvez nunca o tenha sido, isto por ser muito difícil a
contagem dos fogos feitos por ano, mesmo em tempos do ainda relativamente
recente Programa Especial de Realojamento (PER), julgamos que os números de
execução atingidos foram de cerca de 2500 a 3000 fogos por ano – entre 1993 e
2003/2008 – com prováveis “picos” de cerca de 5000 fogos; e sendo que
simultaneamente a esta PER as cooperativas da FENACHE, os CDH com empresas
privadas e outros programas municipais realizaram , provavelmente, uma
quantidade idêntica de fogos: sendo o cômputo final que aqui estimo e que pode vir
a ser corrigido, sublinho, será de cerca de 6000 fogos/ano com picos muito excecionais
talvez máximos de 10000 fogos/ano nesse período temporal - números estes
estimados a partir de um número total de cerca de 35000 fogos do PER realizados
em cerca de 15 anos entre 1993 e 2008.
Mas lembremos que anteriormente,
por esses anos do INH e da FENACHE, a construção de HIS regia-se de forma
“simplificada”, no bom sentido do termo, essencialmente, pelas então excelentes
Recomendações Técnicas para Habitação Social (RTHS), que, de certa forma e
ainda bem, resumiam os aspetos que tinham de ser cumpridos, naturalmente para
além do velho RGEU, e ainda assim os projetistas referiam terem de se habituar
a projetar “com a máquina de calcular na mão”, isto essencialmente por causa
das áreas e dos índices de áreas, que procuravam “rentabilizar” ao máximo a
área “habitável” dos fogos.
Mas hoje em dia há um enorme leque
de regulamentos a cumprir, e de índole muito diversa, para além de umas “novas”
RTHS, que foram realizadas de forma distinta das originais, tendo sido estas
feitas multidisciplinar e multi-institucionalmente, com base numa longa
experiência teórica e prática anterior e após uma ampla discussão com o meio
técnico.
E tal como julgo ter referido o
Eng. Fernando Santo, recentemente, num encontro sobre habitação realizado na
Ordem dos Arquitectos em Lisboa, na tarde de 24 de abril de 2024, para marcar
os 50 Anos do 25 de Abril, hoje em dia há muito menos empresas com elevada
capacidade para construir habitação e designadamente HIS, que é sem dúvida
mais complexa, pois trata-se de fazer bem com menos dinheiro, pois muitas
dessas empresas não suportaram a crise iniciada cerca de 2008; e eu
acrescentei, no mesmo encontro na OA, que também, hoje em dia, há muito menos
cooperativas habitacionais da FENACHE, porque também, e por razão acrescida,
sendo “cooperativas de habitação económica”, elas não suportaram a mesma crise
de 2008.
Temos, assim, um quadro de muito
maior complexidade legal para fazer “habitação de interesse social” e condições
operacionais para a sua execução que parecem ser bastante mais difíceis.
Em termos positivos temos, no
entanto, um corpo técnico nacional de arquitectos, engenheiros e outros quadros
muito mais amplo do que então tínhamos, no pós 25 de Abril, e, temos, hoje em
dia, municípios tecnicamente muito melhor equipados em termos humanos e
técnicos e bem preparados na preparação de operações residenciais; mas no
entanto há aqui que sublinhar que se julga que a experiência havida na mais
recente grande tranche de promoção de HIS Portuguesa – realizada entre 1984 e
os anos da crise de 2008, e cumprindo o mesmo corpo recomendativo das RTHS – não
foi devidamente interiorizada a nível nacional e não foi, ainda, devidamente,
“recuperada” no sentido de se poderem replicar e reinterpretar os mais variados
aspetos das melhores práticas habitacionais, arquitectónicas e urbanas e
anular, de vez, as respetivas piores práticas; uma situação que faz temer pela
proximidade de um numero tão elevado de novos fogos previstos, no que se refere
à sua essencial qualidade arquitectónica e vivencial.
