domingo, maio 13, 2012

393 - Importância do verde urbano - artigo de Arno Rieder; Notícias do 2.º CIHEL; Revista Brasileira de Gestão Urbana - Infohabitar 393

Infohabitar, Ano VIII, n.º 393

Aos leitores do Infohabitar,

Editam-se, em seguida, notícias do 2.º CIHEL, seguidas da divulgação de uma inciativa editorial académica brasileira, e, depois, publica-se um artigo do Prof. Arno Rieder, sobre a importância do verde urbano, um tema de grande actualidade.

Arno Rieder é Professor Extensionista e Pesquisador, Doutor em Saúde e Ambiente na Universidade do Estado de Mato Grosso / Empresa Matogrossense de Pesquisa - Unemat/Empaer - MT, Cáceres Mato Grosso (MT).

O Infohabitar e o Grupo habitar agradecem ao Prof. Arno Rieder esta contribuição e é com grande satisfação que o acolhemos no conjunto de colegas colaboradores da nossa revista, um grupo que já ultrapassou os 50 participantes neste processo editorial que está a aproximar-se da edição n.º 400 e que, diariamente tem cerca de 300 leitores.

O editor do Infohabitar

António Baptista Coelho



Notícias do 2.º CIHEL

Notas breves sobre o 2.º CIHEL - 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono, que terá lugar no LNEC em março de 2013 sobre o tema "Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento":

(i) Foram já recebidos os primeiros resumos propostos para comunicações.

(ii) O site do 2.º CIHEL, que está a ser desenvolvido pelos respectivos serviços do LNEC, estará, em breve, activo.

(iii) As diversas Comissões de enquadramento e apoio ao 2.º CIHEL já quase concluídas e a respectiva Comissão Científica será em breve divulgada.

(iv) Há novos e importantes apoios institucionais, que serão oportunamente divulgados.

(v) Há novas inciativas associadas ao 2.º CIHEL que serão oportunamente apresentadas.

(vi) A prevista actualização do logótipo do CIHEL, para aplicação neste 2.º Congresso está já a ser concretizada no âmbito das actividades lectivas do Curso Profissional de Técnico de Design Gráfico da Escola Secundária de Sacavém; e será objecto de um artigo específico de apresentação.


E remetem-se os leitores para o recente artigo nesta revista onde se faz a apresentação pormenorizada do Congresso e dos respectivos contactos:
http://infohabitar.blogspot.pt/2012/04/2-cihel-lisboa-lnec-marco-2013.html


A direção do 2.º CIHEL:
António Baptista Coelho, António Reis Cabrita e Jorge Grandão Lopes
O Presidente da Comissão Científica do 2.º CIHEL:
Paulo Tormenta Pinto


Divulga-se a chamada de trabalhos para a Revista Brasileira de Gestão Urbana - URBE

http://www2.pucpr.br/reol/index.php/urbe

Revista Brasileira de Gestão Urbana - Brazilian Journal of Urban Management; da Pós-graduação em Gestão Urbana - Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
(Programa de pós-graduação em Gestão Urbana: mestrado e doutorado)

Tema/SEÇÃO ESPECIAL: CIRCULAÇÃO DE IDEIAS URBANAS NO MUNDO LUSÓFONO - editores convidados: Clovis Ultramari e Fábio Duarte.

Quem esteja interessado saber mais pormenores e em participar basta clicar: http://www2.pucpr.br/reol/public/23/archive/CFP_lusofilia.pdf
Como se pode ver uma temática que tudo tem a ver com a do CIHEL, e aproveita-se para saudar o colega Clovis Ultramari, que foi um dos participantes no 1.º CIHEL, e com o qual contamos para divulgar e participar no 2.º CIHEL, em março de 2013, no LNEC em Lisboa.


ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA Importância do verde urbano (1)

Arno Rieder (2)

Um dos lugares ecologicamente mais incorretos provocado pelo homem é, em geral, no Brasil, o ambiente urbano. Embora o homem urbano seja o mais crítico sobre desflorestamentos no meio rural, ao mesmo tempo em que é o maior consumidor de produtos resultantes das produções destas áreas. Por exemplo, é contra a cultura de soja, do algodão, mas é fiel consumidor de óleo de soja em suas refeições assim como usuário de roupa de fio de algodão.

