segunda-feira, janeiro 27, 2014

469 - Mundos domésticos e pessoais: habitação e espaços da habitação - Infohabitar 469


Infohabitar, Ano X, n.º 469
Infohabitar a revista semanal na WWW sobre o habitat humano

Mundos domésticos e pessoais: habitação e espaços da habitação, temas de desenvolvimento

Artigo XLIV da Série habitar e viver melhor

António Baptista Coelho

Retomando o excelente parágrafo do arquiteto P. Céleste, citado no último artigo desta série, é essencial que nos interiores domésticos possamos “estar em sua(nossa) casa (o “nossa” é responsabilidade do autor destas linhas) e numa “habitação calorosa”, sendo que “o contexto é o que nos anima” e, nesse contexto, o “exterior deve fazer sonhar”, e há que privilegiar uma “distribuição simples que proporcione dar um nome a cada peça e que se ligue a comportamentos habitacionais muito flexíveis” e “é preciso encontrar uma certa forma de deambulação, estar atento à arte de colocar uma porta, uma janela, atento aos gestos quotidianos.” (1)

E esta “repetição” sincopada das palavras do citado autor são de grande interesse pois sintetizam muito daquilo que ser irá tentar fazer nos próximos artigos desta série e salienta-se, desde já, que em 10 aspetos considerados no texto acima (referidos em seguida na mesma ordem usada no referido parágrafo), apenas dois se podem considerar com natureza mais objetiva e mesmo assim a questão de uma “distribuição simples” e da adequação aos “gestos quotidianos” incluem, também, aspetos menos objetivos:

(i) apropriação geral;

(ii) atratividade e domesticidade;

(iii) integração;

(iv) comunicabilidade e estímulo ao desejo/sonho no habitar;

(v) racionalidade e acessibilidade – “distribuição simples”;

(vi) apropriação específica e reforço da identidade de cada espaço;

(vii) adaptabilidade;

(viii) acessibilidade flexível, adaptável e apropriada.

(ix) criatividade projetual e capacidade de pormenorizar

(x) funcionalidade e adequação à multiplicidade dos “gestos quotidianos”.



Fig. 01

Não se trata aqui de aprofundar qualquer conflito/despique entre aspetos mais qualitativos e eventualmente mais subjetivos ou mais quantitativos e objetivos, pois ambos têm natural presença no quadro de uma adequada e ampla qualidade residencial e arquitetónica, mas apenas sublinhar que, quando estamos em presença de uma boa conceção de arquitetura residencial (e sublinhou-se expressivamente esta condição), a essencial mistura qualitativa e quantitativa ou mais subjetiva e mais objetiva, referida aos diversos aspetos de projeto e vivência a ter em conta, não parace favorecer os aspetos habitualmente considerados como mais objetivos, funcionais e racionalistas, e, aliás, isto acontece, quer devido à fulcral importância dos outros aspetos, em boa parte responsáveis pelo fazer das habitações de que realmente gostamos – tal como aponta P. Céleste –, quer devido à frequente circunstância de tais aspetos mais funcionais estarem, habitualmente, tão intimamente embebidos no “partido” geral e no quadro de pormenorização da habitação, que acabem por não ser entendidos de forma específica e esolada por quem a habita e mesmo por quem a visita.
Dito isto apontam-se e comentam-se, muito brevemente, em seguida as matérias em que se dividiu a abordagem do grande tema dos “mundos domésticos e pessoais”, que irá ser publicada, ao longo de vários meses, na Infohabitar e nesta série editorial (Série habitar e viver melhor), naturalmente de forma intercalada com outros artigos, de outros autores e sobre outros temas, e sempre procurando que cada artigo tenha a sua máxima autonomia temática.
Serão, assim tratadas as seguintes matérias relativas aos “mundos domésticos e pessoais”.


Fig. 02
 

Grandes Opções Domésticas.

A organização e a caracterização de um espaço doméstico pode seguir determinados hábitos de organização domésticos, alguns dos quais decorreram da evolução da vivência doméstica ao longo de alguns milénios, e outros que, praticamente, acabaram de nascer pois foram inventados em finais do séc. XIX e no séc. XX, ou então a organização e a caraterização de um espaço doméstico pode passar por uma verdadeira reinvenção bem fundamentada das respectivas funções, ambientes, associações espaciais e diversos espaços de actividade e de cena, numa perspetiva de aplicação discutida do que podemos designar como “Grandes Opções Domésticas”.
 

Espaços de ligação habitação-edifício e habitação-rua.

Sobre a ligação habitação-rua importa aprofundar as possibilidades vivenciais e arquitetónicas que uma diversidade de relacionamento entre esses dois mundos de privacidade e convivialidade pode e deve proporcionar com o duplo objectivo de uma cidade mais variada, atraente e mesmo equilibradamente surpreendente, e de uma habitação marcada pela identidade

Viver ao nível térreo.

A existência de residências térreas, dispondo de espaços exteriores privativos, liga-se a uma oferta, directa, de condições de vida diária potencialmente muito semelhantes ao viver em edifícios unifamiliares e pode, até, ser conveniente para potenciar a continuidade da presença humana e a animação urbana.
 

Sobre a adaptabilidade doméstica

Sobre a importância, hoje em dia crucial, da adaptabilidade das soluções domésticas salientam-se alguns aspectos que são considerados essenciais tendo em vista, essencialmente, o desenvolvimento de habitações adequadas a diversos tipos de famílias, modos de vida e de uso e apropriação, e o combate a "layouts" e configurações pormenorizadas com características funcionais e ambientais "rígidas" (pouco adaptáveis e versáteis); de certo modo e mais uma vez é apagar, de vez, a ideia de que as habitações podem ser concebidas, apenas, como soluções funcionais, e/ou que essa possibilidade é algo que pode ser, até, considerado como um aspeto positivo na conceção.


Fig. 03

Bons espaços e ambientes domésticos.

A ideia que se quer aqui sublinhar é a importância determinante do conforto ambiental, com destaques específicos para a insolação, a luz natural, a ventilação, o isolamento de ruídos e o isolamento térmico, para uma verdadeira satisfação com o espaço doméstico.
 

Zonas domésticas: (novas) ideias organizativas.

Provavelmente, há alguns anos, esta parte do trabalho seria das mais importantes em termos de um apoio prático ao desenvolvimento de melhores soluções habitacionais. Tratava-se, então, afinal, de um relativo culminar de toda uma tradição de zonamentos funcionais ou funcionalistas, zonamentos estes que, infelizmente, ajudaram a destruir bairros de cidades e a uniformizar espaços domésticos no sentido do serviço a uma pessoa “média” e a uma família “média”, que raramente existem.
 

Equilíbrios dimensionais e de privacidade.

Desenvolvem-se, neste tema, considerações sobre o equilíbrio com que se distribui o espaço na habitação e as respectivas consequências na adequação aos tipos de família e a diversos modo de vida.

Opções domésticas de compartimentação.

Trata-se de desenvolver a matéria da junção e divisão de compartimentos e espaços, da escolha entre ter mais compartimentos mais pequenos ou menos compartimentos maiores e da separação entre zonas mais sociais ou mais íntimas.

“Libertar” a habitação das instalações.

A ideia que quer aqui evidenciar é que tudo o que se faça para favorecer uma maior capacidade de apropriação e de adaptabilidade dos espaços domésticos relativamente aos seus habitantes, pode ser extremamente afetado, por redes e padrões de serviço de instalações rígidos e pouco adaptáveis.

Oferta diversificada de espaços domésticos específicos.

Nesta parte da temática abordam-se, globalmente, os compartimentos, cantos e recantos domésticos e os espaços tendencialmente intimistas onde se processa a vida diária das famílias, um leque variado de espaços habitualmente com funções específicas, mas desejavelmente com uma equilibrada flexibilidade funcional, que devem ser espaços privilegiados da apropriação familiar e individual.

Em próximo artigo desta série iremos, então, avançar para as “Grandes Opções Domésticas”.

Notas:
(1) Monique Eleb, Anne Marie Chatelet, “Urbanité, sociabilité et intimité des logements d’aujourd’hui”, 1997, p. 238.
Notas:
       
        Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.


