domingo, outubro 24, 2010

317 - Quem é cuidador? - Infohabitar 317

Infohabitar, Ano VI, n.º 317Artigo de Marilice Costi

O artigo da semana, em seguida editado, é da autoria de um dos primeiros colaboradores do Infohabitar, a Arq.ª Marilice Costi, que aqui saudamos.
A amiga Marilice Costi é é arteterapeuta e arquiteta, e editora-chefe da revista "O CUIDADOR", que foi recentemente renovada, seja em termos de imagem, seja nos respectivos conteúdos e que, vivamente, aqui, se recomenda: www.ocuidador.com.br

Salienta-se que este artigo foi anteriormente publicado no Correio do Povo, Jornal de Porto Alegre/RS-Brasil, No dia 14 de agosto de 2010, p.4

António Baptista Coelho

Editor do Infohabitar






Quem é cuidador?Marilice Costi

Todos os dias, recebemos informações excessivas. Imagens jogadas aos nossos olhos, vindas, em grande parte, de registro de algum tipo de agressão. Se antes, tínhamos medo de doentes mentais, hoje, os ditos “sadios” agridem no trânsito, nos condomínios, no trabalho, nas escolas, nos lares. A sociedade adoecida.

A desmanicomialização, os projetos de inserção – atendimento, medicamento, moradia e o direito a um salário mínimo – deram cidadania a muitos portadores de sofrimento psíquico. Sua integração resulta de muitos cuidadores em ação. Tudo bem? Apenas o início.

Resultado dos avanços da medicina, também os idosos esticam a vida e tornam-se um gargalo na previdência. Aposentadorias cobrem despesas com cuidadores?

Além disso, catástrofes climáticas resultando em degradação ambiental, migração, desemprego, vetores, epidemias, pânico social. Na hora dos vendavais, dos tsunamis, não existe rico nem pobre. Só humanos. Nosso grupo.

Quem cuidará de tantos? Nós. Nascemos sendo cuidados e nos tornamos cuidadores. E precisamos nos preparar para cuidar durante mais tempo e aceitarmos o cuidado em nós. Idoso não consegue cuidar de idoso!

Para cuidar é preciso ter empatia, doar-se, aprender a cada dia, ser solidário, articular-se em complexidades e estabelecer limites. O próprio. Um cuidador não deve estar só. Precisa de redes de apoio, descanso e lazer.

Iniciei a revista O CUIDADOR pensando em apoiar mães de pessoas com transtorno psíquico. Logo, percebi um exército desarmado: homens, avós, tios, irmãos, muitas mulheres, além de profissionais de múltiplas áreas. Milhares de cuidadores silenciosos. E os que não querem cuidar, que não aceitam em si para o que fomos feitos. Pagar um cuidador para se ver livre do cuidado é diferente de contratar um para cuidar melhor de quem amamos.

Está em regulamentação a profissão de cuidador, importante! Contudo, é preciso mídia comprometida, escola humanizada a focar não só no cuidador de idosos – um nicho no mercado – mas de muitos seres frágeis. A maioria pode pagar um cuidador?

Postos de saúde, escolas, abrigos, casas geriátricas, pensões protegidas? O papel dos órgãos públicos? Dos políticos? De empresários? Fazer valer planos diretores, impedir a ocupação de áreas de risco, apoiar e estimular redes de cuidadores, valorizar o Terceiro Setor.

Há décadas, a meta do patrimônio histórico era impedir que casas de pedras virassem fundações de novas casas. Hoje, não podemos projetar nem 10 anos à frente. É preciso agir agora, mobilizar a sociedade e compartilhar a sabedoria do cuidado. E acolher o cuidador, pois sem cuidar de si não poderá cuidar bem de outro.

E orgulhar-se ao exercer a humanidade. Todos somos cuidadores ou seremos cuidados por algum! Não é melhor cuidar?








Advertência ao leitor
Embora os artigos editados na revista Infohabitar sejam previamente avaliados e editorialmente trabalhados pela edição da revista, eles respeitam, ao máximo, o aspecto formal e o conteúdo que são propostos, inicialmente pelos respectivos autores, sublinhando-se que as matérias editadas se referem, apenas, aos pontos de vista, perspectivas e mesmo opiniões específicas dos respectivos autores sobre essas temáticas, não correspondendo a qualquer tomada de posição da edição da revista sobre esses assuntos.

Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte
Infohabitar, n.º 317, 24 de Outubro de 2010

segunda-feira, outubro 18, 2010

316 - Habitação e Arquitectura V: a Capacidade Residencial - Infohabitar 316

Infohabitar, Ano VI, n.º 316
Nota de divulgação
Ainda antes da edição do artigo da semana relembra-se que estamos na véspera do lançamento oficial do novo livro "Qualidade no Projeto de Edifícios", coordenado por Márcio Fabrício e Sheila Ornstein.

No Infohabitar n.º 315, portanto aqui bem perto e acessível, bastando correr um pouco a imagem, foi editado o convite oficial, um texto introdutório, a imagem da capa do novo livro e o respectivo índice de matérias.

Convidamos, então, novamente, para o lançamento do livro "Qualidade no Projeto de Edifícios", no dia 19 de outubro de 2010 às 19h na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos em São Paulo, SP - consulte por favor o Infohabitar n.º 315 para obter detalhes do lançamento e do conteúdo da nova obra.

Novos comentários sobre a qualidade arquitectónica residencialMelhor Habitação com Melhor Arquitectura V:
a Capacidade Arquitectónica Residencial
artigo de António Baptista CoelhoNota prévia: retomando uma edição cujo último “capítulo”, sobre a espaciosidade arquitectónica residencial, foi editado com o n.º 297 deste Infohabitar, publicam-se agora algumas reflexões sobre a matéria da capacidade arquitectónica residencial.


Introdução geral
Nas páginas seguintes apontam-se alguns aspectos que têm sido constante e sistematicamente ponderados, na sequência da aplicação dos conceitos ligados aos diversos rumos de qualidade arquitectónica residencial. Não se trata, assim, da sua respectiva e clarificada estruturação, mas apenas da sua ponderação cuidada, considerando os anos de prática de análise, que já decorreram desde a sua formulação inicial.

É sempre possível entrar no Infohabitar e aceder, de imediato, ao respectivo catálogo interactivo, onde uma das categorias agrupa todos os artigos dedicados à temática da Melhor Habitação com Melhor Arquitectura (no total serão 17 ou 18, sendo 15 sobre qualidades, um de introdução, um de conclusão genérica e outro de conclusão sintetizada e de temas de continuidade).

Regista-se, em seguida, o plano editorial previsto no Infohabitar, que, repete-se, será, descontínuo, alternado por outras edições e realizado à medida da elaboração dos respectivos artigos (a bold os temas já editados):

Infohabitar n.º 290 - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura I: IntroduçãoA matéria da relação e do contacto entre espaços e ambientes é tratada em termos de aspectos de:

Infohabitar n.º 291 - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura II: Acessibilidade - facilidade na aproximação ou no trato e desenvolvimento de continuidades naturais por prolongamentos e múltiplas ligações.

