terça-feira, março 31, 2020

Desenhos a sépia de velhos/novos espaços urbanos e naturais (I) – Infohabitar # 724


Ligação direta (clicar) para:  717 Artigos Interactivos, edição revista, ilustrada e comentada (38 temas e mais de 100 autores)


Infohabitar, Ano XVI, n.º 724

Desenhos a sépia de velhos/novos espaços urbanos e naturais (I) – Infohabitar # 724

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)


Notas prévias:
Muito estimados leitores da Infohabitar, caros amigos,
continuamos a “batalha” contra o inimigo invisível, julgo, agora um pouco mais habituados ao teletrabalho e ao confinamento doméstico.
Temos de manter a força e procurar ter um máximo de rigor e reforçar mesmo o cumprimento das indicações para “estar em casa” e manter a distância social; só assim poderemos proteger-nos e proteger os outros.
E não tenhamos dúvida de que quem sai de casa sem ser por razões plenamente justificadas está, realmente, a  colocar em risco o esforço de confinamento que todos estamos a fazer e a contribuir para o prolongamento e mesmo para o agravamento desta situação.
Realmente, nestes tempos tão difíceis para todos e verdadeiramente inacreditáveis (até para velhos amadores de ficção, como é o meu caso e, por favor, não considerem este último comentário menos respeitoso, pois trata-se, apenas, de colocar, por escrito, um pensamento que, provavelmente, tem ocorrido, a muitos de nós, nestas últimas semanas), é fundamental, por um lado, e tal como acima se referiu, atender e cumprir, fielmente, entre outros aspetos, as indicações de confinamento doméstico – e não tenhamos quaisquer dúvidas de que “ficar em casa” é a única forma de nos protegermos, de protegermos os outros e de facilitarmos o heroico esforço dos profissionais de saúde e de tantos outros que não podem estar em teletrabalho (e são muitos e importantes os testemunhos que destacam a importância vital do isolamento doméstico no combate ao vírus) – e, por outro lado, procurar construir, gradual, mas seguramente, uma fundamental rotina de atividades, entre as quais :
(i) os cuidados de higienização própria e do espaço doméstico,
(ii) os cuidados de distância social no espaço de uso público e mesmo, sempre que possível, no próprio espaço doméstico,
(iii)a prática das mais variadas atividades complementares e de lazer adequadas ao espaço doméstico 
(iv) o desenvolvimento de uma razoável e bem saudável disciplina de teletrabalho doméstico.
E é com este sentido que iremos procurar assegurar a continuidade das edições semanais da Infohabitar, tanto com novos artigos sobre aspetos teórico práticos que se poderão, talvez, designar como mais “consistentes” – por exemplo, o retomar da Série “Habitar e Viver Melhor” e o desenvolvimento de uma nova Série editorial dedicada à “Habitação Colaborativa Intergeracional” –, como através da reedição, eventualmente comentada, de artigos editados nos primeiros anos da Infohabitar, e ainda através da continuidade de uma edição comentada de esquissos/desenhos, seja numa perspectiva da própria prática do desenho livre, seja considerando, especificamente, os aspectos de arquitectura e de habitar que estejam, eventualmente, associados a cada tema desenhado.
Finalmente, faz-se um apelo sincero:
. a novos artigos que nos possam ser enviados com o objetivo da respetiva edição, que poderão ser de variada índole, desde que referidos ao grande tema do habitat humano  - ex., desde temas estruturados e/ou inovadores, a reflexões específicas sobre determinada matérias (e o confinamento doméstico proporciona sem dúvida muita matéria de reflexão teórico-prática sobre o que são e o que poderiam ser os nossos “mundos” domésticos);
. a recensões sobre livros ou filmes, conjuntos de imagens, pelo menos, minimamente apresentadas e/ou comentadas, como fotos e esboços (cuidado com a autoria), etc.
. e a “simples” comentários relativos a determinados artigos, comentários estes que deverão ser acompanhados pela referência de autorização para divulgação editorial (caso assim o desejem).
E para já é tudo, mas na próxima semana voltaremos.