      Editor: António Baptista Coelho - abc@lnec.pt
INFOHABITAR Ano IX, nº469
Artigo XLIV da Série habitar e viver melhor
      Mundos domésticos e privados: temas de desenvolvimento
     Grupo Habitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional
     e  Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do LNEC
    Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

468 - Mundos domésticos e pessoais - introdução - Infohabitar 468


Infohabitar, Ano X, n.º 468

Os nossos pequenos mundos domésticos e pessoais: introdução

Artigo XXXXIII da Série habitar e viver melhor

António Baptista Coelho

Mundos e espaços domésticos

Tal como já foi referido, A Série “Habitar e Viver Melhor” está a atravessar a porta dos mundos domésticos (a aprofundar ao longo de 2014), importando sublinhar que o mundo doméstico retoma, hoje em dia, uma importância que talvez só tenha tido no mundo antigo, quando habitar e trabalhar profissionalmente se conjugavam, com frequência, nos mesmos espaços de habitar, condição que, entre outros aspetos, tinha exigências específicas de adequada integração e proximidades urbanas; exigências estas que talvez hoje, também, devam ser devidamente reconsideradas.

A Série “Habitar e Viver Melhor”, que tem vindo a ser editada na Infohabitar, desde há mais de uma ano, intercalada por outros artigos, pretende contribuir para o aprofundamento e a discussão desse reavivar do interesse pelos mundos domésticos, numa perspetiva que realça, naturalmente, o sentido destes espaços como cenários ativos e protagonistas do enquadramento das nossas vidas diárias e do apoio e reforço das nossas identidades, servindo, designadamente, como “estojo” global e particularizado, devidamente estimulante, agradável e funcional dos espaços e elementos que integram as nossas vidas e que consideramos poderem constituir aspetos bem apropriados e divulgáveis de quem nós somos e fomos, dos nossos quadros familiares e sociais e das nossas histórias de vida e memórias específicas, ou, pelo menos, daquelas que mais acarinhamos.

Fig. 01: ... servindo, designadamente, como “estojo” global e particularizado, devidamente estimulante, agradável e funcional dos espaços e elementos que integram as nossas vidas

Sobre o fazer dos nossos pequenos mundos domésticos o arquitecto e habitante P. Céleste refere que se trata “de ocupar um sítio, de estar em sua casa, de produzir uma habitação calorosa. O contexto é o que nos anima. Há peças que devem ver o exterior e esse exterior deve fazer sonhar. Há que ter atenção a uma distribuição simples que proporcione dar um nome a cada peça e que se ligue a comportamentos habitacionais muito flexíveis ... não é possível a circulação dupla as áreas não o permitem ... é preciso encontrar uma certa forma de deambulação, estar atento à arte de colocar uma porta, uma janela, atento aos gestos quotidianos. O habitar de hoje não é mais pensado como no século XIX para a festa e a recepção, mas para a relação com a vida quotidiana” (1) – os sublinhados são do autor do artigo.).

Organizações da habitação

Falar de organizações da casa, hoje em dia, deveria ser falar de uma reflexão e inovação contínuas, sempre no sentido de se procurar uma adequação contínua, pois já é tempo de (voltar a) pensar a casa com verdadeira liberdade. E esta matéria parece ser óbvia, mas só o será superficialmente, pois continuamos a imaginar e conceber habitações numa “lógica” quase estritamnte funcionalista e rigidamente hierarquizada e praticamente nem notamos o que estamos a fazer, pois toda a nossa formação foi feita nesse sentido de funcionalização e “mecanização” do espaço doméstico, um espaço que deveria ser o tal “estojo” das nossas variadas identidades.

Há, naturalmente, alguns aspectos que são fundamentais em termos de privacidade, funcionalidade e conforto, mas estes são facilmente sintetizáveis numa pequena listagem de aspectos dimensionais mínimos (ex., larguras de compartimentos) e de recomendações, ou, melhor dito, esclarecimentos no sentido de se alertar para que determinados posicionamentos de determinados compartimentos (ex., casas de banho) poderão ter influências negativas nos jogos de privacidade interiores e que há que ter em conta relações privilegiadas e protegidas entre alguns compartimentos (ex, entre quartos de dormir e casas de banho).

Mas estamos, realmente, frequentemente, já bem longe das situações em que as “instalações sanitárias” eram tendencialmente zonas higienicamente críticas e que convinha afastar e “esconder” o mais possível e onde as cozinhas eram espaços “oficinais” dificilmente integráveis com as zonas de estar; isto só para dar dois exemplos de mudança doméstica profunda.

O resto, o resto que é quase tudo numa “inovadora” conceção dos espaços domésticos deveria ficar flexibilizado para as diversas capacidades criativas dos projectistas e para os modos de querer viver dos habitantes; naturalmente com a excepção de situações, devidamente identificadas, onde haja que ter em conta condições específicas e potenciais de uso da casa que recomendem cuidados particularizados, designadamente, em termos de relações entre espaços, uso e manutenção da habitação e sua durabilidade. E atente-se que, tal como bem sabemos, mesmo nestas condições de justificada e cuidadosa adequação a modos de vida e usos da casa muito específicos e exigentes, o referido e “cego” excesso funcionalista, fazia, muito frequentemente, “vista grossa”,  ignorando deliberadamente tais contextos e aplicando-lhes a mesma receita global de habitar – da vizinhança, ao edifícios e ao espaço doméstico.

Flexibilização e adaptabilidade doméstica

E importa sublinhar que tais caminhos de flexibilização e ampla adaptabilidade doméstica não significam, naturalmente, qualquer abandono dos objectivos de qualidade residencial, mas sim um claro acréscimo dos mesmos, pois há todo um mundo de possibilidades de viver a casa, algumas delas aqui apontadas, que podem proporcionar uma satisfação e uma apropriação muito mais intensa por parte dos moradores.

O que se fez durante muitas dezenas de anos, designadamente, do século XX foi negar a existência de um tal mundo da identidade e da adaptabilidade, que está à vista de todos em tantos exemplos de arquitectura tradicional, quanta dela até, por vezes, justificadamente não-regulamentar, e em tantos outros exemplos daqueles grandes arquitectos que fizeram grande arquitectura doméstica, mas que preconizaram ideias que não foram verdadeiramente entendidas e que não puderam ser, assim, reinterpretadas, por uma maioria de colegas menos criativos e que acabaram por beber essas “regras” como elemento facilitador de uma prática de projecto rigidamente funcionalista, até porque veiculada em termos regulamentares numa opção que é, frequentemente, arquitectonicamente “árida”.

E poderíamos até imaginar que, no limite, não seriam precisos arquitetos, para fazer essa arquitetura domésticas “automatizada”, ou então o habitar “reduzia-se” a uma indústria do tipo da automobilística em que se concebem, rigorosamente, “meia dúzia” de modelos (mais desportivos, mais familiares, mais económicos, etc.), que depois são globalmente disponibilizados; mas, pelo menos, o autor destas linhas e julga-se muito mais pessoas acreditam que o habitar novo e o reabilitado não têm este tipo de caraterísticas, pois são o tal “estojo” da nossa identidade e história e, também, são elementos protagonistas da nossa cidade e cultura.

Nada disto quer fazer reduzir a fundamental importância das matérias regulamentares ligadas a aspectos essenciais de segurança, saúde e bem-estar, no entanto considera-se que deve continuar a haver uma verdadeira possibilidade de reinterpretar arquitectonicamente tais matérias e, além disso ou, melhor, antes disso, haveria que rever alguns desses corpos regulamentares à luz de uma prática consistente e de um enquadramento científico verdadeiramente mais aprofundado e culturalmente mais fundamentado.

Tudo isto se julga pertinente quando estamos a passar a soleira da casa e quando, à nossa frente, imaginamos, por um lado, a infinidade de soluções domésticas repetidas até à náusea, numa espécie de solução-tipo geral de habitação, naturalmente, com libertadoras variações criativas e estimulantes, enquanto, por outro lado, lembramos ainda tantas soluções que fomos visitando ou vendo em livros e revistas e onde não há essa solução global estereotipada – uma espécie de “esquerdo-direito” doméstico – mas sim uma enorme diversidade de oferta de relações, espaços e pormenores protagonistas, que marcam positivamente as casas e quem as habita ou até apenas as visita, reforçando-lhes, designadamente, os seus aspetos de identidade e de apropriação.


Fig. 02: ... diversidade de oferta de relações, espaços e pormenores protagonistas, que marcam positivamente as casas e quem as habita ou até apenas as visita, reforçando-lhes, designadamente, os seus aspetos de identidade e de apropriação.