Infohabitar n.º 295 - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura III: Comunicabilidade - a qualidade daquilo que está ligado ou que tem correspondência ou contacto físico ou visual.

A matéria da caracterização adequação de espaços e ambientes é tratada em termos de aspectos de:

Infohabitar n.º 297 - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura IV: Espaciosidade – referida, tanto aos espaços que são extensos e amplos como aos que apresentam desafogo nas suas envolventes.

Infohabitar n.º 316 - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura V: Capacidade – que designa e qualifica o âmbito interior (dentro dos limites) ou a aptidão geral, espacial e ambiental, de qualquer elemento residencial.

A PUBLICAR EM FUTURAS EDIÇÕES DO INFOHABITAR

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura VI:
Funcionalidade – referida ao adequado desempenho das várias funções e actividades residenciais.

A matéria do conforto espacial e ambiental é tratada em termos de aspectos de:

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura VII: Agradabilidade – referida ao desenvolvimento de condições de conforto, bem-estar e comodidade, nos espaços e ambientes residenciais.

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura VIII: Durabilidade – qualidade do que dura muito ou, melhor, do que pode durar muito e em excelentes condições de manutenção.

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura IX: Segurança – o acto ou efeito de tornar seguro, prevenir perigos, (tranquilizar).

A matéria da interacção social e da expressão individual é tratada em termos de aspectos de:

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura X: Convivialidade – referida ao viver em comum, ao ter familiaridade e camaradagem, à entreajuda natural ou sociabilidade entre vizinhos.

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura XI: Privacidade – referida à intimidade e capacidade de privança oferecida por um dado espaço num dado ambiente.

A matéria da participação, identificação e regulação é tratada em termos de aspectos de:

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura XII: Adaptabilidade – referida à versatilidade e ao que se pode acomodar e consequentemente apropriar.

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura XIII: Apropriação – referida à capacidade de identificação, à acção de "tomar de propriedade", tornando próprio e a si adaptado.

A matéria do “aspecto” e da coerência espacial e ambiental é tratada em termos de aspectos de:

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura XIV: Atractividade - a capacidade de dinamizar e polarizar a atenção.

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura XV: Domesticidade – referida à expressão mais pública ou doméstica do carácter residencial.

Infohabitar n.º xxx - Melhor Habitação com Melhor Arquitectura XVI: Integração – que é a integração ou integridade de um contexto, e de uma totalidade onde não falta nem um elemento de conteúdo e de relação.



Fig. 01: capa da edição do LNEC " Qualidade Arquitectónica Residencial - Rumos e factores de análise" - ITA 8, da Livraria do LNEC, referindo-se, em seguida, o respectivo link para a Livraria do LNEC http://livraria.lnec.pt/php/livro_ficha.php?cod_edicao=52319.php

Salienta-se ser possível aprofundar estas matérias num estudo editado pelo LNEC que contém um desenvolvimento sistemático dos rumos e factores gerais de análise da qualidade arquitectónica residencial, que se devem constituir em objectivos de programa e que correspondem à definição de características funcionais, ambientais, sociais e de aspecto geral a satisfazer para que se atinja um elevado nível de qualidade nos espaços exteriores e interiores do habitat humano.

Sublinha-se, no entanto, que a abordagem que se faz, em seguida, às matérias da espaciosidade, enquanto qualidade arquitectónica residencial, corresponde ao revisitar do tema, passados cerca de 15 anos do seu primeiro desenvolvimento, e numa perspectiva autónoma e diversificada relativamente a essa primeira abordagem.


Fig. 02

Apresentação: Capacidade Arquitectónica Residencial
A capacidade arquitectónica residencial refere-se ao desenvolvimento de adequadas capacitações nos espaços habitacionais e à previsão e promoção básica das ocupações mais desejáveis e das condições de uso e envolvência mais adequadas e apropriáveis.

A capacidade arquitectónica residencial tem também a ver com a promoção de usos específicos e adequados ao habitar, bem como com a positiva e expressiva/evidenciada recepção de elementos de apoio a esses usos, designadamente, em termos de equipamento e de mobiliário.

Conjuntamente com a espaciosidade e a funcionalidade, a capacidade é responsável pela caracterização e adequação de espaços e ambientes do habitar, sendo que a capacidade tem a ver, essencialmente, com qualificação, específica, das diversas extensões do habitar com determinadas bases de uso e de apoio ao uso (por exemplo, arrumação), enquanto a espaciosidade, como se viu, se liga aos variados desenvolvimentos físicos dos espaços do habitar, e a funcionalidade, como se sabe e será desenvolvido mais à frente, garante o sentido orgânico das acções exercidas nesses espaços e das suas relações com outros elementos e níveis do habitar.

1. Introdução à capacidade arquitectónica residencialA capacidade residencial pode ser encarada sob duas perspectivas, sendo uma mais genérica e ligada a aspectos de adequação conjugados com outros rumos qualitativos (ex. espaciosidade, funcionalidade e durabilidade) e outra mais específica associada à existência de condições estratégicas suplementares de apoio a uma adequada qualidade habitacional.

Teremos, portanto, uma capacidade que servirá, com algum pormenor, os outros múltiplos aspectos qualitativos da arquitectura residencial, proporcionando-lhes "espessura" em termos de vivência e de significado e uma outra capacidade, talvez mais específica, que: no exterior residencial, terá muito a ver com aspectos de versatilidade natural por previsão de um quadro de condições capaz de aceitar usos muito diversificados e muito intensos, que ultrapassem muito os que são correntes e esperados nas diversas categorias de elementos residenciais; e que no interior residencial estará muito ligada à capacidade de arrumação e de integração de mobiliário.

O principal valor da capacidade, em qualquer nível do habitat humano, é constituir uma reserva espacial concreta, que permita usos e ambientes adequados, mas que, mais do que isso, possa permitir uma natural evolução desses usos e ambientes, quer urbanos, quer domésticos, ao longo de um período temporal apreciável e sem necessidade de alterações ou adaptações significativas. Teremos assim uma capacidade que muito se combina com uma adaptabilidade passiva e muito natural, à qual se voltará no respectivo capítulo sobre esta última qualidade.


Fig. 03

2. Aspectos estruturadores da capacidade
Apontam-se, em seguida, sem grandes comentários, aqueles aspectos que se consideram como podendo ser estruturadores da capacidade arquitectónica residencial:

Aprofundar uma relação forte com a apropriação, designadamente em termos de capacidade de mobilar e de equipar o interior doméstico, matéria que se subdivide, designadamente, nos seguintes aspectos: relação entre previsões e capacidades reais; e caracterização da capacidade física do fogo – por rentabilização da ocupação por equipamentos fixos e por mobiliário.

Tentar aplicar este tipo de reflexão numa relação forte com a faceta qualitativa da apropriação, designadamente em termos de capacidade de mobilar e de equipar ao exterior residencial, reflectindo sobre que tipos de capacidades nos diversos tipos de ambientes de vizinhança e de cidade?