Com saudações calorosas e desejos de muita força e de boa saúde,
Lisboa, Encarnação, em 30 de março de 2020
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar (em teletrabalho doméstico)

Desenhos a sépia de velhos/novos espaços urbanos e naturais (I)  – Infohabitar # 724

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)

Introdução explicativa
Como referência prática de apoio à leitura, lembra-se que no artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, se procurou desenvolver, esquematicamente, a ideia de que, nos tempos de hoje, quando se pretende imprimir ao espaço urbano uma renovada marca pedonal e de meios “suaves” de deslocação, facilitados, designadamente, pelas novas tecnologias de informação e comunicação e pelo crescimento do uso dos veículos pouco poluentes, será talvez altura de podermos reavaliar e reintroduzir soluções de Arquitetura urbana, que integrem, e profundamente – portanto, no “pleno uso” dos respetivos e muito amplos leques de tipologias de espaços e aspetos de pormenor – morfologias de edifícios e de espaços públicos, sendo ambas, expressivamente, marcadas pela escala humana, e pela diversidade e mutação de agradáveis e atraentes sequências de imagens, verdadeiramente catalizadoras do movimento e da permanência.
No referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, realizou-se, então, uma abordagem de enquadramento da temática dos velhos/novos espaços urbanos, seguindo-se o apontamento de  alguns desenvolvimentos recentes e de referência, que apoiam estas ideias, desenvolvendo-se, sequencialmente a matéria do que se considera poder ser uma estratégica variabilidade urbana, que se julga poder ser até facilitada pelas novas e potentes ferramentas de projeto e de visualização do mesmo.
E salienta-se, finalmente, que se julga que boa parte destas reflexões ilustradas poderão ser úteis em termos de apoio à prática, quer no contexto de novas intervenções, quer no âmbito de regeneração urbana, respeitando-se, naturalmente, a essencial adequação e/ou adaptação a cada situação específica e a estratégica caraterização de cada operação.
Alguns desenhos comentados
Em seguida e tendo-se por base a apresentação de alguns desenhos à mão livre (7 esboços coloridos a sépia), comentam-se, neste caso com brevidade, as matérias da Arquitetura do habitar, associáveis às temáticas que acabaram de ser referidas, mas não se descurando alguns também breves comentários relativos ao desenvolvimento dos respetivos desenhos (a brevidade dos comentários acabou por se aplicar mais às últimas figuras).


Fig. 01: pormenor do caminho que serpenteia no agradável jardim urbano que rodeia a igreja de Santo Eugénio na Encarnação, um espaço que se julga ter sido uma das primeiras obras do arq.º paisagista Gonçalo Ribeiro Telles (Jardim da Praça de Santo Eugénio, Encarnação, Lisboa, 1951).
Este jardim encontra-se rodeado por moradias e equipamentos, mas consegue, mesmo com um dimensionamento muito equilibrado (relativamente pequeno) uma razoável simulação de um ambiente natural, através de relvados, arbustos, árvores com diferentes tamanhos e formas de copa e caminhos que vão “ondulando” e oferecendo assim percursos mais estendidos e com sequências variadas de pontos de vista.
Tal como é refletido no título do artigo o esquisso é colorido a sépia, neste caso usando-se tinta permanente que é depois aguarelada e, finalmente, sublinhando-se alguns aspetos a traço negro.


Fig. 02: vista de uma zona pedonal em Olivais Norte, Lisboa, “centrada” em um dos edifícios que correspondem ao Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura de 1967, o primeiro (e julga-se que o único) Prémio Valmor atribuído a um edifício de habitação de interesse social, com projeto dos arquitectos Nuno Teotónio Pereira, António Pinto de Freitas e Nuno Portas.
Estamos numa “nova” zona urbana lisboeta, Olivais Norte, que constitui o mais exemplar bairro modernista português, rodeado pela grande malha de pequenas moradias do bairro da Encarnação e hoje em dia facilmente visitável através da estação de Metro da Encarnação.
A estrutura/ambiente urbano que aqui foi muito bem desenvolvida tem uma imagem dupla que corresponde a uma “dupla vida”: (i) seja mais urbana, através de uma razoável continuidade física de edifícios e árvores de arruamento, acompanhando as rodovias estruturantes do bairro; (ii) seja mais naturalizada, tal como é visível no esquisso, através de uma conjugação entre veredas e outras zonas pedonais, organicamente desenvolvidas, massas naturalizadas de zonas verdes horizontais (relvados e prados), verticais (árvores com diferentes formas e dimensões) e de transição horizontal/vertical (arbustos eles próprios com diferentes formas/funções) e edifícios que, aqui, neste mundo/vida mais naturalizado surgem numa sua presença mais solta e bem distinta dessa relativa continuada urbana.
O esquisso segue a mesma “técnica” das aguadas sépia, seguidamente reforçadas a traço negro; neste caso procurando-se desenvolver alguma distinção de tipo de “traçar”, entre a ilustração dos elementos naturais (talvez menos “gráfica”) e a ilustração dos edifício, mais sintética.