 

Espaços domésticos bem caraterizados

Sendo assim, não se irá fazer, nesta série de artigos, qualquer menu de soluções a aplicar conforme um outro menu de necessidades, mas apenas uma pequena viagem por mundos domésticos positivamente caracterizados, onde cada espaço e cada relação nos emociona e nos serve plenamente; sendo que a mistura de tais espaços e ambientes ficará, naturalmente, ao livre arbítrio dos leitores e à capacidade que possam ter de poderem influenciar as suas casas e as casas que projetem.

Por isso se optou por uma exposição que, nas próximas sequência de artigos muito direccionadas para o interior doméstico, “inverte”, um pouco, as regras normais em trabalhos técnicos e científicos, porque no corpo das páginas se irá tratar daquilo que marca espacial e ambientalmente as diversas zonas da casa, em termos de notas gerais bem entendíveis por todos e não apenas por projectistas e investigadores, remetendo-se para pé-de-página as indicações mais objectivas e especificadas, sempre que se considere que tais indicações poderão ser úteis para concretizar as ideias de vida e ambiente doméstico a que se referem.

E não é excessivo referir que outros estudos se dedicam especificamente aos aspetos mais objectivos do habitar e dos espaços domésticos, como por exemplo o já citado estudo, intitulado “Do bairro e da vizinhança à habitação” e que foi publicado pelo LNEC no já “longínquo” ano de 1998 (ITA 2); e mesmo neste estudo houve o cuidado de disponibilizar várias possibilidades e opções funcionais para cada espaço doméstico, referidas por diversos autores.
De certa forma tem-se, assim, a técnica expressivamente subordinada ao objectivo fundamental de se viver melhor, na casa de cada um, de acordo com os melhores objectivos de vivência doméstica que encontramos em tantos exemplos, desmistificando na medida do possível tais objectivos, em termos de custo e em termos de “impossibilidades” funcionais e servindo, assim, para que cada um possa inventar, pelo menos parcialmente, o seu sítio doméstico sonhado e desejado.

Habitação e apropriação

A batalha seguinte será tentar concretizar tais ideias no mundo doméstico de cada um, mas uma guerra tem sempre várias batalhas e para as começar a ganhar uma informação esclarecida e eficaz é essencial. Lembremos que se começou esta viagem – esta série editorial – na vizinhança urbana e, depois, ao longo do edifício, que são mundos onde naturalmente terá de haver ordem e equilíbrio gerais e consensuais e onde a apropriação por cada um, será bem-vinda, mas desde que bem regrada, concentrada e positivamente cumulativa em termos de atractividade e de identidade local; mas agora, dentro das nossas casas, estamos num mundo “nosso”, que deve privilegiar uma adequada apropriação individualizada dos seus diversos espaços e elementos particularizados.

Finalmente importa referir, aqui, o facto de que temos sempre tendência a imaginar uma casa numa perspectiva organizativa rígida: por exemplo, imaginamos entrar para um vestíbulo e daí passar para o resto da habitação, mas quando encaramos uma situação “tradicional” de entrada directa para uma sala de jantar que é também sítio de boas-vindas não estranhamos esta “quebra” de sequências. E este é um exemplo que pode ir mais longe, naturalmente, e que aqui se ilustra com a entrada de uma habitação em Malmö que dava directamente para uma ampla cozinha e sala de família; e não havia outra entrada e os visitantes estranhavam, logo na altura, mas as reacções pareciam, depois, globalmente positivas, quando os visitantes começavam a entender a estrutura inovadora daquela habitação.

E será, assim, nesta perspetiva de uma inovação bem fundamentada e referenciada à nossa cultura habitacional e doméstica que procuraremos estruturar os próximos artigos desta série sobre os espaços domésticos de um “habitar e viver melhor”.

Notas:
(1) Monique Eleb, Anne Marie Chatelet, “Urbanité, sociabilité et intimité des logements d’aujourd’hui”, 1997, p. 238.
          
         Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.


        Editor: António Baptista Coelho - abc@lnec.pt

INFOHABITAR - Ano X, nº468

Artigo XXXXIII da Série habitar e viver melhor

Os nossos pequenos mundos domésticos: notas de introdução

Grupo Habitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional
e  Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do LNEC
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.

segunda-feira, janeiro 13, 2014

Nota da edição da Infohabitar

Devido ao elevado número de consultas de página registado durante a última semana, a edição decidiu manter, durante mais uma semana, em primeira linha editorial, o artigo do economista e sociólogo catalão Jordi Estivill Pascual; intitulado "Pontes entre a periferia: de Barcelona a Lisboa. Notas ao redor da gentrificação", que vivamente se recomenda, numa altura em que é bem evidente a urgência e a sensibilidade das iniciativas de reabilitação social e física nos nossos centros históricos e periferias.

Na próxima segunda-feira a Infohabitar retomará a sua edição de novos artigos.

O editor da Infohabitar
António Baptista Coelho

segunda-feira, janeiro 06, 2014

467 - Pontes entre a periferia: de Barcelona a Lisboa. Notas ao redor da gentrificação - Infohabitar 467

Infohabitar, Ano X, n.º 467


Reforçando os votos de um Feliz Novo Ano de 2014, é com muito gosto que iniciamos o 10.º ano de edições semanais da Infohabitar com um artigo de um novo colaborador da nossa revista, o economista e sociólogo catalão Jordi Estivill Pascual; o artigo intitula-se "Pontes entre a periferia: de Barcelona a Lisboa. Notas ao redor da gentrificação", e merece toda a nossa atenção, pelo grande interesse de que se reveste considerando, entre outras importantes matérias associadas a intervenções urbanas em Lisboa, a apresentação que é feita, no artigo, de algumas das mais importantes facetas sociais da rebilitação urbana desenvolvida em Barcelona, numa altura em que está bem evidente a urgência e a sensibilidade das iniciativas de reabilitação social e física nos nossos centros históricos e mesmo das nossas periferias urbanas.

Agradecemos ao colega Jordi Pascual este excelente artigo, que esperamos seja o primeiro de uma presença periódica na Infohabitar, e referimos que que anexam no final do texto algumas breves notas biográficas relativas ao extenso e rico currículo do autor.

E deseja-se uma boa leitura,  

António Baptista Coelho
editor da Infohabitar

Pontes entre a periferia: de Barcelona a Lisboa. Notas ao redor da gentrificação


Jordi Estivill Pascual

“Observando agora mais cuidadosamente a
Península Iberica, não já em fotografia mas numa
análise estatística diacrónica, e tendo o cuidado
de ignorar a fronteira política entre os dois países
peninsulares, verifica-se um movimento secular
da fixação das populações na periferia”

J.P. Martins Barata “Pensar Lisboa”. 1989.

Estímulos iniciais

El exordio de Martins Barata sacado de su estimulante libro Pensar Lisboa invita a reflexionar en términos de una periferia peninsular en la que los movimientos migratorios hacia los litorales marítimos han constituido concentraciones humanas alrededor de grandes ciudades. Según este cosmopolita arquitecto Lisboeta, este proceso plantea el desafío de unas ciudades que deben enfrentarse a unas concentraciones metropolitanas que como él afirma son “umas maquinas de fazer a vida cara” (1).

Si se me permite la confesión, estimulado por mi estimación por las dos ciudades, Barcelona y Lisboa, animado por las anteriores reflexiones, redacto estas notas que analizan sobre algunos puentes que se pueden tender entre dos ciudades de la periferia ibérica, alrededor del concepto de gentrificación y de sus aplicaciones. No se trata de un examen profundo, ni tan siquiera de una comparación sistemática, sino de algunos apuntes interrogativos que pueden sugerir elementos comunes y diferenciales entre estas dos ciudades metropolitanas, portuarias y capitalinas.

Si Martins tiene razón, habría que situar los modelos de gentrificación en una doble perspectiva. La primera en una tendencia histórica por la que los movimientos poblacionales van del centro a la periferia, del asentamiento poblacional ligado a la agricultura hacia los núcleos industriales y de servicios, del mundo rural al mundo urbano. Esta tendencia engrandece las ciudades creando una estratificación social por la que los últimos llegados acostumbran a ser los más pobres, que se asientan donde pueden o les dejan. Lo que no quiere decir que no exista una ancestral pobreza urbana que se reproduce. La segunda, es que esta expansión metropolitana que supera el ámbito de la ciudad estricta (2), genera, a la corta o a la larga, un crecimiento del precio del suelo urbano. Este, no solamente depende de las necesarias infraestructuras que se van creando (transporte, saneamiento, comunicaciones,…), sino también de las transformaciones que impone la reproducción del capital en el espacio, como el sociólogo francés Lefebvre (3) enseñó hace mucho tiempo.