Desenvolver um usufruto maximizado, estruturado por limiares de ocupação coerentes e consensualizados: no exterior em termos de condições equilibradamente diversificadas e que sejam veículo de outros aspectos qualitativos como a convivialidade a privacidade e a agradabilidade; e no interior doméstico em termos de adequação da capacidade a diversos tipos de agregados familiares e de comportamentos domésticos, modos de vida, e tipos de compartimentos.

Considerar uma relação entre usufruto e caracterização de aspectos de: tipo de “recheio” – discussão mais funcional/quantitativa ou mais humanizada/qualitativa; níveis e tipos de sobre-ocupação; e funcionalidades múltiplas.

Assegurar uma relação forte com a pormenorização dos espaços do habitar, privilegiando-o numa perspectiva claramente assumida tanto no exterior de vizinhança de proximidade, como no interior edificado e especificamente nos mundos de privacidade familiar e individual.

3. A capacidade: da habitação, à vizinhança e ao bairroTal como se referiu, a capacidade arquitectónica residencial pode ser encarada sob duas perspectivas, sendo uma mais geral e diversificada e outra mais específica da capacitação residencial exterior e interior.

De uma forma mais geral designa e qualifica o âmbito interior (dentro dos limites) ou a aptidão geral, espacial e ambiental, de qualquer elemento residencial.

Relativamente ao exterior residencial, e também aos edifícios multifamiliares, parece que a capacidade se relaciona, fortemente, com a acessibilidade e a funcionalidade de pessoas, veículos, serviços e instalações, assim como com a existência de condições excepcionais de durabilidade, que proporcionem, praticamente, a ausência de cuidados especiais de manutenção mesmo quando aconteçam usos muito intensos. Um espaço exterior urbano e residencial bem capacitado é um espaço/ambiente desenvolvido para suportar e motivar uma vida diária intensa e claramente distribuída entre interior e exterior, entre mundos de privacidade e de comunidade; e será mesmo um conjunto de espaços/ambientes cujas capacidades estimulem fortemente a sua respectiva vivência diária - e há múltiplas formas de tal condição ser cumprida.

Tratando-se de espaços interiores, a capacidade de uma habitação tem a ver com um conjunto de atributos físicos e ambientais que se referem, essencialmente, a condições de espaciosidade suplementar (em número e amplidão/desafogo de compartimentos), de durabilidade e de adaptabilidade, para além da essencial faceta, já atrás sublinhada, da existência de um bom número de arrumações, armários fixos e roupeiros espaçosos, e de uma evidenciada capacidade de arrumação do mobiliário.

E o contrário, em termos de condições de evidente incapacidade urbana e residencial para suportar uma intensa vivência diária, também é infelizmente frequente, concretizando-se em espaços domésticos, residenciais e urbanos que, "quase logo" desde que ocupados, se revelam incapazes de suportarem os mais diversos usos, provocando insatisfação dos residentes e, muitas vezes, uma deterioração acelerada das suas condições funcionais, num círculo vicioso de mau uso e de más condições de uso.


Fig. 04


4. Estratégias de capacidadeA capacidade é, fundamentalmente, uma qualidade de segunda linha, que apoia directamente outras qualidades permitindo-lhes uma adequada influência no espaço urbano e no espaço edificado; constitui uma reserva funcional de apoio directo, assim como uma reserva para usos futuros (funcionalidade prospectiva), tanto nos espaços públicos como nos espaços domésticos.

No entanto é fundamental referir que ser uma qualidade de segunda linha não tem qualquer tipo de conotação negativa; tem a ver, sim, com o ser uma qualidade de apoio directo a outras de "primeira linha", numa perspectiva de sentido estratégico global, podendo-se, mesmo, referir, que uma boa capacidade, em termos de arquitectura residencial, corresponde a uma excelente estratégia global direccionada para o habitar.

Dá vontade de comentar que uma tal estratégia pode até tender a substituir, um pouco, outros aspectos qualitativos com influência directa na satisfação dos moradores; e assim é quando um dado conjunto com reduzido interesse geral se evidencia, por exemplo, por oferecer uma excelente capacidade de estacionamento e/ou uma forte integração de verde urbano, e/ou uma evidenciada capacidade em termos de centralidade/acessibilidade - e foram apenas três exemplos entre os muitos possíveis. No entanto, a ideia que fica, ou que se pretende que fique, é que se tratará, sempre, de facetas muito específicas e direccionadas da qualidade arquitectónica residencial.

5. A capacidade arquitectónica residencial ao nível urbano: um mundo de relações que é, afinal, matéria de base da concepção
A capacidade arquitectónica residencial ao nível urbano refere-se a um pequeno mundo de relações que é, afinal, matéria de base da concepção.

O estruturar de um conjunto urbano e residencial pressupõe considera-se que ele fará parte de um bairro e de uma parte de cidade, e que, portanto, deverá suportar, positivamente, e dinamizar múltiplos aspectos de vivência e de funcionalidade urbana, constituindo-se numa nova parcela capaz de apoiar a vida diária de quem a habita directamente, mas também de cooperar na vida urbana mais global da zona que integra; e só assim o que de novo se faz ou refaz pode ser e será bem acolhido na cidade.

Talvez que o segredo desta cooperação seja um dos segredos vitais de uma cidade que vá sendo feita de acrescentos positivos, seja em termos de uma expansão bem fundamentada, seja em termos de uma adequado preenchimento e de uma continuada e cuidada reformulação em termos de capacidade e funcionalidade.

Fig. 05

6. A capacidade nos espaços públicos versus a espaciosidade nos espaços edificadosA capacidade tem uma importância apenas aparentemente secundária nos espaços urbanos, pela garantia de soluções realmente adequadas a determinados usos e ocupações.

Aspectos como capacidade de uso, ligados às matérias da sobre-ocupação e também da sub-ocupação têm grande importância ao nível urbano e especificamente no que se refere à definição pormenorizada das vizinhanças habitáveis e citadinas.

De certa forma estes espaços urbanos vizinhos, que podem ser verdadeiros espaços de um habitar intenso e apropriado, devem ter uma conformação e estruturação de capacidade de uso bem "à medida" das pequenas populações que os podem/devem usar, não oferecendo capacidades de uso excessivas, nas quais nos "perdemos", nem capacidades insuficientes, que se traduzem, frequentemente, em situações de densidade desagradável e de excessiva presença dos vizinhos, sempre próximos e muito próximos.