Fig. 01: Na nova promoção de HIS importará tirar partido das potencialidades de construção e gestão posterior dos diversos tipos de promotores, destacando-se as cooperativas de habitação económica como excelentes aliados no sentido de serem capazes de desenvolver grandes conjuntos residenciais em que a gestão posterior fica devidamente assegurada, o que evidentemente constitui uma vantagem para o poder público, que assim não tem de assegurar a gestão destes grandes conjuntos – como é o caso dos cerca de 400 fogos da UGTIMO – Cooperativa de Habitação, na Amadora, Alfragide, Plano Integrado do Zambujal, 1997 (e anos anteriores), projecto do Arq.º José Alves Bicho. E note-se aqui que esta intervenção acontece numa zona socialmente sensível, e correspondendo a uma exemplar ação no sentido de se favorecer a diversidade e a integração social; e que os edifícios escolhidos, em altura, não apresentam problemas de manutenção pois a referda gestão está assegurada em termos dos espaços e ascensores comuns.
Sintetizando: temos de fazer
habitação “económica” em grande quantidade e com qualidade maximizada, não se
aceitando a repetição de erros passados e bem identificados – muitos
deles sumariamente apontados nos últimos artigos da Infohabitar e na série
editorial referida na bibliografia que se junta.
Mas para tal será, muito provavelmente,
vital, tal como já aqui se apontou num último artigo e foi especificamente
referido pelo Eng.º Fernando Santo, no encontro acima apontado, que se consiga
reduzir muito o custo por metro quadrado da construção habitacional – de cerca
de 1500 para 1000 euros – e isto evidentemente sem se arriscarem aspetos vitais
da sua qualidade arquitectónica, vivencial, construtiva e ambiental; mas
haverá, provavelmente, que racionalizar e muito os processos de projeto e de
obra, aproximar muito provavelmente tais processos dos processos mais conhecidos
e experienciados pelas empresas específicas que irão construir conjuntos
residenciais específicos e, muito provavelmente, haverá que rever ou até
“excepcionalizar” o quadro regulamentar aplicável; mas fazendo-o de uma
forma tão eficaz como adequada, aplicando conhecimentos bem sedimentados,
opiniões teórico-práticas garantidas e perspetivas técnicas verdadeiramente
conhecedoras dos atuais problemas e potencialidades do meio técnico do
projecto, da construção e da gestão residencial.
Estas matérias construtivas, que
não domino, embora a elas seja muito sensível – pois 40 anos de LNEC assim o
ditam e antes disso e no âmbito do processo de reabertura do curso de
Arquitectura das Belas Artes no pós 25 de Abril, visitei os estaleiros/fábrica
de painéis prefabricados habitacionais da ICESA – merecem uma atenção muito
especial, designadamente, no que se refere aos aspetos que possam agilizar a
construção habitacional, enquanto até concorram para uma sua elevada e
certificada qualidade final; aspetos estes que têm diversas facetas específicas
que convirá aprofundar – ex., novas formas de projetar muito ligadas à
realidade da construção (ex., BIM), relação forte entre projecto e pormenorização
da obra tendo em conta a “tradição” construtiva de cada empresa, gestão da obra,
novas tecnologias construtivas facilmente agregáveis a um processo de
construção corrente, atuais processos de prefabricação, relação entre
construção e manutenção posterior, relação entre aspetos específicos d
construção e do equipamento residencial e caraterísticas especiais da respetiva
durabilidade mesmo face a usos muito intensos, construção e ambiente, etc.