Fig. 01: vista da zona central de Barcelona - acervo Infohabitar

Em torno do conceito de gentrificação e da sua utilidade

Como se puede definir el concepto de gentrificación?. Y sirve o no para analizar las anteriores tendencias?. Un inicio de respuesta a esta segunda pregunta es a la vez afirmativo y negativo.
Es bien conocido que el concepto de gentrificación emerge de la mano de una socióloga inglesa (4) que trata de explicar y denuncia el proceso de expulsión y substitución de las clases populares por parte de los “gentry”(pequeña nobleza) en determinados barrios del Londres de los años sesenta del siglo pasado. A partir de esta primera definición, este concepto ha hecho un largo itinerario. Primero utilizado en el mundo anglosajón, ha desembarcado después en el mundo latino e ibérico de la mano de geógrafos, sociólogos, antropólogos, urbanistas, arquitectos y otros profesionales que reflexionan sobre el devenir de las ciudades. En este largo itinerario, la gentrificación ha ido adquiriendo varios contenidos y las múltiples investigaciones empíricas le han dado algunos valores añadidos. Sería demasiado largo recorrer, aquí, un itinerario (5) que tiene más de cincuenta años en el seno de las ciencias sociales.

Aunque se puede apuntar una aproximación sintética que tenga en cuenta tanto los factores económicos como el papel de los actores privados y públicos en los procesos de apropiación y organización (producción y consumo) del espacio urbano. Esta aproximación debe empezar por poner de manifiesto a la recomposición productiva y social que se genera en los años ochenta. En estos años, por un lado hay una deslocalización de los grandes centros fabriles que se difuminan en el espacio (fabrica difusa) o se instalan en las periferias urbanas al mismo tiempo que surgen nuevas actividades económicas en las ciudades. En segundo lugar, hay un empobrecimiento de estratos tradicionales de la clase trabajadora y de profesiones arrinconadas por la utilización de nuevas tecnologías. Así ya entonces, se habla de una nueva pobreza (6) articulada con las modificaciones del mercado de trabajo. En tercer lugar, la reestructuración familiar tiene, entre otros, el resultado del crecimiento del número de personas que viven solas, el aumento de parejas sin hijos, el resquebrajamiento de los lazos sociales. Y en cuarto lugar, surgió una nueva clase media integrada por profesionales emergentes ligados a la industria cultural y de servicios: diseñadores, informáticos, periodistas televisivos, arquitectos, decoradores, personas ligadas a la moda, al arte, al marketing, etc… En su seno, en pleno clima neoliberal, se potencian la cultura hedonista, del mérito y de nuevas formas de consumo que se corresponden con las aspiraciones y demandas de estos emergentes más o menos Yuppies (7), Bobos (8), intermediarios culturales, o como quiera llamárseles.

Si, anteriormente a esta época, especialmente en los Estados Unidos pero también en bastantes países europeos, se había asistido a un fenómeno de instalación de las capas altas en las nuevas urbanizaciones colindantes con las ciudades, en el Maresme en el caso de Barcelona, de Lumiar (9) en el de Lisboa, en esta década se redescubre el valor de la urbe y de su centro. Es en este redescubrimiento donde la gentrificación toma cartas de naturaleza y se convierte a la vez en un proyecto político (10) y urbanístico bajo palabras tan bonitas como la regeneración, la revitalización, la renovación y el renacimiento urbano. Los emergentes necesitan nuevos lugares para residir (loft, edificios distintivos,…) y comprar (tiendas fashion,..) que marquen su “distinción” elitista. Baudrillard (11) podrá ser utilizado como inspirador de esta cultura del consumo y de sus signos y símbolos convertidos en nuevos estilos de vida. Solo falta, la complicidad de la administración pública local y la inversión privada que será facilitada por un capital ávido de hacer beneficios rápidos con la especulación inmobiliaria.

Ahora bien, seria impropio adjudicar toda la responsabilidad a los ciudadanos “Gentrifiers”. Pero, “de aquellas lluvias, estos lodos” que inundan y encharcan la situación actual en el estado español, donde el crédito bancario y las hipotecas inmobiliarias eran interesadamente “regaladas” generando un endeudamiento masivo de las economías familiares. Hay que recordar que esto no era lo que había caracterizado a la anterior cultura económica ibérica centrada en el trabajo, el pequeño ahorro y la propiedad de la casa (12).

Cabe preguntarse, una vez más, si estos conceptos y sus prácticas subyacentes, que no son neutros, son útiles para explicar nuestras realidades de países semiperiféricos, semicentrales. Sures fluidos de un Norte dominante, hasta que punto, la gentrificación formaría parte de una operación de dominio ideológico, por la que se aceptan acríticamente unas terminologías y unas políticas llegadas de fuera?.

En este sentido, algún autor como Atkinson (13) ha tratado la gentrificación urbana como un proceso de colonización en el contexto de la progresiva globalización actual. Aunque en el mismo libro, Petsimeris (14) pone de relieve que en las ciudades del Mediterráneo la gentrificación no es tan evidente y que en cualquier caso viene de lejos. Tampoco la globalización no es un fenómeno de hoy en día. En sus diferentes trabajos (15), Luis Mendes, a partir de la discusión de los paradigmas marxistas, explica como los procesos de transformación del espacio urbano (fragmentación, suburbanización y centralización) están en relación con la acumulación del capital. Lo cual invita a repensar la gentrificación en la perspectiva de una internacionalización del capital y de sus consecuencias a escala local (aparición del capital multinacional a escala local, grandes operaciones inmobiliarias, homogeneización del consumo urbano, modas de consumo y diseño mundiales, movimientos migratorios internacionales, movilidad creciente y residencialización, etc.…). Si algunas ciudades ya son globales (16), también lo serian sus procesos de gentrificación?.


Fig. 02: vista da zona central de Barcelona - acervo Infohabitar

Origens e causas da gentrificação

Ahora bien, si se aceptan algunas de las anteriores aproximaciones, la atracción hacia las ciudades genera movilizaciones de población que se asientan en los barrios históricos degradados y en sus periferias. En general, es en estos barrios degradados del centro en los que autóctonos empobrecidos y recién llegados conviven y se mezclan, no sin algunos conflictos, donde se produce la expulsión de este tipo de población, paralela o posterior a la substitución gentrificadora que puede ser más o menos rápida, más o menos pacifica.

Pero, no necesariamente y no siempre se produce una substitución espacial de población pobre por una más rica y potente. Hasta cierto punto, los movimientos inmigratorios en la Barcelona de los años cuarenta después de la guerra civil, engrosaron los barrios populares. Si bien es cierto que los límites e intersticios de la trama urbana se llenaron de chabolas (17), el llamado, entonces, Barrio Chino (18), en el histórico centro de la ciudad, concentró una gran parte de esta inmigración. En coherencia con su denominación, su nivel de concentración poblacional subió hasta límites “asiáticos”. Alrededor de las famosas Ramblas Barcelonesas, aumentó el número de pensiones baratas, se edificó encima de los terrados, se utilizaron los subterráneos, las buhardillas, se saturaron las viviendas albergando a varias familias en cada piso, se multiplicaron todas las tipologías de la economía subterránea e informal y dentro de ellas, todas las formas imaginables de ocupación ilegal del espacio urbano. Se empobreció la sociedad (19) y dentro de ella, la mayoría de los centros urbanos. En el caso de Barcelona, incluso esta invasión popular expulsó a gentes ricas que residían en algunas calles de la parte baja de la ciudad que fueron desplazándose hacia las partes altas, en una especie de gentrificación a la inversa.

Otro ejemplo de gentrificación por abajo sería el de la Alfama de Lisboa donde el terremoto de 1755 provocaría una huida de las clases altas hacia otros lugares y una ocupación de las clases populares reconstruyendo las casas según los trazados antiguos y aprovechando los materiales de los edificios destruidos. Así empezaría la nueva historia de un barrio popular que se va constituyendo en sociedad particularizada (20).

