NOTÍCIA:
Arquiteta formada na UBI vence Prémio Fernando Távora
Maria Neto apresentou uma proposta referente a um campo de refugiados do Quénia e conquistou o galardão atribuído pela Ordem dos Arquitetos - Secção Regional do Norte.
Maria Neto, arquiteta formada na Universidade da Beira Interior, venceu a 11.ª edição do Prémio Fernando Távora, galardão organizado pela Ordem dos Arquitetos - Secção Regional do Norte.
A antiga aluna da UBI conquistou o júri com a proposta “As cidades invisíveis de Dadaab”, trabalho centrado naquele que é considerado o maior campo de refugiados do mundo, situado no Quénia. Maria Neto, diplomada em Arquitetura pela UBI, é atualmente investigadora do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.
Desenvolvimento da notícia em http://www.ubi.pt/Noticia/5721
(Artigo da semana da Infohabitar)
Inovação nos espaços comuns habitacionais - Infohabitar n.º 577
António Baptista Coelho
Infohabitar n.º 577
Infohabitar n.º 577
Artigo
XCIV da Série habitar e viver melhor
É urgente inovar nos espaços comuns habitacionais
Sobre novidades e tendências nos
espaços comuns habitacionais já aqui se falou, nesta série editorial, um pouco,
quando se apontaram as diversas questões e opções que se levantam quando se
pensa em edifícios multifamiliares com uma mais forte componente de espaços
comuns.
No entanto importa termos
presente que, por um lado, estamos já bem dentro do século das grandes cidades
densificadas, e que, por outro, vivemos, cada vez mais, nesta nossa Europa, o
século da diversificação dos modos de vida domésticos, associada à grande
diversidade cultural que, cada vez mais, recheia as grandes cidades, e também,
cada vez mais, nesta nossa Europa, o século das pessoas que vivem com pressa e
que não têm tempo para as tarefas domésticas, o século das pessoas que vivem
sós, o século dos idosos, e o século das pessoas que precisam de habitações
assistidas, numa ampla gradação de serviços, que vãos dos mais simples aos
caracterizadamente hospitalares.
E se repetirmos uma leitura
diversa do parágrafo anterior verificamos que densificação urbana, diversidade
no uso e apropriação da habitação, a falta de tempo para as velhas lides
domésticas, a prevalência de habitações pequenas e a necessidade de amplos
leques de serviços de apoio directo às habitações, são, todos eles, aspectos
potencialmente ligados à emergência de uma ampla diversidade de soluções
residenciais com uma forte valência em espaços e serviços comuns.
Mas para que tais soluções
residenciais marcadamente “comuns” possam ter êxito, não tenhamos quaisquer
dúvidas de que o combate que apenas se iniciou pela humanização e
“domesticação” dos conjuntos residenciais e dos edifícios habitacionais, terá
de ter uma claríssima e fortíssima expressão na concepção global, na
pormenorização e na caracterização dos referidos espaços comuns dessas soluções
residenciais; caso contrário mais vale nem pensar nelas e continuarmos a fazer
o edifício “médio”, com a habitação “média”, para a família “média”.
Fig. 01: a inovação fundamentada e urgente nas soluções de multifamiliares passa tanto pela respetiva imagem geral e respetivos aspetos de pormenor, como pelos seus conteúdos funcionais globais e particularizados, e é neste sentido que se ilustra o artigo como esta solução residencial que integra um edifício multifamiliar com dimensão reduzida com pequenos unifamiliares em banda, que podem ter inúmeras utilidades na relação com uma vivência multifamiliar mais comum; sendo que toda esta perspetiva se liga, estreitamente, seja com aspetos bem atuais de densificação urbana (veja-se a maqueta), seja com aspetos também bem atuais de disponibilização de novas tipologias habitacionais assistidas (com serviços comuns); e todas estas ideias concretas proporcionam novas formas de viver a cidade e uma certa continuidade da família alargada e solidária - - habitações do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - Arquitetura: Johan Nyrén.
Espaços comuns e habitação
assistida
Um conjunto de espaços comuns
residenciais deve ser, sempre, um atributo de qualidade acrescido na vivência
de quem escolha uma tal solução; e quando esta pessoa sai do seu apartamento ou
da sua suite privativa, ele deve sentir-se sempre como se estivesse ainda na
sua “casa”, estando numa outra “casa” que é também dos outros habitantes desta
“casa” maior, uma “casa” que tem de ser, claramente, uma sede de um leque de
serviços aos quais ele muito dificilmente teria acesso se continuasse a viver
na sua casa “média”.
E, naturalmente, não é
admissível que o habitante se tenha de endividar para poder viver deste modo,
pois, afinal, no caso mais corrente, ele só precisa de serviços mínimos de
apoio doméstico e a principal vantagem que recolhe dos espaços e serviços
comuns é a companhia e o convívio espontâneo com outros moradores, uma benesse
que até nem há razão para que tenha de ser paga; outros serviços e outros
equipamentos poderão ser, sempre, proporcionados numa base opcional e dirigidos
a um mercado muito mais largo do que o daquele condomínio específico.
A espaciosidade nos espaços comuns
No entanto, a espaciosidade
comum é um aspecto que pode constituir-se numa evidente mais-valia em termos de
diversificação dos usos do edifício residencial e da sua capacidade funcional e
de convívio. Podemos optar pela espaciosidade mínima, aquela que deverá levar
tudo o resto que não é doméstico para a rua pública, e esta é uma opção
claramente válida, mas que tem de ter as devidas contrapartidas nessa rua
pública, que tem de ser sossegada, animada e humanizada, ainda que em diversas
zonas de uso; ou podemos optar por uma espaciosidade comum folgada, desde que
bem ligada a usos directos e potenciais, proporcionando estadias e opções
inesperadas no dia-a-dia.
Mas fazermos espaços comuns
exíguos que levam a ruas mortas, ou amplos espaços comuns, cuja amplidão é apenas
dimensional e não motiva usos e apropriações parecem ser opções sem sentido.
Virtualidades domésticas do estacionamento em garagem
Este título suscitará,
naturalmente, dúvidas, mas a ideia é, simplesmente, que o estacionamento comum
em garagem possa ser um espaço, pelo menos, minimamente agradável e com algum
carácter doméstico, e deixe de ser uma espécie de “cave” residual, estritamente
funcional, por vezes suja e frequentemente mal iluminada e com cheiros, por
vezes, menos agradáveis através da qual entramos e saímos, quase sempre, no
nosso edifício.
Não se irá aqui desenvolver
muito o tema, mas somente apontar algumas ideias que se julga simples e que
poderão garantir uma clara subida da qualidade residencial das garagens comuns.
(nota: esta matéria será
desenvolvida na próxima semana)
·
Nota importante sobre as
imagens que ilustram o artigo:
As imagens que acompanham este artigo e que irão,
também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas
pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional
"Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.
Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta
exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de
exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho
Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca
das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades
Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio
financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao
desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia
energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional
Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.
A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo
bairro de Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das
principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.
Mais se refere que, sempre que seja possível, as
imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos
projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de
imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos
respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os
respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de
arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas
desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as
frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação
aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências
aos respetivos projetistas de arquitetura.
·
Notas
editoriais:
(i) Embora a edição dos
artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo
editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um
significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e
comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos
respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva
responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o
mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e
científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito
significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver
com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Infohabitar, Ano XII, n.º 577
Artigo
XCIV da Série habitar e viver melhor
Inovação nos espaços comuns habitacionais,
Infohabitar n.º 577
Editor: António Baptista
Coelho
– abc@ubi.pt, abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação -
Olivais Norte.
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