E não tenhamos dúvidas que até no espaço público tem de haver capacidade de uso adequada a uma sua vivência mais privatizada e individualizada e que todas as formas de proximidade obrigatória, associadas frequentemente a espaços comuns de circulação exíguos e/ou excessivamente encerrados, resulta em más relações de convívio e em ausência de apropriação individual e familiar.

a) A capacidade nos espaços públicosA natureza da capacidade, ao nível urbano, joga-se, muito, numa correcta adequação, tanto espacial e genérica, de “encaixe” de uma determinada ocupação humana, e aqui cabem os aspectos fundamentais de equilibrada densificação urbana até aspectos, actualmente, não menos importantes de integração de componentes complementares mas básicas dessa densificação como são os casos da capacidade “líquida” de estacionamento e das múltiplas capacidades de integração de elementos fundamentais de composição urbanística, tanto estruturantes, como é o caso de um recinto desportivo, como de composição “mais fina” como é caso das caldeiras de árvores e das esplanadas em passeios; enão tenhamos dúvidas de que a capacidade arquitectónica residencial se joga, fortemente, na respectiva e adequada pormenorização, numa perspectiva que tem de ser marcada por uma fundamental sobriedade e por uma clara fundamentação formal.

Ainda ao nível do espaço urbano e do respectivo detalhe a natureza da capacidade joga-se, também, numa correcta adequação, ao nível de uma pormenorização que vise determinados usos e mesmo o estímulo de determinados comportamentos, tratando-se neste caso de condições qualitativas dos materiais e elementos de constituição e composição usados.

b) A capacidade na vizinhança de proximidade e na relação desta com os edifíciosUma boa capacidade nos espaços públicos de vizinhança refere-se, designadamente, a uma positiva previsão e integração do estacionamento, a um adequado apoio a diversas e adequadas actividades exteriores e, naturalmente, à concretização de um adequado ambiente residencial e urbano.

Salienta-se, ainda, que a capacidade arquitectónica residencial, nas suas diversificadas facetas - mais "funcionais" ou mais "ambientais" - é provavelmente uma das qualidades essenciais no que se refere à construção de uma vizinhança de proximidade que concretize as condições de um verdadeiro habitar mais público e exterior.

Uma vizinhança urbana e residencial e urbana que integre, muito positivamente, um conjunto adequado de mobiliário urbano (por exemplo: bancos, luminárias, pavimentos, papeleiras e sinalética) é uma solução fortemente adequada em termos do seu potencial de satisfação.
E, naturalmente, as matérias associadas ao verde urbano devem estruturar as respectivas condições de escolha de espécies, implantação, protecção e vizinhança relativa e aos espaços de uso, sendo que o resultado tem de ser encarado em termos de resultado final, que tem de ser claramente viável, fácil de manter e estruturante em termos de imagens urbanas a atingir.

c) A capacidade nos espaços edificadosAo nível do edifício a capacidade apenas ganha um estatuto mais claro e evidenciado em soluções de grandes condomínios onde é necessário que a escala e a pormenorização espacial traduzam a presença e as necessidades funcionais e ambientais diversificadas e intensas de um elevado número de utentes. Quando os edifícios são pequenos e reduzidos os números de habitações, quase podemos passar da escala da capacidade da respectiva vizinhança de proximidade, mais urbana, para a escala de capacitação da habitação privada.

No entanto em grandes condomínios e/ou em condomínios complexos - por exemplo aqueles dedicados a idosos e a pessoas com variados tipos de exigências especiais e/ou específicas - é muito importante a possibilidade da da oferta de um leque de capacidades específicas, que podem abranger desde a simples arrumação em módulos específicos e exteriores à habitação a um variado tipo de apoios espaciais e operacionais a serviços e a actividades que também podem ser asseguradas ao nível doméstico (por exemplo, organização de festas e comemorações, centros de SPA, preparação de refeições, etc.).

d) A capacidade nas habitaçõesTal como se tem apontado, ao nível doméstico a capacidade de arrumação, de integração de equipamento fixo e de disposição de mobiliário é fundamental, tanto por proporcionar as melhores condições para o adequado exercício de todas as funções habitacionais privativas, como porque essa capacidade múltipla e global de arrumação constitui um meio fundamental de apropriação pessoal e familiar do espaço doméstico.

Salienta-se mesmo que a globalidade dos aspectos associados à capacidade de arrumação, de integração de equipamento fixo e de disposição de mobiliário que, é considerada a mais efectiva faceta de apropriação potencial de uma dada habitação, aspecto este que deveria merecer um devido realce em todos os processos de estruturação da concepção doméstica; e não o é, embora haja boas tendências no sentido da previsão da integração de mobiliário na promoção de habitação de interesse social.

Uma habitação bem mobilável e versatilmente mobilável é, realmente, veículo de adaptabilidade a diversos modos de vida, a variadas composições familiares e à evolução dessa composição; mas além disto tudo uma habitação versatilmente mobilável ´também é veículo directo da expressão da identidade de cada família e de cada pessoa.

Fig. 06

7. Carácter e importância específica da capacidadeDe um modo mais específico, a capacidade refere-se à adequação no desenvolvimento e na configuração dos espaços residenciais tendo em vista o seu melhor uso e o seu óptimo aproveitamento, essencialmente, em termos de aptidão para "encostar" e posicionar elementos de mobiliário e de equipamento muito variados e numerosos. Estes são essencialmente domésticos, mas também devem existir nos espaços públicos e exteriores como é o caso do mobiliário urbano.

Para finalizar anota-se, ainda, que o "ter capacidade" também se refere ao desenvolvimento de "reservas de capacidade" que podem servir usos múltiplos (adaptabilidade ou multifuncionalidade); mas aqui tem de haver uma condição associada de espaciosidade que, basicamente, aceite essas hipóteses de usos diversos, prevendo-os e mesmo "prevenindo-os" nas suas mais importantes implicações dimensionais e funcionais.

8. Notas de reflexão e para desenvolvimento sobre a capacidade arquitectónica residencial
Em termos de reflexão geral e de desenvolvimento sobre a capacidade arquitectónica residencial apuram-se, para já, os seguintes aspectos.

A capacidade é uma qualidade cuja objectividade exige prova continuada a partir de um aprofundamento de estudos, ela conjuga-se com aspectos tão importantes mas pouco palpáveis como a densificação – e aí articula-se com os rumos qualitativos da socialização e da identificação -, bem como com aspectos de espaciosidade, funcionalidade e durabilidade.

Na relação com a, tão actual, densificação urbana e em termos de capacitação citadina e residencial há muito que ponderar, mas a ideia é que uma boa capacidade nas suas variadas dimensões é factor de possibilidade de densificação urbana; uma capacidade que nestas áreas tem de se basear em variadas margens de uso e prevenções de durabilidade e de gestão.

E uma tal densificação tem também os seus reflexos domésticos numa adequada versatilidade de usos e de suporte específico a esses usos, mas também nos aspectos sempre prosaicos mas essenciais de uma adequada e excelente capacidade de arrumação doméstica, assegurada dentro da habitação ou em espaços privativos dela separados.

Há aspectos críticos a considerar de forma específica e que podem mesmo determinar "o partido" de uma dada solução urbana e residencial, e nestes aspectos salienta-se a frequente grande dificuldade de integração de determinados elementos espaciais nos espaços públicos (ex. grandes estacionamentos, campos desportivos); e aqui há que tomar decisões estruturantes, condicionadas por uma exigência fundamental de continuidade e coesão urbanística, caso contrário não teremos partes de cidade com viabilidade, mas apenas conjuntos de variadas valências funcionais e, por exemplo, grandes estacionamentos onde também de mora.