Contudo, o ambiente urbano é o lugar onde se concentram moradias, serviços e obras coletivas, em geral, ecologicamente mal planejadas. O meio urbano tem elevada densidade populacional. As pessoas que o compõem geralmente entram em conflito e em competição com a maior parte dos elementos naturais que ali existem ou existiam. Esta insana urbanização pode atingir níveis de remoção drástica dos elementos que ali estavam em equilíbrio natural, negando-lhes espaço para continuarem ali e que poderiam, em planejamento mais racional, configurar, junto com a intrusão adensada do homem, um meio urbano mais saudável.

Os projetos de ampliação de ocupação urbana, na maior parte dos municípios brasileiros, são executados de modo a agredirem e desrespeitarem profundamente a natureza, desconhecendo o papel que poderia proporcionar aos que ali querem chegar.

Ilustra-se isto com os programas “Minha Casa Minha Vida” e de outros conjuntos habitacionais: removem inicialmente a vegetação; depois a camada superficial do solo, no mínimo, no eixo das estradas, levando este solo para fora e longe; na base da casa alteram tudo drasticamente; instalam casas de concreto ou similar; implantam rede de esgoto no novo residencial, mas levando os conteúdos para serem lançados em outros residenciais mais antigos e menos adensados, até mesmo jogando em quintais de outros moradores, nem tão próximo (até 2-6 Km). O poder público não podia deixar isto acontecer, mas deixa, faz de conta que nada tem a haver com esta situação.



Fig 1- Ipê, Cáceres (MT), Brasil, 06 out.; 2007. Foto: A. Rieder

Os ambientes urbanos futuros deveriam se instalar em ambientes naturalmente já bastante equilibrados e receberem os novos integrantes progressivamente, até um limite suportável e em ritmo que propiciasse as adaptações e mobilizações para alcance de novos estágios de equilíbrio. Uma primeira condição seria remover o mínimo os elementos naturais do lugar, em especial a vegetação.

Os ambientes já urbanizados deveriam sofrer avaliações profundas sobre a qualidade de vida que proporcionam e qual a tendência disto, em face de sua situação atual de composição e distribuição de elementos naturais, em especial referentes à flora.

As plantas ajudam a infiltração da água no solo, assim como podem purificar ambientes contaminados ou evitar a contaminação se disseminar; captam, absorvem, filtram a radiação solar, ajudando a reduzir os danos da radiação nociva e, assim ajudam até reduzir incidência de doenças como de câncer.

Há municípios no Brasil que já taxam com IPTU menor lotes que reduzem áreas concretizadas ou calçadas substituindo isto por espaços arborizados, em face do serviço que isto presta de aumentar a infiltração no solo de águas de chuvas, evitando desastres com enchentes.

O verde urbano estabelece um microclima mais ameno e estável e, de microclima em microclima se pode chegar a um macroclima mais estável e saudável. São vários os componentes de clima que são afetados pela vegetação, e funcionam como regulador tampão de: temperaturas, umidade, ventos, irradiação solar, evapotranspiração, luminosidade, etc.

As plantas oferecem sombra, extremamente importante em regiões tropicais e subtropicais.

A ausência ou pouca vegetação em meio urbano faz a condição local se aproximar a ambiente desértico.



Fig. 2 – Vitória Régias, Margens de Cáceres (MT), Brasil, 27 mar. 2008. Foto: A. Rieder

O ambiente urbano vegetado ajuda a reciclagem de nutrientes no solo e a retenção destes, assim como a produção de madeira, lenha, material para artesões, frutos, flores, fontes para néctar, pólen e resinas para abelhas.

O cultivo de vegetais em meio urbano ajuda a amenizar o gasto com compras de alimentos (verduras, frutas, raízes, etc.), complementando a renda familiar. As mangueiras, cajueiros, seriguelas, bocaiúvas e outras espécies em ambiente público ajudam a alimentar muitas famílias e crianças carentes neste Brasil tropical.