Fig. 03: outro pormenor do caminho que percorre o jardim urbano que rodeia a igreja de Santo Eugénio na Encarnação, referido no texto da Fig. 01, salientando-se que neste jardim se desenvolveu uma grande extensão e continuidade dos espaços relvados o que proporciona excelente funcionalidade dos respetivos cuidados de manutenção e jardinagem.
E embora constituindo um espaço de jardim bastante formal são evidentes os pormenores “dramáticos” que reforçam a expressão e o sentimento de estarmos num espaço de natureza (“construída”, é claro), como neste enquadramento em que o caminho é praticamente coberto por duas pequenas árvores, uma de cada lado e onde é possível ter a noção de perspetiva/profundidade bem pontuada pelos troncos das árvores que vão “desaparecendo”, gradualmente, ao longe.


Fig. 04: outra vista de uma zona pedonal em Olivais Norte, Lisboa novamente “centrada” em um dos edifícios que correspondem ao Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura de 1967, ilustrando-se, neste caso, a importância que esta exemplar malha urbana modernista soube dar ao evidenciar da topografia original e a grandes oliveiras pré-existentes, e que foram conjugadas com novas plantações de árvores altas, e assim articulando-se com a altura dos edifícios.
O esquisso aplica, também, as aguadas sépia, primeiro desenhadas com os traços sépia de caneta de tinta permanente, depois “aguados”/aguarelados e, finalmente, sublinhando-se o desenho a traço negro, neste caso, com texturas bastante acentuadas.


Fig. 05: novamente, uma zona pedonal de Olivais Norte, neste caso marcada por edifícios relativamente baixos e com expressiva continuidade horizontal, trata-se de uma tipologia de habitações duplex sobrepostas, que, de certa forma, fazem aproximar a ideia de conjunto à de habitações unifamiliares em banda em segundo plano de uma paisagem quase rural.
E fica evidente o cuidado que foi colocado na escolha das espécies, com destaque para as arbóreas, nesta caso com um amplo espaço muito focado numa grande árvore de copa larga; sublinhando-se, assim, o que foi, entre nós, a primeira grande e muito qualificada intervenção da arquitectura paisagista no âmbito da promoção de habitação de interesse social e à escala de um pequeno bairro.


Fig. 06: na imagem o grande e único edifício Categoria IV do bairro de Olivais Norte projetado pelo Arq.º Abel Manta; na altura (década de 1960) a habitação de interesse social portuguesa encontrava-se estruturada em cinco categorias, caracterizadas essencialmente por distintos aspetos de espaciosidade doméstica e também, em parte, a tipos de acabamentos - Categorias I, II, III, IV e HR, sendo as habitações menos espaçosas as de Categoria HR e I, e assinalando-se, a propósito, que a atual habitação de interesse social corresponderá, em termos de espaciosidade doméstica, sensivelmente à “antiga” Categoria II (talvez um pouco melhorada).
Em termos de desenho/esquisso nunca é fácil fazer o “apontamento” de um grande edifício caraterizado por um muito elevado número de elementos iguais (neste caso vãos exteriores e varandas), correndo-se, frequentemente, o risco de um excesso de síntese, com resultado na reduzida compreensão do “objeto” desenhado, ou, até mais frequentemente, de um excesso de minúcia e de um excessivo “carregar” na presença gráfica do grande número de elementos repetidos; isto para além da intensa atenção/paciência necessária(s) para a tentativa da respetiva expressão gráfica.