Um outro aspeto muito importante
pois tem elevados reflexos nos custos de construção e, posteriormente, nos
custos de manutenção correntes, é a instalação de ascensores; condição que
sabemos ser de elevada sensibilidade pois liga-se a essenciais exigências de
acessibilidade por parte de pessoas com mobilidade reduzida, mas que deverá ser
frontalmente encarada, designadamente, no que se refere à sua relação com o
eventual privilegiar de edifícios mais baixos, que regulamentarmente não exijam
a instalação de ascensores, e que sejam realizados de modo a proporcionarem
excelentes condições de acessibilidade e privacidade aos fogos térreos, que
poderão ser até programados facilitando o seu uso por pessoas com mobilidade
reduzida, enquanto as escadas comuns são pormenorizada e ergonomicamente
realizadas no sentido de facilitarem o seu uso e maximizarem a sua segurança no
uso normal e por crianças e idosos. Desta forma não só se evitarão despesas
brutais relativamente a ascensores sempre avariados, como e principalmente se
evitará que muitos idosos e doentes estejam verdadeiramente “reclusos” nos seus
apartamentos “servidos” por ascensores que estão quase sempre avariados. Naturalmente
quando os ascensores sejam incontornáveis então será de os escolher tendo em
conta, objetivamente, os usos previstos ou “difíceis de prever”, seja em
aspetos de durabilidade seja em matérias de segurança no uso normal e até de visibilidade
de segurança.
Fig. 02: em 1999, na Rua do Chouso, em Santa Cruz, num conjunto residencial de realojamento da Câmara Municipal de Matosinhos, projectado pelo Arq. Luís Miranda, concretizou-se uma solução que integra escala humana e urbana, muito bem relacionada com a malha urbana envolvente e o que se considera ser uma excelente adequação na tipologia de edifícios baixos escolhidos, portanto estrategicamente sem ascensores e as suas despesas de manutenção, cheios de luz natural nas escadas comuns - aliás proporcionando uma boa distância entre portas de fogos no mesmo patim -, e, depois, interiormente, uma solução de fogo extremamente apropriável em termos de usos domésticos e familiares, marcada por excelentes pormenores funcionais (ex. interessante zona de refeições e grande despensa permitindo boa arrumação) e de apropriação (ex., peitoris largos proporcionando a colocação de vasos com plantas).
Dando continuidade a uma reflexão
centrada na possibilidade e atual necessidade de se fazer habitação em
quantidade e com qualidade, há que fazê-la numa perspetiva de máxima integração
social dos novos residentes, de uma máxima relação positiva com os locais de
integração dos novos conjuntos residenciais, e de uma máxima sensibilidade para
com as novas necessidades e exigências habitacionais onde se destacam os
aspetos associados à atual revolução etária que exige cidades, vizinhanças e
habitações mais amigas dos idosos mas sempre intergeracionais.
E temos esperança firme de que conseguiremos
ultrapassar este desafio, de forma positiva, mas para isso temos de nos
organizar.
Afinal fizemos o grande Alvalade
lisboeta com mais de 10.000 fogos socialmente diversificados e bem integrados
em cerca de 10 anos, já nos anos 40 do século passado, e o também excelente
Olivais Norte, igualmente diversificado e integrado em termos sociais com os
seus cerca de 2.500 fogos em cerca de 5 anos, na década de 60; e, mais
recentemente, fizemos os cerca de 5000 fogos da “Expourbe”, depois da Expo
1998” , em cerca de 4 anos e fizemos os 35000 fogos do PER em cerca de 15 anos.
E durante o quarto de século da
“Escola do INH e do seu Prémio”, a partir de 1984, fizemos uma série de
excelentes bairros cooperativos com quase mil fogos em cada um deles, e estão
aí para serem vividos e visitados, como o bem recente Vale Formoso de Cima em
Lisboa, mas também municípios desenvolveram excelentes pequenos bairros cheios
de qualidade de desenho e de humanidade como aconteceu, por exemplo, em
Matosinhos, na Maia, no Porto, na Figueira da Foz, em Oeiras e em Lisboa;
embora também tenham existido alguns exemplos negativos.