Em termos dos desenvolvimentos considerados mais interessantes nestas matérias da espaciosidade arquitectónica urbana e residencial, salienta-se que as matérias da capacidade residencial, numa perspectiva arquitectónica, devem ser aprofundadas de forma integrada com outras valências qualitativas, entre as quais e apenas como exemplo, se referem uma capacidade significativa em termos de acessibilidade, ou no que se refere a convivialidade, ou no que se refere a apropriação ou ainda no que se refere a uma subtil mas afirmada integração urbana e/ou paisagística.

Advertência ao leitor
Nota da edição: embora os artigos editados na revista Infohabitar sejam previamente avaliados e editorialmente trabalhados pela edição da revista, eles respeitam, ao máximo, o aspecto formal e o conteúdo que são propostos, inicialmente pelos respectivos autores, sublinhando-se que as matérias editadas se referem, apenas, aos pontos de vista, perspectivas e mesmo opiniões específicas dos respectivos autores sobre essas temáticas, não correspondendo a qualquer tomada de posição da edição da revista sobre esses assuntos.

Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte
Infohabitar n.º 316, 18 de Outubro de 2010

segunda-feira, outubro 11, 2010

315 - Qualidade no Projeto de Edifícios - novo livro - Infohabitar 315

Infohabitar, Ano VI, n.º 315

Na qualidade de editor do Infohabitar, mas também de co-autor do novo livro "Qualidade no Projeto de Edifícios", gostaria de convidar a todos para o respectivo lançamento.

Tal como referem os coordenadores desta nova publicação, Márcio Fabrício e Sheila Ornstein, "o livro é de nós todos", seus autores e seus leitores, não precisando a temática nele abordada, da "qualidade no projecto de edifícios", de muitas palavras de apresentação, pois cada vez mais é evidente a importância de um bom projecto, realizado considerando os mais diversos factores qualitativos, para a satisfação dos seus moradores/utentes e para a melhoria da estima de todos nós para com as paisagens naturais e urbanas em que as respectivas obras se deverão integrar, valorizando-as.

Devo ainda sublinhar a importância e a elevada qualidade atingida no 1.º Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projecto no Ambiente Construído e IX Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios, globalmente conhecido como SBQP2009, que teve lugar há cerca de um ano em São Carlos-SP, e a partir do qual foi possível fundamentar a ideia deste mesmo livro, sempre através do constante, exigente e cuidadoso trabalho dos amigos Márcio Fabrício e Sheila Ornstein.


O novo livro "Qualidade no Projeto de Edifícios", teve o seu pré-lançamento no dia 7 de outubro de 2010 as 15h junto ao café do ENTAC em Canela, RS e terá o seu lançamento oficial no dia:
19 de outubro de 2010 as 19h na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos em São Paulo, SP.

Segue-se convite oficial, com texto introdutório, imagem da capa do novo livro e respectivo índice de matérias; um texto cuja autoria devo remeter para os coordenadores deste novo livro, Márcio Fabrício e Sheila Ornstein, aos quais envio calorosos parabéns, por mais esta excelente conquista editorial.




António Baptista Coelho



Convite

Convidamos para lançamento do livro Qualidade no Projeto de Edifícios no dia 19 de outubro de 2010 as 19h na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos em São Paulo, SP [lançamento oficial], Av. Nações Unidas 4777 Jardim Universidade Pinheiros, São Paulo, SP.
Organizado pelo Grupo de Trabalho Qualidade do Projeto da Associação Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído o livro Qualidade no Projeto de Edifícios reune treze capítulos escritos por diversos especialistas nos temas relacionados.




Fig.01: capa do livro "Qualidade no Projeto de Edifícios"

Sobre o livro:

As cidades e os seus edifícios representam o habitat do homem contemporâneo e têm enormes e multivariadas implicações na qualidade de vida das pessoas. Assim, o projeto e a avaliação de projetos em arquitetura e engenharia são estratégicos para aprimorar a qualidade do ambiente construído. O processo de projeto e sua gestão constituem também as etapas nas quais as tecnologias e as soluções são concebidas, desenvolvidas e avaliadas, com repercussões em todas as demais etapas do ciclo de vida do ambiente construído, tais como: a construção, o uso e a operação, a manutenção, bem como a requalificação ou descarte das edificações.

O processo de projeto contemporâneo desenvolve empreendimentos cada vez mais complexos, exigindo soluções projetuais e tecnológicas mais elaboradas e multidisciplinares, avaliadas e aprimoradas continuamente. Neste contexto, o livro Qualidade no Projeto de Edifícios discute a atuação de projetistas e construtores durante o ciclo de concepção, projeto, acompanhamento de execução e uso, considerando diversos agentes intervenientes em cada etapa e os usuários e suas necessidades.

O livro Qualidade no Projeto de Edifícios é promovido pela Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), http://antac.pcc.usp.br/ , através do Grupo de Trabalho de qualidade do projeto, e traz como conteúdo as principais discussões dos pesquisadores convidados para o 1º Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído realizado em São Carlos, SP em novembro de 2009, cujo link se anexa:
http://www.arquitetura.eesc.usp.br/ocs/index.php/SBQP2009/SBQP2009.

Esta obra conta com treze capítulos desenvolvidos por importantes pesquisadores da área e está estruturada em três grandes temas: qualidade do projeto e percepção do usuário; tecnologia da informação e qualidade do projeto; qualidade do projeto, meio urbano e a habitação social.


Sumário:

SOBRE A ANTAC – Francisco Ferreira Cardoso

PREFÁCIO - Doris Kowaltowski

INTRODUÇÃO – Márcio Minto Fabricio, Sheila Walbe Ornstein


TEMA 1 - QUALIDADE DO PROJETO E PERCEPÇÃO DO USUÁRIO
. CONCEITOS DE QUALIDADE NO PROJETO DE EDIFÍCIOS - Márcio Minto Fabricio, Sheila Walbe Ornstein e Silvio Burrattino Melhado

. ARQUITETURA CENTRADA NO USUÁRIO OU NO CLIENTE- UMA REFLEXÃO SOBRE A QUALIDADE DO PROJETO - Mônica Santos Salgado

. ARQUITETURA CENTRADA NO USUÁRIO - GESTÃO DE REQUISITOS NO PROCESSO DE PROJETO - Luciana Inês Gomes Miron

. ELEMENTOS DO PROCESSO PROJETUAL COMO FONTE DE STRESS AMBIENTAL - EXPLORANDO ASPECTOS QUE PODEM INFLUENCIAR A RELAÇÃO USUÁRIO-AMBIENTE - Gleice Azambuja Elali

. ABORDAGEM EXPERIENCIAL, QUALIDADE DO PROJETO, QUALIDADE DO LUGAR E CULTURA NA ATUALIDADE - Paulo Afonso Rheingantz

TEMA 2 - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E QUALIDADE DO PROJETO
. LÓGICA FUZZY E SUAS APLICAÇÕES NA AVALIAÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO - Odair Barbosa de Moraes