Desde esta perspectiva, la presión migratoria no es el único factor de una inversa gentrificación por abajo, pero plantea un ancho campo de investigación sobre los diferentes modelos de convivencia, inserción, integración, asimilación de los inmigrantes y de los colectivos nómadas como los gitanos, en las ciudades de acogida. Modelos que han dado origen a una amplia producción científica y literaria y a innumerables políticas y medidas, que no pueden ser tratadas aquí. Pero quizás sea útil sugerir que las más radicales gentrificaciónes generan procesos de segregación y de exclusión urbana cuando las poblaciones expulsadas son asentadas en otros lugares. La Mina en Barcelona, el Casal Ventoso en Lisboa podrían ser dos ejemplos que van en este sentido. En casos extremos, pueden llegar a generarse procesos de estigmatización y de potencial “guetoización”(21) de la población más marginal.

También es posible imaginar un modelo mixto en el que a pesar de existir una presión gentrificadora y algunos de sus efectos, la población autóctona integrada por artesanos, pequeños talleres, tradición asociativa y cultural fuertes, algunos equipamientos simbólicos y identidad enraizada en un determinado territorio es capaz de oponerse y/o de encontrar formas de acomodación.

Hasta cierto punto no son estos los casos de los barrios populares de Gracia en Barcelona y de la Alfama (22) en Lisboa?. Sin escapar a los efectos de la globalización, y con claros procesos substitutivos anteriores, los dos barrios comparten un tejido urbano de calles estrechas y pequeñas plazas soleadas, un perímetro geográfico bien definido en una situación central de la ciudad, edificios no muy altos y pequeña propiedad horizontal, alta densidad poblacional, una ocupación vecinal del espacio público, de la calle, de la plaza, una reciente llegada de jóvenes ( erasmistas, jóvenes artistas y alternativos, nuevos artesanos, etc..), a los que se les arriendan pisos que a veces se rehabilitan, una animada vida nocturna en los múltiples bares, tascas, restaurantes y locales más o menos alternativos, un buen numero de asociaciones, unas más antiguas, otras más modernas, que se organizan entre otras funciones para celebrar las fiestas dos Santos Populares en Alfama y las de finales del mes de agosto en Gracia. El abundante turismo ambulante y desestacionalizado, visita pero no vive en hoteles masivos en estos barrios, ánima, pero no substituye, las actividades económicas autóctonas. Ganan los servicios y la economía de proximidad. “Tudo ao pe de casa” como dice una alfamista (23). Igual podría decirlo un “Gracienc”: “tot queda a mà”.

Estas consideraciones y comparaciones llevan a pensar que se tienen que dar unas determinadas condiciones para que la gentrificación se inicie y pueda desplegarse plenamente. No siempre las presiones de las clases altas van a ejercerse sobre los barrios populares. Pueden construir sus propios espacios y urbanizaciones. Estas clases están constantemente queriéndose diferenciar de los “otros” mediante sus formas de consumo, mediante el lugar residencial y el tipo de viviendas. En su proceso de diferenciación urbana, de crear su propio territorio social, acostumbran a tener diferentes alternativas. Pueden hacerse fuertes en los centros de las ciudades o alejarse de los mismos o invadirlos de nuevo, o constituir enclaves como parece ser el caso de los “condominios fechados” que se desparraman por casi toda Lisboa (24). Si este proceso depende del capital privado, se puede sospechar que las agencias inmobiliarias hacen un cálculo racional sobre el coste de la remodelación del espacio urbano y de la rehabilitación de las viviendas. Si esta remodelación no es claramente rentable, o se alían con la iniciativa pública para que ayude cubriendo una parte de los costes o invierten en otros lugares donde estos costes sean menores y mayores los beneficios.

Así por ejemplo, se puede sugerir, que las dificultades de una sistemática rehabilitación del magnífico centro histórico de Porto (25) están en una ausencia y una falta de voluntad del capital privado local- ¿adonde fue la acumulación de la burguesía de Porto? - que en parte, ha escogido para residir, otras zonas alejadas. El sistema de propiedad no ayuda. Tampoco parece que el capital público tenga la capacidad y la voluntad de renovar a fondo a Baixa Portuense. En cambio, se ha producido una cierta renovación comercial en la zona de Miguel Bombarda, sin que haya gentrificación residencial (26). Hasta cierto punto esto también se ha producido en el barrio de la Ribera en Barcelona. No deja de ser interesante que, en otras condiciones, a pocos kilómetros de Porto, en Guimarães, se haya dado una hibridación, por ahora positiva, donde población autóctona residente y comercio tradicional conviven y son actores junto al municipio, con una renovación urbana del centro histórico. Son las ciudades más pequeñas, más propensas y facilitadoras a estas formas de hibridación no excluyente?. Muy probable.

¿Otra de las condiciones posibles para que se inicie un proceso de gentrificación es el de la degradación de las condiciones físicas y sociales de un determinado espacio?. Es la bajada del precio del suelo una de estas condiciones previas?. No solo y no siempre. Históricamente, por lo menos procesos de gentrificación “avant la lettre”, se dieron por motivos de represión militar como por ejemplo con la apertura de la avenida Hausman después de la “Commune” en Paris o con la Vía Layetana cuya construcción se aceleró después de la revuelta popular de 1909 en Barcelona. En ambas experiencias, se produjo una destrucción violenta de zonas populares y su mutación en avenidas para clases adineradas, por las que el ejército podía desplazarse. En otras ocasiones, bastante comunes a finales del siglo diecinueve (27), fueron argumentos de higiene y salud publica los que fueron utilizados para reemplazar las áreas urbanas más insalubres y pobres.

Igualmente se podría investigar porque determinados proyectos gentrificadores no llegaron a aplicarse. Cual fue la conjunción de factores que impidieron su despliegue?. Este parece ser el caso del proyecto de la Ribera en la Barcelona de los finales de los sesenta (28) del siglo veinte y de los proyectos de 1888 con el viaducto, o los de Silva entre 1948 y 1952 en el Barrio Alto (29) de Lisboa.

Pero se puede insinuar que la fortaleza de la identidad de un barrio y la pujanza de su capital social son probablemente factores que impiden, limitan o retrasan su gentrificación. Sin olvidar los factores económicos, se podría formular una primera hipótesis por la que la resistencia de los pobladores a dejarse “invadir y seleccionar” está en relación con su identificación afectiva, cultural, y simbólica con su territorio. Si su casa y su calle, su historia y la de su familia, sus relaciones amistosas y vecinales y sus circuitos económicos son locales y fuertes y tienen una gran significación para ellos, lógicamente van a ofrecer grandes resistencias para ser expulsados. Una segunda hipótesis corolario de la primera tiene que ver con la noción de capital social (30) activo. Valores compartidos, redes sociales fuertes, confianza y proyecto colectivo de futuro crean lazos nada fáciles de romper. Y por lo tanto, en un territorio en el que sus ciudadanos tengan un patrimonio y una memoria de sus iniciativas conjuntas y diferentes de las de otros (fiestas, deportes, artesanía, gastronomía,..), una capacidad asociativa (31) importante ligada a la defensa y a la afirmación cultural y política y posibilidades de desarrollo socioeconómico local, las operaciones de gentrificación por arriba, se van a encontrar con mayores dificultades.

Desde este punto de vista, está por escribir una historia de victorias y derrotas de los factores y movimientos que desbloquean las gentrificaciónes por arriba y por abajo, en la península ibérica. Estas no pueden comprenderse sin el examen de estas causalidades de fondo y sus consecuencias. Cuáles pueden ser, algunas de ellas, para una comparación entre Lisboa y Barcelona?


Fig. 03: vista da zona central de Barcelona - acervo Infohabitar

Aproximações à gentrificação em Lisboa e Barcelona

Hay varias formas de abordar la gentrificación. Una es la de tratarla de una forma difusa, extensiva, utilizando un conjunto de indicadores para toda la ciudad y comparándolos por barrios, distritos, y freguesias. Este método que es muy dependiente de las demarcaciones administrativas y políticas y del nivel de localización de la producción estadística, sirve para detectar cuales son los territorios donde más claramente se concentran los eventuales procesos de gentrificación. Estos pueden ser mayormente explicados cuando las series son históricas y aparecen factores recurrentes.

Walter Rodrigues, en un libro (32) donde reflexiona sobre la ciudad en transición, ha utilizado este procedimiento para Lisboa. En él, establece una tipología (33) por la que habría una gentrificación (nobilitaçâo) puntual en la zona más histórica de la ciudad medieval en torno al Castelo de San Jorge, en las freguesias que lo envuelven hasta el rio Tejo.

