sábado, janeiro 22, 2011

330 - Lançamento do livro ENERGIA SOLAR PASSIVA e novo artigo "Os outros sítios que habitamos, além da nossa casa" - Infohabitar 330

Infohabitar, Ano VII, n.º 330A presente edição do Infohabitar está estruturada em duas partes:

Uma primeira parte em que se convidam os leitores para a 20.ª Sessão Técnica do Grupo Habitar, que integra o lançamento do livro ENERGIA SOLAR PASSIVA e uma conferência sobre este tema, tão actual.

E uma segunda parte em que se edita um novo artigo da Série habitar e viver melhor, o n.º X desta série, intitulado "Os outros sítios que habitamos, além da nossa casa".


Lançamento do livro ENERGIA SOLAR PASSIVA e conferência sobre o tema na Biblioteca do LNEC, em Lisboa, pelas 15h.00 da próxima Quinta-feira dia 27 de Janeiro.
Na presente edição o Infohabitar volta a sublinhar o grande interesse do próximo lançamento, com conferência de apresentação, do livro do Arq.º Francisco Moita, intitulado " ENERGIA SOLAR PASSIVA", que decorrerá, na próxima Quinta-feira dia 27 de Janeiro, pelas 15h 00, numa sessão técnica na Biblioteca do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.

Esta sessão técnica contará com intervenções de investigadores e técnicos do LNEC, da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e do Grupo Habitar, salientando-se a apresentação da obra pelo Investigador do LNEC, Eng.º Pina dos Santos, a intervenção do Eng.º João Bernardo, Director do Serviço de Energias Renováveis, da DGEG e, naturalmente, uma palestra, sobre a temática da energia solar passiva, assegurada por Francisco Moita, autor da obra agora lançada.

Esta obra, agora numa 2ª edição revista e actualizada, vem preencher a lacuna deixada pela sua 1ª edição (ed. INCM, 1987), esgotada logo após o seu lançamento em 1987 e sempre procurada.

Salienta-se que esta iniciativa, que é de entrada livre, não obrigando a inscrição prévia (embora naturalmente limitada à lotação da sala), corresponde à 20.ª Sessão Técnica do Grupo Habitar, conta com o apoio do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do LNEC e integra-se num conjunto de iniciativas com as quais o LNEC pretende dinamizar e diversificar a utilização da sua Biblioteca.

António Baptista Coelho
Editor Infohabitar, Pres. Dir. Grupo Habitar, Chefe do NAU do LNEC



Fig. 01: capa do livro do Arq.º Francisco Moita, "ENERGIA SOLAR PASSIVA"


O Livro: breve sínteseO livro ENERGIA SOLAR PASSIVA demonstra como a Natureza, neste caso o Sol – a principal fonte de energia na Terra! - pode ajudar a reduzir as necessidades energéticas diárias dos edifícios, permitindo o pleno desempenho das suas múltiplas funções.

A Primeira Parte deste livro apresenta ao leitor, os processos térmicos, as regras de construção e as tecnologias solar passivas mais adequadas para o nosso clima, a aplicar nos edifícios, com vista à optimização do conforto higrotérmico e ao mínimo consumo de energia.

A Segunda Parte expõe, através de vários exemplos, um método simplificado de cálculo do contributo da energia solar passiva no aquecimento dos edifícios, a que o leitor, mesmo sem conhecimentos muito aprofundados, pode recorrer num acto de consulta prática e expedita.

Este livro tem o patrocínio da Direcção Geral de Energia e Geologia.

O AutorFrancisco Filipe de Oliveira Moita concluiu o curso de Arquitectura (Dipl. Ing. Architekt) na Universidade de Stuttgart - RFA, em 1976, onde exerceu actividade profissional até 1978, tendo-se especializado no domínio da Arquitectura Bioclimática e Energeticamente Eficiente.
Exerceu a actividade docente na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa nas cadeiras de Planeamento Urbano e de Projecto de Arquitectura de 1978 até 1992.

Ao longo das últimas três décadas, tem sido um divulgador da Arquitectura Solar Passiva e da Eficiência Energética nos Edifícios, através da realização de vários artigos técnicos e de diversas conferências e cursos de formação sobre estas matérias. O autor tem desenvolvido a actividade de arquitecto, aplicando sempre os princípios da utilização passiva da energia solar e da eficiência energética em diversos edifícios, encontrando-se alguns deles aqui referenciados.

O recurso a fontes de energia renováveis e a utilização de técnicas e materiais tradicionais nos edifícios, visando uma arquitectura ambientalmente mais responsável, são uma obrigação ética do arquitecto actual face à futura (in)sustentabilidade do planeta.