. TENDÊNCIAS DA COLABORAÇÃO EM ARQUITETURA, ENGENHARIA, CONSTRUÇÃO - Marcus Vinícius Granadeiro Corrêa e Regina Coeli Ruschel

. BUILDING INFORMATION MODELING PARA PROJETISTAS - Regina Coeli Ruschel, Paulo Roberto Pereira Andery, Silvio Romero Fonseca Motta, Ana Cecília Nascimento Rocha Veiga


TEMA 3 - QUALIDADE DO PROJETO, MEIO URBANO E A HABITAÇÃO SOCIAL
. EDIFICAÇÕES E ESPAÇOS URBANOS- PERCEPÇÃO, COGNIÇÃO E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO - Antônio Tarcísio da Luz Reis

. GESTÃO DE ESPAÇOS COLETIVOS EM HIS – A NEGAÇÃO DAS NECESSIDADES BÁSICAS DOS USUÁRIOS E A QUALIDADE DO COTIDIANO E DO HABITAT - Nirce Saffer Medvedovski

. AVALIAÇÃO, VALOR E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - Miguel António Buzzar

. CIDADE E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - António Baptista Coelho

Informações Técnicas: Edição: RIMA / ANTAC
ISBN: 978-85-7656-186-6
Brochura 16,0 x 22,9 cm
261 páginas




Advertência ao leitor
Nota da edição: embora os artigos editados na revista Infohabitar sejam previamente avaliados e editorialmente trabalhados pela edição da revista, eles respeitam, ao máximo, o aspecto formal e o conteúdo que são propostos, inicialmente pelos respectivos autores, sublinhando-se que as matérias editadas se referem, apenas, aos pontos de vista, perspectivas e mesmo opiniões específicas dos respectivos autores sobre essas temáticas, não correspondendo a qualquer tomada de posição da edição da revista sobre esses assuntos.


Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte
Infohabitar n.º 315, 11 de Outubro de 2010



domingo, outubro 03, 2010

314 - Falar de Arquitectura falando de qualidade - Sobre a Casa de Ralph Erskine - Infohabitar 314



Artigo de Luís MorgadoInfohabitar, Ano VI, n.º 314

Nota inicial: o 1.º Congresso Habitação no Espaço Lusófono, o 1.º CIHEL, decorreu com pleno êxito, nos passados dias 22 e 24 de Setembro, no Grande Auditório do ISCTE-IUL, em Lisboa, nas próximas semanas e logo que tenhamos oportunidade, iremos dedicar alguns artigos a este grande evento, no entanto e desde já gostaríamos de sublinhar que estiveram presentes, praticamente, todos os países de língua portuguesa e que foi já anunciado que o 2.º CIHEL terá lugar, também, em Lisboa, no sentido de se reforçar e alargar a base de enquadramento e estruturação do Congresso, e que decorrerá daqui a dois anos, portanto no final de 2012, no Centro de Congressos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Os organizadores do 1.º CIHEL querem, desde já, fazer e deixar, aqui, um agradecimento público a todos os participantes no 1.º CIHEL, conferencistas, palestrantes, membros de mesas, alunos que apoiaram a organização e todos os inscritos, assim como às entidades que apoiaram o 1.º CIHEL, com um destaque muito especial para o ISCTE-IUL, a Câmara Municipal de Lisboa, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e a Fundação para a Ciência e Tecnologia.
As Actas do 1.º CIHEL poderão ser adquiridas em diversas livrarias, estando desde já disponíveis na Livraria A+A junto à Ordem dos Arquitectos em Lisboa www.livrariaamaisa.pt
Segue-se o artigo da semana do Infohabitar.
Nota: as imagens assim como as referências de texto têm todos a mesma proveniência, o artigo de Luis Fernández-Galiano (2008), "La caja, Lissma (Suecia)",in AV Monografias, n.º 132, pp. 56-65.

Falar de Arquitectura falando de qualidade - Sobre a Casa de Ralph Erskine
Artigo de Luís Morgado
Falar de arquitectura
Falar de arquitectura é um exercício de subjectividade. Para o bem e para o mal, é da natureza da arquitectura suscitar um envolvimento pessoal e apaixonado.
Categorias como o "interessante" abundam nas descrições arquitectónicas. É comum ouvir-se autores falarem sobre um tema que lhes "interessa" ou sobre uma obra que é "interessante".
O discurso fácil dos não iniciados e dos próprios profissionais em meios informais recorre a termos que variam dos simpáticos "gosto de" e "é muito bom", até aos violentos "é péssimo" e "é horrível".
Entre alguns arquitectos há jargões e cifras que remetem para códigos acessíveis só àqueles que pertencem a um determinado escol. Recusam-se algumas soluções porque demasiado "óbvias". Outras porque provavelmente são banais ou não publicáveis. Forjam-se conceitos incompreensíveis ao senso comum como a "integração por contraste" que esteve em voga há uns anos atrás...
Em alguns textos pratica-se um discurso filosófico complexo que muitas das vezes resvala para o hermético. A superioridade dos conceitos em jogo é tal que os próprios autores parecem perder a noção de que começaram por querer falar de arquitectura.
O discurso objectivo dos engenheiros aplica-se às partes efectivas da arquitectura. A solução ou está certa ou errada. Há algoritmos, há regras, há regulamentos... "ou cumpre ou não cumpre". Mas esta é uma abordagem que acaba por pecar pela parcialidade, como humilde e sabiamente os próprios não deixam de assumir.
Falar da qualidade
Tudo o que se disse antes não tem por objectivo atacar a linguagem que muitas vezes emerge nas revistas, nas escolas, e na sociedade em geral. Trata-se de reconhecer que a arquitectura é uma disciplina complexa e como tal promove discursos defensivos, emotivos, parciais e muitas vezes evasivos.
Falar claro parece não ser fácil em arquitectura. Norberg Schulz tentou falar claro e defendeu um retorno às "coisas". Ao estudar o "lugar" disse que se utilizavam os substantivos para classificar os lugares, as preposições para designar relações espaciais e os adjectivos para falar do carácter. Este carácter - o "como são as coisas" - teria por base os fenómenos concretos.
Esta linha parece fazer parte da herança cultural que enquadrou a direcção dos trabalhos desenvolvidos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil em torno do tema da Habitação. A abordagem da qualidade arquitectónica residencial foi para mim uma descoberta tardia. Tardia porque parecia existir um divórcio inexplicável entre o Laboratório e alguns meios do Ensino da Arquitectura. Tardia porque finalmente ouvia alguém tentar "falar claro sobre arquitectura".
Acredito que a Qualidade Arquitectónica residencial é um tema que permite falar de arquitectura com um sentido globalizante. Pelos trabalhos desenvolvidos no LNEC fica provado que a análise e avaliação da qualidade pode ser - em determinadas circunstâncias - objectivada a ponto de podermos classificar com muito rigor edifícios em função de critérios pré-definidos. Mas não querendo chegar tão longe, considero que a abordagem da qualidade pode tão simplesmente ajudar a pensar e a olhar para a arquitectura através de um sistema conceptual que permitirá confirmar as nossas intuições iniciais ou rebater um primeiro olhar apressado.