Una segunda modalidad seria más clásica y observable en las freguesias de Sé, Magdalena y dos Martires y que se corresponden con la Baixa y el Chiado. También deberían incluirse las del Sacramento y Mercès.

Una tercera se sitúa en la parte central de Lisboa donde el mismo autor debe reconocer que son zonas en las que ya vivían los grupos más adinerados, los profesionales más cualificados, con niveles formativos superiores y por lo tanto no se ha dado una substitución gentrificadora. 

Una cuarta se ubica en la periferia en Alto de Pina, Sâo Domingos de Benfica y sobretodo en Lumiar y por fin habría una forma emergente en el frente del rio entre Cais de Sodré y Belém, marcada por las operaciones públicas de recuperación y urbanización de estos espacios. En otro estudio (34), se señala que Charneca seria un caso mixto con un fuerte crecimiento poblacional debido a la inmigración reciente, pero también con construcciones demolidas e integradas en los proyectos del PER.

En una investigación realizada en Barcelona para el periodo 1970-1991, se sigue el mismo procedimiento a partir de los censos, aunque no se utilicen los mismos indicadores. Así se afirma banalmente la polarización social de la ciudad y se llega a la sorprendente y errónea observación que son los históricamente barrios ricos de Sarriá y San Gervasio donde se dan fenómenos gentrificadores (35). En este último tipo de presentaciones, parecidas a fotografías sin profundidad, no se sabe porque se generan estos procesos, ni tan siquiera que consecuencias tienen para la población, ni para el conjunto de la ciudad.

En cambio un segundo tipo de aproximación a la gentrificación parece ser más explicativo cuando la atención se focaliza y se concentra en el análisis cuantitativo y cualitativo de un espacio concreto. Se estudia su historia, se pregunta y se escucha a las personas y a los actores. En este sentido cabe presentar el paradigmático Rabal de Barcelona que ha sido sujeto de una importante cantidad de estudios (36) que ponen en evidencia como la conjunción de capital público y privado ha intentado una reciente gentrificación que se acelera después de los Juegos Olímpicos de 1992.

Como su nombre indica, históricamente, se trataba de una zona fuera de las murallas donde malvivían las gentes que no podían entrar en la ciudad o eran expulsadas. En su ámbito, fueron localizados algunos de los principales equipamientos asistenciales (Casa de la “Caritat”, Misericordia, Hospital de Santa Creu,…) y represivos (prisión de La Galera). Con la destrucción de las murallas en 1859, se empezó a fraguar el llamado modelo (37) de una Barcelona cuadricular (ensanche), al mismo tiempo que se instalaban las principales fabricas en los barrios limítrofes que fueron englobados en la ciudad. Tal fue el caso de la “Ciutat vella”, del casco antiguo, del Rabal que se convirtió en uno de los lugares de entrada y “acogida” de los inmigrantes que venían a trabajar en la naciente industria y de residencia precaria de las clases populares. Fue degradándose en el siglo diecinueve y gran parte del siglo veinte (38), en el que fue adquiriendo durante la gran guerra, la fama de canallesco, bohemio, lleno de cafés concierto, cabarets y prostíbulos. Mientras que las gentes “pudientes” que se ubicaban en el ensanche podían acudir a él para dar libre curso a sus placeres.

Las tentativas de gentrificación del Rabal han sido múltiples. Algunas se sitúan en el siglo diecinueve, las más se producen en el siguiente siglo en el que el bombardeo de la aviación italiana destruye más de 1.500 edificios en plena guerra civil. Después de ella se abre la Avenida Garcia Morato, pero que no consigue atravesar el barrio destruyendo su entramado de callejuelas estrechas donde se hacina una abigarrada y heterogénea población popular. El franquismo no modifica esta situación. Se debe esperar a finales de los años ochenta, para que se emprendan acciones que bajo los nombres edulcorantes de esponjear, clusterizar, se encubren operaciones de gentrificación mas o menos pacificas. El PERI (Plan Especial de Reforma Integral) de 1988 constituye la señal de partida de un conjunto de iniciativas gestionadas por una entidad (PROCIVESA) en la que se implica el capital público (60%) y el privado (40%).

Los resultados no dejan de ser significativos. Se han demolido 4.000 viviendas, 3.000 vecinos han sido realojados, se han construido la mitad de los pisos previstos, la mitad de los edificios han sido rehabilitados, el precio de alquiler y de compra ha subido por encima del de Barcelona, se ha llevado a cabo la llamada clusterización cultural, concentración de equipamientos culturales, con la apertura del CCCB (Centre de Cultura Contemporánea de Barcelona), del MACBA (Museu d’Art Conteporani de Barcelona), de las facultades de Geografia e Historia y de Comunicación, del CIDOB (Centre d’Informació i Documentació Internacional a Barcelona), de la Cinemateca y del nuevo edificio de l’Institut d’Estudis Catalans y se ha abierto la Rambla del Rabal.

Pero cuando menos se esperaba saltó la liebre y en el contexto del rápido crecimiento económico de la última década, el Rabal, recordando su papel histórico, se ha ido llenando, hasta un 55% del total de la población, como lugar de residencia y de encuentro, de inmigrantes (pakistaníes, magrebíes, filipinos y latinoamericanos) de todo el mundo (39). Los cuales crean abundantes circuitos de economía étnica que se yuxtaponen con los antiguos comercios y con las nuevas tiendas “trendy” (diseño, moda, ropa de segunda mano, galerías de arte, restaurantes de todo tipo ) (40).Esto sumado a la presencia de artistas, de “guiris” (41) , de erasmistas (estudiantes del programa europeo Erasmus) y de profesionales, da lugar a una multiplicidad de colectivos residentes que en parte, substituyen a la población autóctona pobre. Por ahora, en uno de los efectos inesperados que causan la desesperación de los planificadores urbanos, el azar bajo la forma de mezcolanza cosmopolita del paisaje humano y económico ha vuelto a ganar.

Como en cualquier intervención social y urbanística compleja y sobre todo con la gran sensibilidad y debate que existe en estos dominios en Barcelona, hay múltiples miradas que se dirigen a estos procesos que van más allá de la convencional gentrificación del Rabal. Las de arriba ensalzadoras y justificadoras (42), las de abajo más criticas (43) . Solo estudios posteriores sobre las transformaciones reales locales que se van produciendo, situados en el marco del devenir de la ciudad, permitirán ir zanjando un debate que en cualquier caso es positivo si se abre a todos los actores y no es secuestrado por expertos, funcionarios y políticos.

Este tipo de estudios, donde la lupa de la micro sociología y antrolopología y la observación participante son cruciales, requieren que, después, sus resultados sean sistematizados y generalizados para no quedarse en enseñanzas, únicamente y demasiado, específicas y locales.

Si se cultivase esta perspectiva se recuperaría una fecunda tradición ibérica de estudios locales. Tradición que toma empuje, ya en los años sesenta del siglo veinte, cuando empezaban en los dos países, los primeros trabajos sobre el desarrollo comunitario (44). Estudios conectados con el análisis de las condiciones de vida y la estratificación social de los habitantes, con la pobreza y la exclusión social y con el desarrollo económico local. Los cuales dieron fructíferos resultados que permitieron ir verificando las transformaciones sociales, económicas y urbanas de la piel de toro peninsular. Estos estudios, ahora retomados, abrirían nuevas lecturas sobre centro y periferia espacial, sobre urbanización, desurbanización y reurbanización y sobre las anteriores “gentrificaciónes escondidas”.


Fig. 04: vista da zona central de Barcelona - acervo Infohabitar

Agenda para finalizar

En estas notas quedan muchos temas en el tintero. Así por ejemplo como se analiza la gentrificación?, sirven las estadísticas convencionales?, cuales son los indicadores más adecuados?, es necesario conjugar métodos cuantitativos con los cualitativos?, como se ponen en relación los aspectos más estructurales con el papel de los actores?, hasta que punto no es fundamental hacer diagnósticos previos y análisis posteriores de las consecuencias ?.

Otros temas centrales de una futura agenda de trabajo, son los de situar la gentrificación en el paso del valor de cambio centrado en el trabajo fabril hacia la especulación del suelo, en las transformaciones de unas ciudades cada vez mas fragmentadas, segregadas y polarizadas, en las funciones de complicidad, paliación o limitación de los poderes públicos y de su capacidad de intervención, en el papel de la economía sumergida, en las estrategias de supervivencia del mundo opaco de la pobreza y la marginalidad, en la reconstitución de sus lazos sociales y de sus circuitos económicos, de sus nuevos refugios (45).