A indústria natural “verde vegetal” seqüestra carbono, despoluindo, diante da alta emissão e concentração de carbono no meio urbano (emissão desde o que é emitido por cada pessoa até pela indústria e pela combustão de automóveis); em troca ainda libera-nos o oxigênio. Logo o verde urbano também propicia mais um serviço de alto valor: a despoluição e oxigenação do ambiente.

As plantas ornamentam o ambiente. Estimulam criatividades de arranjos florísticos, seja para jardins particulares como públicos.

O verde urbano abriga um ambiente saudável, harmonicamente sonoro (ex.: pássaros cantando) e aromatizado (ex.: pelas flores) para o exercício físico do amanhecer ou do entardecer; a caminhada neste ambiente é um dos melhores remédios para desestressar e se re-energizar de bons fluídos.

O ato de cultivar plantas e passear entre elas é um potentíssimo elixir da longa e saudável vida, e este exercício além de gerar uma interação de energização positiva entre homem-planta, abre caminhos à comunicação com o bem e com Deus.

Quanto a composição da vegetação urbana esta preferencialmente deve ser bastante diversa, constituída de espécies que precisam ser preservadas, que possam produzir coisas de alto valor como: frutas, flores, madeiras, lenha; enraizar pivotantemente; atrair predadores de pragas; ter alta capacidade de despoluir e de oxigenar; disponibilizar substâncias e compostos medicamentosos para trato da saúde (plantas medicinais), etc.



Fig. 3 - Itajaí, SC, Brasil, 20 out 2010. Foto: A. Rieder

O verde urbano atrai e possibilita a re-instalação da diversidade biológica animal também, assim como o estabelecimento de um controle natural sobre animais-pragas, evitando explosão populacional

O verde vegetal é uma dádiva divina para propiciar a vida neste nosso planeta. É a indústria do princípio de tudo, pois daí origina-se a produção primária de biomassa: alimento; matéria prima para abrigos, instrumentos, acomodações, decorações, comunicação (ex.: papel) energia; medicamentos, etc.

Organizações de saúde (OMS) mundialmente respeitadas recomendam por volta 12 m2 de área verde por habitante. O novo código florestal prestes a ser implantado no Brasil indica que deve haver 20 m2 em média, bem distribuídos, por habitante brasileiro. Isto é um grande avanço, e quem não puder ter isto pode pagar por serviços ambientais a outros que tem sobrando.

Um grande desafio, que se tem é convencer cada cidadão atual para dar sua contribuição a implantação do verde urbano requerido, enquanto as futuras gerações adultas devem ser convencidas principalmente pelas escolas, através do processo formal de ensino-aprendizagem, complementado por ações e informações desde familiares, de associações e até da mídia massiva.

Professore(a)s: temos uma desafiadora e bela tarefa pela frente, de educar para um verde urbano planejado, implantado e mantido, oferecido para as atuais e futuras gerações, que se sucedem.


(1) Parte de uma palestra sobre o “verde urbano” em escolas de Cáceres (MT); Articulação: Grupo Pesq. - FLOBIO, PRAGADU, e pela Assessoria de Extensão da Coord. Do Campus Universitário de Cáceres, Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
(2) Prof./Extensionista/Pesquisador; Dr. em Saúde e Ambiente: Unemat/Empaer-MT, Cáceres (MT), 2 de abril 2012.

Notas editoriais:
(i) A edição dos artigos no âmbito do blogger exige um conjunto de procedimentos que tornam difícil a revisão final editorial designadamente em termos de marcações a bold/negrito e em itálico; pelo que eventuais imperfeições editoriais deste tipo são, por regra, da responsabilidade da edição do Infohabitar, pois, designadamente, no caso de artigos longos uma edição mais perfeita exigiria um esforço editorial difícil de garantir considerando o ritmo semanal de edição do Infohabitar.
(ii) Por razões idênticas às que acabaram de ser referidas certas simbologias e certos pormenores editoriais têm de ser simplificados e/ou passados a texto corrido para edição no blogger.
(iii) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.


Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Infohabitar, Ano VIII, n.º 393
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte



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