Fig. 01
A casa de Ralph Erskine
O que se segue é um exercício sumário que visa demonstrar que uma qualquer obra de arquitectura pode ser descrita de forma eficaz através da grelha conceptual dos factores de análise arquitectónica residencial.
Escolheu-se um texto sobre uma obra simples, mas engenhosa, tendo este sido reordenado no sentido de corresponder à grelha definida por António Baptista Coelho na obra "Qualidade arquitectónica residencial, rumos e factores de análise".
O texto e as imagens são retirados da revista AV Monografias 132 (2008). A tradução do texto "La caja, Lissma" é livre e é minha (entre aspas).
A "Caixa Lissma" é a pequena casa desenhada e construída por Ralph Erskine (1914-2005) para si e sua mulher Ruth Francis em 1941 em Lissma na Suécia. Erskine sai de Inglaterra e estabelece-se aí atraído pelo carácter social do funcionalismo sueco. Defendendo uma filosofia de vida assente nos valores da ruralidade, viveu na sua casa-abrigo com a mulher durante quase 4 anos, período durante o qual nasce a filha que com eles coabitará.
Relação e contacto entre espaços e ambientes



Fig. 02
Acessibilidade
"Localizado na periferia de Estocolmo, num lugar solitário e longe da civilização, o terreno foi cedido por um proprietário conhecido de Erskine. Ficava a noventa minutos de Estocolmo em bicicleta e a 2 Km do estabelecimento comercial mais próximo. Devido à sua inacessibilidade os materiais de construção tiveram que transportar-se com um trenó puxado por um cavalo.
A porta principal de acesso situada na fachada norte protegia-se com uma caixa que a delimitava da zona destinada ao armazenamento de troncos." O acesso ao interior fazia-se através de um degrau de cerca de 35cm.
"Num primeiro desenho Erskine propôs uma versão diferente. Nele mantinha-se o perímetro mas o volume era desenvolvido em dois pisos. Uma escada de um lance alojava-se no interior dos armários embutidos e permitia o acesso ao dormitório situado no segundo piso."




Fig. 03

Comunicabilidade
"A casa fechava-se hermeticamente a norte graças a uma área protegida pelo balanço da cobertura onde se armazenava e secava a lenha recolhida no Verão para se poder dispor dela no Inverno.
A cabana abria-se a sul através de um amplo vão envidraçado situado na sala e de dois pequenos vãos na cozinha com a única função de permitir a entrada de luz natural.
O problema do frio resolveu-se mais tarde fechando as janelas a sul com um material isolante pelo exterior, o que impedia o gozar da luz natural e das vistas sobre a paisagem" (o texto não esclarece sobre a reversibilidade ou não desta solução).
"A zona do atelier iluminava-se mediante três janelas de peito recortadas na fachada nascente.
As portas de vidro da sala dispunham de molduras de madeira e permitiam uma abertura total de 180º."
Caracterização e adequação de espaços e ambientes



Fig. 04

Espaciosidade
"Com cerca de 22 m2, a casa concebeu-se como um volume prismático de 6 metros de comprimento por 3,6 metros de largura organizada em dois espaços separados por uma chaminé: a sala de estar que se usava também como atelier e dormitório e a cozinha.
Não parece descabido supor que se tenha suprimido o segundo piso da primeira proposta e se tenha limitado o pé direito a 2,10m com o objectivo de reduzir o volume de ar a aquecer."
A contenção espacial do espaço interior era contrabalançada com o desafogo visual que se desfrutava a partir da sala/atelier.
"Vários mecanismos foram concebidos para ultrapassar o reduzido espaço interior. Por exemplo: O berço da sua filha podia ser erguido até ao tecto para não ocupar espaço quando não estava a uso."
Capacidade
"Com o objectivo de suprir a falta de espaço, as peças de mobiliário assumiriam distintas funções. O desenho da cama e do berço eleváveis, a mesa do atelier desmontável ou os armários embutidos são mais do que "gadgets" porque aspiram a superar a falta de espaço através de engenhosos mecanismos. "



Fig. 05

Funcionalidade
"O volume prismático continha todo o programa: Uma sala de estar, transformável num estudio-dormitório e uma cozinha; ambos separados por uma enorme chaminé de alvenaria de pedra.
A casa carecia de equipamento sanitário e não dispunha de água corrente. Existia apenas um poço que fornecia a água necessária."
Factores de conforto espacial e ambiental



Fig. 06

Agradabilidade
"Erskine concebeu diversas soluções para adaptar a habitação ao duro clima local. Nos Invernos chegava-se aos 25ºC negativos. Os Verões eram curtos, mas nessa altura a vida voltava-se completamente para o exterior.
Os troncos de madeira empilhados em todo o alçado norte sob a protecção da cobertura, aumentavam a inércia térmica da parede e contribuíam para o seu isolamento. O plano da fachada recolhia 50cm proporcionando uma protecção à humidade. Esta parede melhorava ainda mais o seu comportamento graças a uma espessa capa de isolamento térmico e à disposição de um armário interior em toda a extensão da parede.
Todas as janelas tinham vidro duplo ou triplo, mas face à ausência de radiação solar os distintos planos não podiam responder às temperaturas extremas. O problema resolveu-se fechando-as com um material isolante pelo exterior."
Aqui terá havido a correcção de um erro, como já foi referido. Preferiu-se pragmaticamente a agradabilidade à comunicabilidade. Acreditamos que Erskine tenha recorrido neste caso a uma solução engenhosa e não apenas a uma opção de recurso.
"As paredes e os tectos protegiam-se com painéis porosos de "treetex", cartões e aparas de madeira que se introduziram no interior das paredes para reforçar o isolamento térmico.
Sobre a boca da lareira colocaram-se dezasseis tubos de cerâmica que permitiam dirigir para o interior algum do calor consumido na combustão. O arquitecto idealizou também um sistema de circulação de ar que canalizava parte do calor para uma segunda conduta."