No se puede terminar, sin hacer una alusión a que la crisis actual, particularmente dura en los países periféricos de Europa, replantea el contexto de la gentrificación y de algunas de sus características. Por un lado, acentúa la globalización financiera y monetaria y la dependencia de las economías estatales, con respecto a los centros de decisión de las organizaciones supranacionales y de los flujos de los capitales internacionales. Así, en este contexto queda limitada la capacidad de intervención de la administración y es difícil concebir grandes operaciones de gentrificación urbana sino están conectadas y financiadas por capitales multinacionales. Por otro lado, muda la división internacional del trabajo deslocalizando la producción industrial y los modos de comercialización. Aparece una economía más virtual, especulativa y fluida en la que las ciudades se transforman en lugares de flujos de dinero, conocimientos y personas, en nudos emisores y receptores de redes mundiales. Es fácil vaticinar, que la competencia y la especialización van a instalarse entre las ciudades de todo el mundo, para encontrar su lugar en el sol internacional de estos movimientos y redes circulares.

En tercer lugar, la crisis aumenta y profundiza la pobreza y la polarización social urbana al mismo tiempo que crece la vulnerabilidad (46) del conjunto de la sociedad. Aumenta el sentimiento de desprotección y los ricos se hacen más ricos y hay más pobres, que a su vez, son más pobres. Lo que puede traducirse en que los primeros, tengan una mayor demanda de seguridad, defensa y separación geográfica y simbólica de los segundos.

Normativas de control y represión de los municipios, vigilancia visual en las calles, aumento de los cuerpos privados de seguridad, construcción y adecuación de los edificios a lógicas “brasileñas” de protección, coches y tiendas blindadas, son los mecanismos y objetos más probables. Igualmente, condominios fechados (especificidad Lisboeta), manzanas (especificidad Barcelonesa) de uso estricto, limitado y controlado, tentativas de disminución y privatización mercantil del espacio público, expulsión de los marginales y de sus comportamientos de las zonas turísticas, van a ser probablemente, las ”nuevas” formas de gentrificación por las que los de arriba se separan y se sacan de encima a los de abajo y los substituyen, si les conviene y pueden.

Con gentrificaciónes o sin ellas, la ciudad, Lisboa y Barcelona o algunos de sus barrios, pueden convertirse, acercándose al modelo del “gran hermano”, en un escaparate vigilado o en un museo de pago con guardias en cada esquina, a menos que los ciudadanos, luchando juntos, no lo remediemos.

Jordi Pascual, NOVEMBRO, 2013


Notas:

(1) Martins Barata,J.P.(1989) Pensar Lisboa. Lisboa. Livros Horizonte. (pag. 13).
(2) Balsa Marques,C (2008 ) Os espaços da pobreza, pobreza no espaço e orientaçoes da intervençâo social. Lisboa, Departamento de Sociologia. Universidade Nova de Lisboa. (pag.5).
(3) Lefevre,H. (974) La production de l’espace. Paris. Anthropos.
(4) Glass,R. (1964) London : aspects of change. Centre For Urban Studies. London. Macgibbon & Kee
(5) Se recomienda leer a Atkinson, Harvey, Smith, Hamnet,...
(6) Este concepto ha vuelto a aparecer ahora. Ver para finales de los años ochenta en Inglaterra Room,G. (1990) New poverty in the European Union. London. St.Martin Press, en Italia Saraceno,C.(1990). Nuova povertà o nuovi rischi di povertà en Negri,N,(ed) Povertà in Europa e trasformazione dello stato sociale. Milano. F. Angeli, en Francia Paugham,S.(1991) La desqualification sociale. Essai sur la nouvelle pauvretè.Paris. P.U.F. y en España Candel. F. (1988) La nueva pobreza. Barcelona. Edicions 62.
(7) “Young Urban Professional”. Literalmente Joven urbano profesional.
(8) Brooks.D. (2000) Bobos in paradise: the new upper class amd how they got there. Simon & Schuster (En Inglès Bourgeois bohemian, lo que es directamente traducible al francès por bourgeois bohème). Benis propone que se les identifique con la geraçao rasca. Tengo mis dudas sobre esto ultimo.
(9) Franco,S.N.(2012) Modelo Barcelona de espaço publico e desenho urbano. Estrategias de regeneraçâo para o Lumiar. Barcelona. Facultat de Belles Arts.
(10) Van Criekingen,M. (2008) Comment la gentrification est devenue, de phénomène marginal, un projet politique global . Revue Agone, n 38-39.
(11) Baudrillard,J. (1970) La société de consommation. Paris. Editions Planète.
(12) Aun en los años ochenta, en el interior del programa europeo de lucha contra la pobreza, los representantes de Portugal y de España se preguntaban porque una de las causas de la pobreza en el resto de Europa era el endeudamiento. Al mismo tiempo, todas las estadísticas señalaban que una especificidad ibérica era la poca importancia del número de personas que vivían en régimen de alquiler.
(13) Atkinson,R .Bridge,G.(ed.) (2005) A global context: The new colonialism. London. Routledge.
(14) Petsimeris,P. (2005) Out of squalor and towards another urban renaissance?. Gentrification and neighbourhood transformations in southern Europe, en Atkinson,R. Op.Cit. ( Pag 240 a 255).
(15) Mendes,L.(2012) Crise do marxismo e as geografias pós-modernas no estudio da gentrificaçâo.Lisboa. Cadernos do Centro Estudos Geograficos n 2. y Mendes.L. (2011) Dos margens para o centro. Rev. Iberoamericana de urbanismo n 5. Barcelona-Buenos Aires.
(16) Sassen,S.(1999) La ciudad global. Nueva York. Londres. Tokio. Buenos Aires. Ed. Eudeba.
(17) Camino,X.y otros (2011) Barraquisme, La ciutat (im) possible. Barcelona. Generalitat de Catalunya.
(18) Villar,P. (1996) Historia y leyenda del Barrio Chino (1900-1992). Cronica y documentos de los bajos fondos de Barcelona. Barcelona. La Campana.
(19) Contrariamente a la mayoria de estudios sobre la pobreza que hacen calculos individuales, se utiliza aqui la idea del empobrecimiento colectivo. Ver el libro aun no publicado Estivill,J. Pobresa i empobriment de Catalunya sota el franquisme. Els anys quaranta.
(20) Costa,A, F, (1996) Sociedade de Barrio. Oeiras. Celta Editora.
(21) Robert Castel no acepta utilizar el concepto de gueto para designar a los suburbios de París que se revoltaron en 2005. Castel,R. (2010) La discriminación negativa. Barcelona, Ed. Hacer (pag.48).
(22) Benis,K.(2011) Vielas de Alfama. Entre revitalizaçao e gentrificaçào. Lisboa. Faculdade de Arquitectura.
(23) Benis, K. (2011) Op.cit. (pag. 24).
(24) Ver la figura 6 en Gaspar Batalha,L. Auto-segregaçào socio-espacial em Lisboa. INE/DRAGA. Rita Raposo detecta cerca de 200 Condominios fechados en Lisboa. Raposo,R.(2008) Condominios fechados em Lisboa: paradigma e paisagem. Rev. Analise Social nXLIII.
(25) Ver Queirós,,J. (2007) Estratègias e discursos políticos em torno da reabilitaçâo de centros urbanos. Consideraçòes exploratorias a partir do caso do Porto. Rev. Sociologia. Problemas e prácticas n 55.
(26) Dias,S.J. (2009) Uma viagem ao « Soho do Porto”. Procesos de criaçâo identitária e gentrificaçâo do comercio urbano em Miguel Bombarda. Porto. Departamento de Sociología.
(27) Fernandes,G. (2000) Morte e ressureiçâo de Lázaro. A questâo habitacional como forma de exclusâo/integraçao social no Porto contemporaneo en Vaz,M. J. Relvas,E. Pinheiro,N. Exclusâo na historia. Oeiras. Celta Editora. (pag.108 a 112).
(28) Tatjer.M.(1973) La Barceloneta del siglo XVIII al Plan de la Ribera. Barcelona. Los Libros de la Frontera y Solà Morales,M. (1974) Barcelona. Remodelación urbana o desarrollo capitalista en el Plan de la Ribera. Barcelona Gustau Gili.
(29) Pavel,F. Barrio Alto: Renovaçao e rehabilitaçao. Identidade e risco de gentrificaçâo. FAULT. CIAUD. (pag.6).
(30) Bevort,A. Lallement,M. (2006) Le capital social. Paris. La Découverte-Maus,. Véase un buen resumen en Almeida,J. (2011) O capital social, Lisboa. Imprensa Nacional.
(31) Para un analisis del flujo y reflujo de los movimientos de moradores en Setubal ver Vieira da Silva,C.(2009) As cidades na cidade. Movimentos sociais urbanos em Setubal. 1966-1995.Lisboa. Esfera do Caos.
(32) Rodrigues,W, (2010) Cidade en transiçâo. Nobilitaçâo urbana. Estilos de vida e reurbanizaçâo em Lisboa. Lisboa. Ed Celta.
(33) Rodrigues,W. Op. Cit. (pag.230 a 241). Esta tipología podría ser contrastada con los últimos datos, detallados por freguesias, facilitados por el Observatorio de luta contra a Pobreza de Lisboa en su publicación Retratos de lisboa. Indicadores para o estudo da pobreza na cidade de Lisboa. Lisboa, EAPN. 2011 o en su última memoria consultable en su página web.
(34) Xerez. R. (2008) Dinamicas do terriptorio : Centralidade e gentrificaçao na Area Metroplitana de Lisboa. V Congresso Português de Sociologia. (pag.11).
(35) Alabart,A. Lopez,C. (1996) L’evolució dels Barcelonins: gentrificació i polarització. Rev Barcelona i Societat n 6 (pag. 17).
(36) Fernandez, M. (2011), El asedio al Raval: Una aproximación al pasado y presente de las transformaciones urbanísticas del barrio barcelonés . Oñati Socio-Legal Series, Vol. 1, n 2.
(37) Normalmente el modelo Barcelona se refiere al conjunto de modificaciones ocurridas alrededor de los Juegos Olimpicos. Vease Capel,H.(2005) El modelo Barcelona: un examen critico. Barcelona. Ediciones del Serval y Delgado. M. (2oo7) La ciudad mentirosa. Fraude y miseria del “modelo Barcelona”. Madrid. Ed. Catarata.
(38) Heeren, S. Von. (2002), La Remodelación de Ciutat Vella: un análisis crítico del modelo Barcelona. Veïns en Defensa de la Barcelona Vella. Barcelona.
(39) Sargatal, M.A, (2001 ) Gentrificaciön e inmigración en los centros historicos : el caso del Barrio del Raval en Barcelona. Rev Scripta n 94.Facultad de Geografia. Universidad de Barcelona.
(40) Subirats,J. Rius,J. ( 2008) Del Chino al Raval Barcelona. Ed. Hacer ( pag.52).
(41) Es la denominación genèrica dirigida a los turistas. Muchos de los jovenes turistas vienen a residir a los barrios populares del centro de Barcelona.
(42) Borja,J. (2009) Luces y sombras del urbanismo de Barcelona. Barcelona. Editoral UOC.(pag.73 y 74).
(43) Unió Temporal d’Escribes(2004) Barcelona marca registrada. Un modelo para desarmar. Barcelona, Editorial Virus.
(44) A titulo de ejemplo vease Silva,M.(1964) Oportunidade do desenvolvimiento comunitario em Portugal. Lisboa. Rev. Analise Social n 6 vol II y numero monografico dedicado a las experiencias de desarrollo comunitario de la Revista Treball Social n 89. Barcelona 1983.
(45) En un proyecto DAFNE, ejecutado por On the Road (Italia), APIP (España) y EAPN (Portugal) se ha investigado comparativamente las nuevas funciones de las estaciones de Barcelona, Porto y Pescara y de entre ellas, como lugar de refugio de la marginalidad juvenil.
(46) Véase mi aportación al concepto de vulnerabilidad en Estivill,J. (coord.) ( 2010) El nom fa la cosa, Pobresa, exclusió i vulnerabilitat. En L’observatori català de la pobresa, la vulnerabilitat i la inclusió social. Barcelona. Generalitat de Catalunya.