Mas citaram-se estes números para
podermos ter bem presente a dimensão muito grande do desafio de se fazerem
cerca de 50.000 fogos em poucos anos; são, por exemplo, “10 Expourbes” ou “5
Alvalades”: sendo, portanto, necessária uma excelente organização e uma sábia
partição de responsabilidades na promoção das diversas operações, bem
enquadradas em termos qualitativos e de custos, mas, julga-se, bem
autonomizadas e localmente caraterizadas, afastando-se de uma vez o que se
julga ser o muito negativo “fantasma” da centralização de uma promoção
“estatizada”, e quase sempre negativamente uniformizada e até estigmatizada,
com base nos famigerados “projetos-tipo”.
Nesta perspetiva sublinha-se a
importância que poderá ter para uma boa execução do novo plano de construção de
HIS a sua desejável ou tendencial concentração em operações bem localizadas em
termos urbanos, bem controláveis em termos de gestão de cada uma delas e
estrategicamente autónomas no que se refere a essa gestão e no sentido de não
confluírem “centralizadamente”, no que se refere ao seu desenvolvimento, num
dado organismo “estatal”; e uma autonomia que desejavelmente deveria marcar
todo o seu processo, desde a sua preparação à sua gestão diária na
pós-ocupação.
E esta “concentração” estratégica
de zonas privilegiadas de intervenção pode e deve servir-se de ações de
redensificação, regeneração e consolidação urbanas, seja em operações de maior
dimensão em bairros existentes – como o enorme bairro de Chelas, em Lisboa, que
há alguns atrás tinha uma densidade populacional “bruta” que era praticamente
metade da de Alvalade – seja em múltiplas pequenas ações de reconstituição e
consolidação das continuidades urbanas – pequenas ações estas que serão
excelentes para uma cuidadosa mas afirmada experimentação de novas formas de
habitar e de soluções desenvolvidas por novos projectistas.
O que aqui se pretende salientar é
que mesmo com a essencial urgência na execução do novo Programa habitacional a
custos controlados haverá (deverá haver) sempre tempo, ainda que bem
concentrado e delimitado, para uma espécie de “revisão acelerada da matéria
dada”; conseguindo-se deste modo anular problemas logo na fase de projecto, até
pela simples mas ampla divulgação de casos de referência; e estes casos existem
e estão devidamente identificados.
Mais um aspecto que se julga ser de
grande importância na nova promoção de HIS e que, também, já foi ensaiado nesta
promoção em Portugal e há pouco tempo – designadamente com a aplicação do
designado Estatuto Fiscal Cooperativo em habitações espacialmente um pouco mais
folgadas do que as apenas enquadradas pelas RTHS – e refere-se à existência de
um relativo escalonamento de apoios estatais de modo a que possa ser
conquistados para a HIS variados grupos socioculturais, que depois habitarão em
zonas contíguas, quando não nos mesmos edifícios, considerando-se a emergência
de novas tipologias funcional e habitacionalmente mistas; julga-se ser este um
caminho essencial quer para uma aplicação prática e real da essencial
integração social (e funcional) em termos de uma cidade bem habitada e de
interesse social, sendo igualmente uma forma de se rentabilizarem os recursos
públicos no sentido em que, naturalmente, certos grupos socioeconómicos
precisam de menos apoios e outros de mais apoios.
Em próximos artigos iremos tentar elencar
de forma mais estruturada e simplificada as facetas qualitativas e promocionais
que julgamos ser de propor no sentido da maior eficácia qualitativa e quantitativa
da grande tranche de habitação de interesse social agora prevista,
aproveitando-se, sequencialmente, para tentar aprofundar e exemplificar um
pouco mais essas facetas.
Naturalmente que esta
reflexão/opinião é pessoal, embora decorra em grande parte das reflexões
havidas no âmbito do GHabitar, e decorre em boa parte dos aspetos e ideias
abordados em artigos anteriores, aqui editados e que se juntam na bibliografia
apontada abaixo.