Fig. 07: finalmente e, aqui, essencialmente para fazer destacar diferenças estruturantes ou básicas entre dois tipos de espaço urbano – modernista e “tradicional” – temos uma vista esquissada sobre a Colina do Castelo em Lisboa, deixando e haver espaço entre edifícios, que passam a surgir como uma verdadeira colina edificada, sem edifícios protagonistas a não ser, talvez o Castelo e um ou outro elemento urbano um pouco distinto do conjunto.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.


Infohabitar, Ano XVI, n.º 724

Desenhos a sépia de velhos/novos espaços urbanos e naturais (I) – Infohabitar # 724

Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.


Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).

terça-feira, março 24, 2020

Retomar uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar # 723


Ligação direta (clicar) para:  717 Artigos Interactivos, edição revista, ilustrada e comentada (38 temas e mais de 100 autores)



Infohabitar, Ano XVI, n.º 723

Retomar uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar # 723

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)


Notas prévias importantes:

Caros e muito estimados leitores da Infohabitar,
Nestes tempos tão difíceis para todos e verdadeiramente inacreditáveis (até para velhos amadores de ficção, como é o meu caso e, por favor, não considerem este último comentário menos respeitoso, pois trata-se, apenas, de colocar, por escrito, um pensamento que, provavelmente, tem ocorrido, a muitos de nós, nestas últimas semanas e especialmente nos últimos dias), é fundamental, por um lado, atender e cumprir, fielmente, entre outros aspetos, as indicações de confinamento domésticoe não tenhamos quaisquer dúvidas de que “ficar em casa” é a única forma de nos protegermos, de protegermos os outros e de facilitarmos o heroico esforço dos profissionais de saúde e de tantos outros que não podem estar em teletrabalho (e são muitos e importantes os testemunhos que destacam a importância vital do isolamento doméstico no combate ao vírus) – e, por outro lado, procurar construir, gradual, mas seguramente, uma fundamental rotina de atividades, entre as quais : (i) os cuidados de higienização própria e do espaço doméstico, (ii) os cuidados de distância social no espaço de uso público e mesmo, sempre que possível, no próprio espaço doméstico, (iii)a prática das mais variadas atividades complementares e de lazer adequadas ao espaço doméstico e (iv) o desenvolvimento de uma razoável e bem saudável disciplina de teletrabalho doméstico.
E é com este sentido que iremos procurar assegurar a continuidade das edições semanais da Infohabitar, tanto com novos artigos sobre aspetos teórico práticos que se poderão, talvez, designar como mais “consistentes” – por exemplo, o retomar da Série “Habitar e Viver Melhor” e o desenvolvimento de uma nova Série editorial dedicada à “Habitação Colaborativa Intergeracional” –, como através da reedição, eventualmente comentada, de artigos editados nos primeiros anos da Infohabitar, e ainda através da continuidade de uma edição comentada de esquissos/desenhos, seja numa perspectiva da própria prática do desenho livre, seja considerando, especificamente, os aspectos de arquitectura e de habitar que estejam, eventualmente, associados a cada tema desenhado.
Finalmente, faz-se um apelo sincero:
. a novos artigos que nos possam ser enviados com o objetivo da respetiva edição, que poderão ser de variada índole, desde que referidos ao grande tema do habitat humano  - ex., desde temas estruturados e/ou inovadores, a reflexões específicas sobre determinada matérias (e o confinamento doméstico proporciona sem dúvida muita matéria de reflexão teórico-prática sobre o que são e o que poderiam ser os nossos “mundos” domésticos);
. a recensões sobre livros ou filmes, conjuntos de imagens, pelo menos, minimamente apresentadas e/ou comentadas, como fotos e esboços (cuidado com a autoria), etc.
. e a “simples” comentários relativos a determinados artigos, comentários estes que deverão ser acompanhados pela referência de autorização para divulgação editorial (caso assim o desejem).
E para já é tudo, mas na próxima semana voltaremos.