Jordi Estivill Pascual: CURRICULUM VITAE ABREVIADO

Licenciado en Ciencias Económicas por la Universidad de Barcelona  y en Ciencias Políticas por la Universidad de Madrid.
Doctorado en Sociología por la Universidad de Paris VIII
Actualmente, colaborador externo de la Organización Internacional del Trabajo sobre la lucha contra la pobreza y la exclusión.
Ex Director del Gabinet D’Estudis Socials de Barcelona (1984-2002).
Profesor emerito de Política Social de la Universidad de Barcelona (1981-2001).
Experto en política social Europea (Programas Pobreza 2 y 3, ERGO, Horizon, Integra, Año Europeo del Racismo,…).
Director de numerosas investigaciones y publicaciones (mas de treinta libros publicados) y de la colección Políticas Europeas de la Editorial HACER.
En el marco del programa internacional STEP se ha elaborado un instrumento informático de recursos y aprendizaje para proyectos de lucha contra la pobreza y la exclusión en el que se encuentra una metodología de diagnostico, planificación seguimiento y evaluación. ( https://ciaris.ilo.org ). También en el marco de este programa se ha hecho el seguimiento de varios proyectos en los PALOP y en América Latina. Evaluación del proyecto europeo “Multiplicar” que dirigió EAPN y se aplicó en seis países de la Unión Europea.(Hungría, Rumania, Irlanda, Italia, Grecia, España y Portugal). Colaborador de la dirección del programa europeo “Bridges” que se aplicó en Francia, Bélgica, Rumania. Bulgaria, España y Portugal.
Director del equipo técnico del Observatorio de la pobreza, la vulnerabilidad y la inclusión de Catalunya.
Premio a la mejor trayectoria profesional en el campo social otorgado por el gobierno catalán(2010). Múltiples trabajos en el campo de la economía social y solidaria, colaborando con varias universidades y proyectos en Brasil, Perú, Italia, Francia, España y Portugal.
Intervenções em Portugal:
Colaboración con la Rede Europea Anti Pobreza de Portugal desde sus inicios en 1989 hasta la actualidad. En su colección, la Rede ha publicado el libro Estivill, J. “ O Partenariado social na Europa”.Porto. 1997 (120 pags.). También se ha llevado a cabo, junto a Fernanda Rodrigues la evaluación de los diez años de existencia de la Rede, que ha sido publicada con el titulo “10 anos da REAPN em Portugal”.Porto. 2004. (319 pags.)
Asistencia técnica al Proyecto BRIDGES que ha dirigido REAPN del que  ha publicado el libro(2010) con Jorge Caleiras sobre la articulación de las políticas sociales y laborales. Asistencia al inicio del Programa Redes Sociais. Colaboración con el programa Nacional de lucha contra la pobreza, Comisariados Norte y Sur, con las Presidencias Portuguesas y con la Dirección General de Acción Social creada en 1992. Asesor y colaborador del Observatorio de Luta Contra a Pobreza de Lisboa .
Publicación en Portugués, Ingles, Francés y Castellano del libro “Panorama de la lucha contra la   exclusión social. Conceptos y estrategias”.Ginebra.ILO.2004.
Investigación con los profesores Casimiro Marques Balsa y Rogério Roque Amaro sobre un estudio de evaluación y factibilidad sobre la economía informal y la exclusión social en los PALOP. Lisboa 2004.
Evaluación y colaboración en el proyecto “Activar a participaçao” llevado a cabo por la Red Europea de lucha contra la pobreza en Portugal, en el marco del Plan Portugués Por la Inclusión Social. (PNAI). 2006. Sus resultados han sido publicados en el libro “Pequeñas experiencias y grandes esperanzas”. Porto REAPN. 2006. Miembro del Consejo científico de CEESA (Azores) y del consejo de redacción de la Revista Economía Solidaria.
Profesor invitado en varias Universidades Portuguesas, en las que se han asegurado cursos y seminarios para diferentes Maestrías y Doctoramientos: Universidad Nova de Lisboa; ICSTE - IUL; Coimbra; Universidad Autónoma de Lisboa.

 Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.
Editor: António Baptista Coelho - abc@lnec.pt
INFOHABITAR Ano X, nº467
Pontes entre a periferia: de Barcelona a Lisboa. Notas ao redor da gentrificação
Grupo Habitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional e  Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do LNEC
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.