Fig. 07


Durabilidade
"Erskine utilizou pedras do próprio terreno, madeira dos bosques, tijolos de um forno abandonado e alguns materiais reciclados de vários edifícios, entre outros comprados com o empréstimo bancário que obteve.
Os materiais usados na construção foram: tijolos refractários, estruturas de madeira, painéis de "masonite" e "treetex" para paredes e tectos, ferragens em ferro, um alçapão de chaminé, verniz e óleo para tratamento de madeira.
O plinto da base construiu-se com pedras encontradas na envolvente do terreno, realizando-se a alvenaria com argamassa que se armou com arames de colchões abandonados. Na chaminé aumentou-se a quantidade de cimento das juntas de pedra para garantir a estanquidade.
O sistema estrutural da casa era uma adaptação do "balloon frame" à tecnologia sueca da época. No pavimento dispuseram-se quatro vigas com 6 metros de comprimento. De meio em meio metros, perpendiculares às anteriores colocaram-se treze vigas que faziam consolas de 1,20m a sul, 70cm a Norte e 50cm a Este e Oeste. A estrutura vertical compunha-se de sete apoios a Sul e Norte e cinco nas restantes. Três elementos horizontais travavam estas últimas e serviam de pré-aro das janelas. Na cobertura repetia-se a estrutura do pavimento.
As fachadas exteriores construíam-se com réguas de madeira sobrepostas adoptando uma solução extraída da tradição construtiva sueca que assegurava um bom comportamento da fachada contra a água.
Toda a frente Sul se protegia sob numa caixa de madeira formada pelo recuo da fachada, formalizando um terraço elevado do solo para protecção contra a humidade e os xilófagos.
A cabana foi depois abandonada por Erskine e família acabando por se deteriorar com o passar dos anos."

Segurança
Não há referências no texto a aspectos de segurança. A construção de uma pequena cabana isolada para viver com a sua pequena família é um manifesto de confiança no mundo e na natureza. A fragilidade da construção em madeira e a transparência dos grandes envidraçados confirmam-no.
Interacção social e expressão individual

Convivialidade
Não há referências à convivialidade no texto. Num abrigo tão pequeno a convivialidade é um factor obrigatório. A família nuclear é concebida como uma só pessoa.



Fig. 08

Privacidade
Também não há referências à privacidade no texto, mas é óbvio que se a convivialidade é um factor intrínseco ao tipo espacial escolhido, na casa de Erskine, não há muito lugar à privacidade. O lugar mais óbvio para a privacidade é neste caso o terreno envolvente da horta e da natureza. Não será difícil imaginar Erskine ou a sua mulher gozando alternadamente momentos de "solidão", tratando das suas colmeias e culturas.
Participação, Identificação e regulação


Fig. 09

Adaptabilidade
"Na sala estava a cama de casal, suspensa por cabos de aço e roldanas que permitiam elevá-la nos dias mais frios de Inverno para aproveitar o ar quente concentrado na parte superior da cabana. A cama podia transformar-se num sofá rebatendo uma das metades que serviria de encosto voltado para a chaminé no Inverno ou para o envidraçado na Primavera. O mecanismo consistia numa roda dentada localizada no interior do armário encastrado na parede norte.
A mesa de desenho do atelier rebatia sobre o tampo de um armário lateral que por sua vez era fechado por uma porta de correr. Quando estava a uso havia um apoio de madeira em V que a mantinha na posição normal ficando o armário aberto com os materiais de desenho à mão."


Fig. 10

Apropriação
"Erskine enveredou pela autoconstrução tendo construído ele próprio a casa com a ajuda da sua mulher. Durante a construção o projecto original de 1941 sofreu várias modificações.
O arquitecto colocou em prática a ideia de auto abastecimento. Para o terreno envolvente foram desenhados além do jardim, também hortas e colmeias com o objectivo de suprir as necessidades alimentares.
Uma das faces exteriores da chaminé - a única rebocada de toda a casa - decorou-se com motivos vegetais."
Aspecto e coerência espacial e ambiental



Fig. 11

Atractividade
"A casa concebeu-se sob os princípios de simplicidade e austeridade herdados da sua formação socialista.
Concebida como um objecto autónomo, a casa apoiava-se num embasamento de cinco metros de comprimento por três de largura
A disposição de uma moldura de cor branca - enquadrando os alçados Norte e Sul, assim como os vãos da fachada Leste - contrastava com o vermelho escuro da madeira e conferia ao projecto um toque de modernidade."



Fig. 12

Domesticidade
"Erskine investiu muito tempo e esforço no desenho da chaminé, concebida como elemento autónomo elevado em relação ao pavimento.
No interior Erskine colocou tabuleiros de madeira não aplainados separados de 30 em 30cm."
A domesticidade da casa é dada pela elementaridade da solução. A ideia de lar coincide aqui com a de abrigo definido pelas reduzidas dimensões do espaço e pela presença do elemento fundador que é a lareira. As características de austeridade e frieza do desenho moderno são contrabalançadas com o conforto que se associa ao material dominante: a madeira.
Integração
Não está presente um conceito de integração mimética entre arquitectura e natureza. Há antes a intenção de moldar um território natural transformando a vizinhança próxima num espaço rural. Haverá depois sem dúvida também o objectivo de tirar partido das condições naturais do terreno para que a casa possa dialogar com o enquadramento natural, transformando-o no seu cenário.



Fig. 13

Conclusão
Através deste exercício - elaborado num curto espaço de tempo e sem oportunidade para ser devidamente reflectido - podemos constatar que haverá um potencial de apoio ao discurso analítico da arquitectura mediante a adopção de uma grelha constituída pelos rumos e factores de análise definidos e desenvolvidos pelo LNEC (Rumos e Factores de Análise da Qualidade Arquitectónica Residencial, ITA 8, Livraria do LNEC).
Não se defende aqui que o discurso de arquitectura tenha que ser sistematizado cientificamente por pontos e temas retirados de uma lista de verificação (os factores de qualidade arquitectónica). Aquilo que defendemos sem reservas é que a tomada de consciência dos factores dessa "lista" pode funcionar como um auxiliar de memória para que possamos falar e pensar com clareza e para que não nos esqueçamos que no centro da arquitectura está o Homem.



Fig. 14

Breves notas do editor:
As imagens assim como as referências de texto têm todos a mesma proveniência: Fernández-Galiano, Luis (2008) La caja, Lissma (Suecia). in AV Monografias, n.º 132, pp. 56-65.
O artigo refere-se a um trabalho em redor do artigo original, que incluía não só as informações escritas como todas as imagens.
O ensaio de Luís Morgado consistiu em construir um argumento (o de que os factores de qualidade permitem clarificar o discurso arquitectónico) com uma demonstração que tem por base um texto existente (o que é assumido, inicialmente, no artigo.
O autor do artigo, Luís Morgado, é Arquitecto e Professor, cooperou em trabalhos de investigação do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), frequenta, actualmente, o Programa de Doutoramento em Arquitectura e Desenho Urbano do DECA do IST.
Este programa de doutoramento em Arquitectura é participado pelo LNEC e especificamente pelos doutorados do seu Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU), com participações do seu Núcleo de Ecologia Social (NESO).
Advertência ao leitor
Nota da edição: embora os artigos editados na revista Infohabitar sejam previamente avaliados e editorialmente trabalhados pela edição da revista, eles respeitam, ao máximo, o aspecto formal e o conteúdo que são propostos, inicialmente pelos respectivos autores, sublinhando-se que as matérias editadas se referem, apenas, aos pontos de vista, perspectivas e mesmo opiniões específicas dos respectivos autores sobre essas temáticas, não correspondendo a qualquer tomada de posição da edição da revista sobre esses assuntos.
Infohabitar, Ano VI, n.º 314
Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte, 3 de Outubro de 2010