Com saudações calorosas e desejos de muita força e boa saúde,
Lisboa, Encarnação, em 23 de março de 2020
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar (em teletrabalho doméstico)


Retomar uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos  – Infohabitar # 723

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)

Introdução explicativa
Como referência prática de apoio à leitura, lembra-se que no artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, se procurou desenvolver, esquematicamente, a ideia de que, nos tempos de hoje, quando se pretende imprimir ao espaço urbano uma renovada marca pedonal e de meios “suaves” de deslocação, facilitados, designadamente, pelas novas tecnologias de informação e comunicação e pelo crescimento do uso dos veículos pouco poluentes, será talvez altura de podermos reavaliar e reintroduzir soluções de Arquitetura urbana, que integrem, e profundamente – portanto, no “pleno uso” dos respetivos e muito amplos leques de tipologias de espaços e aspetos de pormenor – morfologias de edifícios e de espaços públicos, sendo ambas, expressivamente, marcadas pela escala humana, e pela diversidade e mutação de agradáveis e atraentes sequências de imagens, verdadeiramente catalizadoras do movimento e da permanência.
No referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, realizou-se, então, uma abordagem de enquadramento da temática dos velhos/novos espaços urbanos, seguindo-se o apontamento de  alguns desenvolvimentos recentes e de referência, que apoiam estas ideias, desenvolvendo-se, sequencialmente a matéria do que se considera poder ser uma estratégica variabilidade urbana, que se julga poder ser até facilitada pelas novas e potentes ferramentas de projeto e de visualização do mesmo.
E salienta-se, finalmente, que se julga que boa parte destas reflexões ilustradas poderão ser úteis em termos de apoio à prática, quer no contexto de novas intervenções, quer no âmbito de regeneração urbana, respeitando-se, naturalmente, a essencial adequação e/ou adaptação a cada situação específica e a estratégica caraterização de cada operação.
Alguns desenhos comentados
Em seguida e tendo-se por base a apresentação de alguns desenhos à mão livre (5 desenhos coloridos), comentam-se as matérias da Arquitetura do habitar, associáveis às temáticas que acabaram de ser referidas, mas não se descurando alguns comentários relativos ao desenvolvimento específico dos respetivos desenhos.


Fig. 01: uma malha urbana “tradicional” (e neste caso parcialmente inventada) composta por edifícios não muito altos, configurando espaços públicos com expressiva escala humana e, portanto, ainda mais “apertados” ou “abrigados”, (noções distintas, reconheça-se) do que se tivessem sido regulamentarmente dimensionados – a partir da “regra dos 45º”, que se refere (de modo muito genérico, sublinha-se) a um afastamento entre edifícios no mínimo igual à maior altura que tem cada um deles; sendo esta uma regra que tem os seus benefícios (ex., mais insolação nas ruas e nos espaços domésticos), mas também os seus problemas (por exemplo, não proporcionando espaços públicos bem sombreados e frescos no verão); e uma regra que julgo ser bem diferente, aqui ao lado, em Espanha.
Um outro aspeto a salientar, sempre, é o favorecimento da perspetiva e de um sentido de percurso bem encaminhado e "cortado" no aglomerado da edificação, que é proporcionado por estas ruas estreitas de edifícios baixos e contínuos.
No que se refere mais ao esboço (desenho original em formato A3), salienta-se a “liberdade” de traçar que é proporcionada pelo trabalho num formato maior e, talvez, a maior oportunidade que assim se à previsão ("reserva") de estratégicos e vitalizadores espaços brancos, contrastantes e portadores de luz e cor.