Breve nota final: o uso no título
da frase do saudoso Nuno Teotónio Pereira – “habitação para o maior número” –
foi uma ideia que surgiu naturalmente, quando concluí este texto e tive de lhe
dar título, sendo que se julga que esta frase sintetiza muito das preocupações
de se fazer uma “habitação de interesse social” válida para qualquer um de nós,
sem quaisquer tipos de estigmas, mas realizada de forma económica de modo a
poder ser feita “para o maior número”; mas é claro que as opiniões expressas neste
artigo, assim como eventuais lapsos ou incorreções ,são da minha inteira
responsabilidade.
Bibliografia genérica e/ou mais recente (Nota: os artigos infohabitar têm links diretos para os respetivos textos/imagens):
António
Baptista Coelho – INH, Instituto Nacional de Habitação 1984-2004 20 Anos a
Promover a Construção de Habitação Social. INH, Lisboa, 456 pp. Ilustrado,
ed. Bólingue, 2006 (edição institucional não disponível em livraria)
António
Baptista Coelho, Pedro Baptista Coelho – Habitação de Interesse Social em
Portugal 1988-2005 – Prefácios de Nuno Teotónio Pereira e Raúl Hestnes
Ferreira. Livros Horizonte, Lisboa, 327 pp. ilustrado, 2009.
Contributos
para a Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa – Infohabitar # 904. António
Baptista Coelho – Infohabitar, Ano XIX, n.º 904 – Lisboa,
quarta-feira, junho, 12, 2024. (14 p.)
Sugestão
de aspetos operacionais para a urgente promoção, em Portugal, de habitação de
interesse social com qualidade e custo controlados – Infohabitar # 903. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XIX, n.º 903 – Lisboa, quarta-feira, maio,
29, 2024. (15 p.)
Sobre
o Grupo Habitar, hoje GHabitar APPQH (GH) e a sua renovação I – Infohabitar #
902. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XIX, n.º 902 – Lisboa, quarta-feira, maio,
22, 2024. (11 p.)
Uma opinião sobre
como fazer “habitação para o maior número" – Infohabitar # 901. António
Baptista Coelho – Infohabitar, Ano XIX, n.º 901 – Lisboa,
quarta-feira, maio, 15, 2024. (8 p., 2 fig.)
Habitação
e Cidade de Interesse Social em Portugal; mais algumas opiniões – Infohabitar #
900. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XIX, n.º 900 – Lisboa, quarta-feira, maio,
8, 2024. (9 p., 4 fig.)
Sobre
a Habitação de Interesse Social Portuguesa já feita e a que falta fazer, e a
propósito dos 50 Anos do 25 de Abril – Infohabitar # 899. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XIX, n.º 899 – Lisboa, quarta-feira, abril,
24, 2024. (11 p., 8 fig.)
AAVV – Catálogo
interativo Infohabitar em Janeiro de 2024 - https://drive.google.com/file/d/1zUJ1nEuWwaaA6KEXQ9XXdWMwFE3C8cJY/view
Comentários
sobre a recente promoção de habitação de interesse social cooperativa em
Portugal – infohabitar # 800. António
Baptista Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 800 – Lisboa,
quarta-feira, dezembro, 01, 2021. (5 p., 1 fig.)
Por
uma nova “Habitação (de Interesse) Social” com boa Arquitectura – Infohabitar #
785. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 785 – Lisboa, terça-feira, julho,
27, 2021. (11 p., 6 fig.)
Das Vizinhanças à Habitação de Interesse Social
em três artigos ilustrados – infohabitar # 776. António
Baptista Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 785 – Lisboa,
terça-feira, maio, 11, 2021. (4 p., 6 fig.)
A
propósito dos fogos de Habitação de Interesse Social – infohabitar # 775. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 775 – Lisboa, terça-feira, maio,
04, 2021. (17 p., 21 fig.)
A
propósito dos edifícios de Habitação de Interesse Social – infohabitar # 774. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 774 – Lisboa, terça-feira, abril,
27, 2021. (15 p., 16 fig.)