Fig. 02: um esboço também inspirado numa malha urbana “tradicional” (e neste caso totalmente inventada), e dirigido – em termos das principais ideias que pretende veicular (matéria esta à qual voltaremos nestes artigos) – para o acentuar da importância específica que tem, quer o expressar do sentido “global”, ou “uno”, ou “de conjunto” de um dado aglomerado urbano (neste caso o que podemos designar de uma “colina edificada”), quer o papel de troços urbanos bem marcados, estruturados e “ancorados” em determinados edifícios e/ou espaços urbanos singulares e razoavelmente destacados (neste caso a torre de uma Igreja marcando a continuidade de um eixo urbano); e, já agora, porque não apontar, também, a importância da expressão intensificada de uma situação ou caráter local únicos, que, neste caso, se refere ao apontar evidenciado de uma topografia bem assinalável.
No que se refere mais ao esquisso (desenho original em formato A3), salienta-se a afirmada expressão de espaços a branco (não “desenhados” ou marcados a azul claro/“sombras”), estratégicos e vitalizadores, contrastantes e constituindo bases de luz e de cores vivas; e este parece ser um caminho importante na prática do desenho: o “traçar” com espaços e contornos “a branco”, o traçar, afinal, com a “forma negativa”, que nos proporciona, cumulativamente, uma interessante luminosidade. Em termos de “técnica”, se assim o podemos designar, o desenho foi construído a traço de caneta à prova de água, seguindo-se a aplicação de “marcadores” coloridos e aqui e ali aguarelados (usaram-se, portanto, marcadores aguareláveis).

Fig. 03: um esboço diretamente inspirado numa malha urbana "tradicional" (neste caso uma vista sobre o bairro de Alfama, em Lisboa), e que se refere, globalmente, ao acentuar do caráter de um dado espaço urbano, aqui desenvolvido num afirmado diálogo ribeirinho e entre colina e rio; num sentido orgânico que marca o esboço e o “objeto” esboçado, cuja unidade é definida por determinados elementos construídos com aplicação geral em toda a massa edificada que surge na vista, elementos estes que, neste caso, são os telhados inclinados, a cor da telha, a relativa regularidade dos vãos de janela, as mansardas e uma paleta cromática “clara”, marcada pelo branco e por tons relativamente claros e naturais, embora com contrastes pontuais mais expressivo; e, ainda assim, frequentemente, também “naturais” (ex., verdes e azuis).
Mais em termos do "sentido" básico (intenção) do esboço (desenho original em formato A3), embora com evidentes ligações urbanísticas e no quadro de habitat que aqui é “construído”, temos três grandes temas ilustrados (a ilustrar): o conjunto de telhados da cidade; a “banda” ou a faixa “industrial” e portuária que remata a cidade e a margem do rio; e o próprio rio.
Depois há outros remates paisagísticos, referidos num primeiro plano à Igreja, que acentua perspetivas e dinamiza a cena/vista urbana e, num último plano, a margem de lá, a outra margem, que também se visualiza habitada e que fecha a composição em contraponto com a cidade em primeiro plano e rematando a faixa de céu.

Fig. 04: novamente um esboço inspirado numa malha urbana “tradicional” (neste caso também totalmente inventada), e dirigido – em termos das principais ideias que pretende veicular (matéria à qual voltaremos nestes artigos) – para a procura de um espaço urbano fortemente coeso nas suas relações entre edificado e espaço público; um sentido que aqui se procura apontar num espaço público que, quase como um “corredor transparente”, vai “mexendo/circulando” e descendo, organicamente, entre continuidades de fachadas, e vivida, sempre, com um estimulante sentido de ravina formada entre escarpas edificadas.
No que se refere mais ao esquisso (desenho original em formato A3) as ideias que marcaram, essencialmente, este exercício foram três: a tentativa de expressar um espaço urbano a descer e claramente perspetivado; a procura de “desenhar” também com espaços a branco (bem evidente nos edifícios à esquerda e na roupa estendida, à direita); e a vontade de marcar uma composição estruturada, essencialmente, pelos espaços de piso público e de céu (duas “pirâmides” que quase se tocam no pequeno edifício branco ao fundo).

Fig. 05: novamente um esboço inspirado numa malha urbana “tradicional” existente (neste caso um espaço público de Alfama, em Lisboa), e que se refere, globalmente, talvez a um interessante sentido de “domesticação” (no sentido de tornar mais doméstico, mais habitável) do espaço público urbano; e para tal não tenhamos qualquer dúvida que importa trabalhar este espeço público com uma atenção tão estruturante como “fina” e pormenorizada; e além disso há aqui a proposta de uma malha urbana atraente e diversificadamente habitada e humanizada, através de edifícios bem distintos uns dos outros e de acessos ao espaço público muito variados e apropriáveis.
No que se liga mais ao desenho (original em formato A3), salienta-se, neste caso, em primeiro lugar, a procura de uma maior detalhe, provavelmente , talvez, um pouco exagerado no que se refere aos edifícios mais distantes, que teriam ganho, em sentido de profundidade, com uma expressão mais livre e esquemática.
E importa referir aqui, talvez pela primeira vez nestas reflexões sobre o desenho do/no espaço urbano, a questão da importância que tem o que se poderá definir como uma “paciência ativa”, tão necessária ao desenvolvimento de uma peça desenhada que já tem uma dimensão relativamente significativa (neste caso o formato A3), pois esta dimensão de desenho implica já uma significativa manutenção da atenção na sua execução ao longo de algum tempo, isto se quisermos fazer este desenho de uma vez, o que se pensa poder trazer-lhe uma “qualidade” (no sentido de expressividade) difícil de obter em sucessivas sessões de desenho; mas esta é uma reflexão bem discutível, embora ,julga-se, sempre útil, pois desenhar só se faz com um forte equilíbrio entre o que se poderá designar de força criativa e o que se poderá referir como paciência criativa – tempo “mínimo” para conseguir concretizar, com um máximo de concentração (e de “paciência”) a ideia que nos move.
Mas tal equilíbrio e tal “tempo” de concentração não deve resvalar para “excessos desenhados”, que possam afetar negativamente o sentido global do desenho, designadamente, em termos de expressão evidenciada de profundidade, de muito claro/muito escuro (pontualmente) e de zonas de cor e de pormenor (maior ou menor).   


Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.


Infohabitar, Ano XVI, n.º 723

Retomar uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar # 723

Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.


Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).

terça-feira, março 17, 2020

6.ª Assembleia Geral da GHabitar DESCONVOCADA – Infohabitar # 722



Infohabitar, Ano XVI, n.º 722
6.ª Assembleia Geral da GHabitar DESCONVOCADA – Infohabitar # 722

Nota editorial importante:
Avisam-se os caros leitores que a nossa revista irá procurar assegurar uma edição semanal regular nas próximas semanas; e volta-se a anunciar que poderão enviar-nos (para abc.infohabitar@gmail.com) propostas de artigos, dentro das temáticas do “habitat humano”, que serão objeto de excelente atenção pela edição.

António Baptista Coelho
Editor



GHabitar - Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional
Rua Armandinho, nº3 – Loja A, 1950-446, Lisboa (Freguesia de Marvila) N.I.P.C. n.º –  513 040 625

Anulação da convocatória da 6.ª Assembleia-geral ordinária da GHabitar – APPQH , que estava prevista para sexta-feira, dia 27 de Março de 2020, em Lisboa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 101, 1700-066 Lisboa (sala do Arq.º António Baptista Coelho).


Caros amigos e colegas associados da GHabitar-APPQH

Ouvidos os Corpos Sociais e membros fundadores da nossa GHabitar - Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar-APPQH),
e tendo em conta a situação grave e complicada que é por todos vivida, foi decidido desconvocar a Assembleia-geral prevista para a sexta-feira dia 27 de março no LNEC.

Salienta-se, portanto, que a  referida Assembleia-geral NÃO SE IRÁ REALIZAR,

ficando, assim, adiada para uma data posterior, que será devidamente discutida no âmbito dos corpos sociais da Associação e depois devidamente comunicada aos associados e com convocatória publicada na Infohabitar.
Mais se informa que esta comunicação foi, hoje mesmo, enviada para os emails de todos os associados.

Com os melhores cumprimentos e os sinceros desejos de muita força e boa saúde para todos ( e já agora vejam as notas finais),

Lisboa, Sede da GHabitar e Sede da FENACHE, 17 de março de 2020

António Baptista Coelho
Presidente da Direção da GHabitar - Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional

Notas finais:
Já agora, dê uma olhadela nos links que se seguem e ajude com um like (em cada um):
O projeto criativo pré-escolar Violeta Borboleta a ser selecionado no concurso europeu LUMA
E o projeto escolar (do 2.º ano) Save the Ocean também a ser selecionado no mesmo concurso internacional LUMA.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Infohabitar, Ano XVI, n.º 722
6.ª Assembleia Geral da GHabitar DESCONVOCADA – Infohabitar # 722
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) –, em Lisboa


Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).