A
propósito das vizinhanças de Habitação de Interesse Social – infohabitar # 773. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 7738 – Lisboa, terça-feira,
abril, 20, 2021. (12 p., 12 fig.)
Habitação
de Interesse Social Portuguesa: passado e futuro (série editorial de oito
artigos) – infohabitar # 772. António
Baptista Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 772 – Lisboa,
terça-feira, abril, 06, 2021. (9 p., 4 fig.)
Nova
Habitação de Interesse Social Portuguesa: aspetos a salientar –
infohabitar # 771. António Baptista Coelho – Infohabitar,
Ano XVII, n.º 771 – Lisboa, terça-feira, março, 30, 2021. (30 p., 25 fig.)
Nova
Habitação de Interesse Social Portuguesa: do bairro à habitação – infohabitar #
770. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 770 – Lisboa, terça-feira, março,
23, 2021. (31 p., 24 fig.)
Contribuição
para a melhoria da nova Habitação de Interesse Social Portuguesa - infohabitar
# 769. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 769 – Lisboa, terça-feira, março,
16, 2021. (31 p., 18 fig.)
Pequena
revisão crítica da última Habitação de Interesse Social Portuguesa; do pequeno
bairro ao fogo - infohabitar # 768. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 768 – Lisboa, terça-feira, março,
09, 2021. (20 p., 8 fig.)
Caracterização
geral da promoção de Habitação a Custos Controlados (HCC) apoiada pelo
INH/IHRU – infohabitar # 767. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 767 – Lisboa, terça-feira, março,
02, 2021. (15 p., 8 fig.)
A propósito
dos “anos dourados” das cooperativas de habitação
económica, entre 1974 e 1984, ainda antes da criação do INH
(série editorial: artigo 3/8) – infohabitar # 765. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 765 – Lisboa, terça-feira,
fevereiro, 16, 2021. (20 p., 15 fig.)
Pequena
viagem pelos cerca de 70 anos de Habitação de Interesse Social Portuguesa
(HISP) antes do INH/IHRU (série editorial: artigo 2/8) – infohabitar #
764. António Baptista Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 764
– Lisboa, terça-feira, fevereiro, 09, 2021. (24 p., 14 fig.)
Desenvolver
a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na nova habitação de
interesse social portuguesa (série editorial: artigo 1/8) – infohabitar # 763. António Baptista
Coelho – Infohabitar, Ano XVII, n.º 763 – Lisboa, terça-feira,
fevereiro, 02, 2021. (11 p., 3 fig.)
COELHO, António Baptista – Infohabitar, Ano XIV, n.º
656, segunda -feira, setembro 17, 2018,O
HABITAR DE INTERESSE SOCIAL E O HABITAR COOPERATIVO Conjunto de 13 artigos (3
pp.).
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na
Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se
tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico
e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o
pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e
comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos
de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos,
gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos
autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias
autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e
adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a
ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários
"automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos
conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição
da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos
editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à
verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da
revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de
eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
Ligação direta a documento pdf com links para 888 artigos e 39
temas do Infohabitar :
https://drive.google.com/file/d/1zUJ1nEuWwaaA6KEXQ9XXdWMwFE3C8cJY/view?usp=sharing
Uma opinião sobre como fazer “habitação
para o maior número" – Infohabitar # 901
Infohabitar, Ano XX, n.º 901
Edição: quarta-feira, 15 de maio de 2024
Infohabitar
Editor:
António Baptista Coelho, Arquitecto
(ESBAL), doutor em Arquitectura (FAUP), Investigador Principal com Habilitação
em Arquitectura e Urbanismo (LNEC)
Edição:
Olivais Norte, Encarnação, Lisboa; e Casa das Vinte, Casais de
Baixo, Azambuja.
A Infohabitar é uma Revista da GHabitar Associação Portuguesa para a
Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação atualmente com sede
na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) e
anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC.
Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa
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