O livro "Energia Solar Passiva": NOTA DE IMPRENSAENERGIA SOLAR PASSIVA é um livro onde se explicam os processos térmicos nos edifícios e as regras a aplicar na sua construção, visando uma arquitectura ambientalmente mais responsável e racional.

Aborda o tema da qualidade térmica dos edifícios no que estes dependem do projecto arquitectónico, da sua envolvente, dos seus espaços e elementos construtivos, com vista à sua adequação ao nosso clima, à optimização do conforto higrométrico e à redução do consumo de energia.

O tema está, e vai estar cada vez mais, na ordem do dia da construção, por razões de sustentabilidade ambiental e económica. Esta publicação vem assim preencher uma lacuna na bibliografia portuguesa dedicada à tecnologia arquitectónica bioclimática.

No livro ENERGIA SOLAR PASSIVA descrevem-se, numa primeira parte, as várias matérias teóricas, com relevo para a geometria da incidência solar, o conforto ambiental e o desempenho passivo dos principais elementos construtivos da envolvente dos edifícios. Na segunda parte desenvolve-se a aplicação destes conhecimentos a um método de cálculo simplificado que permite determinar o desempenho térmico passivo dos edifícios, aplicado a alguns casos concretos e com a documentação de muitos quadros contendo valores auxiliares para avaliação do desempenho térmico dos vários materiais e elementos da construção.

Inclui ainda, em anexo, diagramas solares e valores micro climáticos muito úteis para o entendimento do aproveitamento solar e micro climático e para a aplicação do método.

O livro está profusamente ilustrado com centenas de desenhos, quadros e tabelas várias que em muito facilitam a sua leitura e entendimento por um público vasto e diversificado.

ENERGIA SOLAR PASSIVA tem a autoria do arquitecto Francisco Moita, especialista em arquitectura bioclimática, estudioso e divulgador da Arquitectura Solar Passiva e da Eficiência Energética, e é editado pela Argumentum, conhecida editora dedicada aos temas de arquitectura e urbanismo.

As características desta publicação recomendam-na para uso no ensino destas matérias em cursos de arquitectura e de engenharia civil, tanto ao nível teórico como prático neste caso em disciplinas de projecto e recomendam-na para uso corrente na prática profissional de projecto de arquitectura.



Fig. 02: capa do livro do Arq.º Francisco Moita, "ENERGIA SOLAR PASSIVA"

Índice da obra
Energia Solar Passiva,
Princípios Teóricos e Método Simplificado de Cálculo
– Um instrumento de trabalho para Arquitectos e Engenheiros.

1ª Parte (Princípios Teóricos)

Introdução
Nota Histórica I


Capítulo 1 – O Sol e a Terra;(Energia do Sol; Movimentos da Terra; Atmosfera Terrestre; Altura Solar; Radiação Solar; Clima).
Nota Histórica II

Capítulo 2 – Pressupostos Exteriores ao Edifício (Definição; Localização; Forma; Orientação e Afastamento; Vegetação).
Nota Histórica III

Capítulo 3 – Pressupostos Constituintes do Edifício (Definição; Envolvente; Fenestração; Sombreamento; Ventilação).
Nota Histórica IV

Capítulo 4 – Tecnologias Solar Passivas (Ganho Directo; Ganho Indirecto; Estufas)
Nota Histórica V

Apêndice A (Diagramas Solares; Dados Climáticos; Conceitos Físicos; Glossário)
Nota Histórica VI

2ª Parte - Método Simplificado de Cálculo do Contributo de Energia Solar Passiva para aquecimento de edifícios de habitação permanente- Um instrumento de Trabalho para Arquitectos Engenheiros

Introdução

Capítulo 1 – Apresentação do Método
(Generalidades; Coeficiente Global de Perdas; Estimativa do Perfil das Necessidades Térmicas; Estimativa do Perfil do Contributo Térmico Solar e Aquecimento Suplementar Necessário; Massa de Acumulação Térmica).


Exemplos(Escola Rural; Casa Rural – recuperação; Casa Solar Passiva – habitação unifamiliar)

Apêndice A (Factor Tampão; Contributos Térmicos Internos; Correcção do Factor de Conversão Solar; Quantificação da Massa Térmica Primária e Secundária)

Apêndice B (Dados Físicos; Dados Climáticos)

Bibliografia
Dados técnicos do livro:Editora: ARGUMENTUM, Edições, Estudos e Realizações, Lda.
Rua Antero de Figueiredo, 4-C, 1700-041 Lisboa, Tel: (+351) 21 394 0547 Fax: (+351) 21 394 0548
geral@argumentum.pt

A obra está já a ser divulgada pela DINALIVRO, no site http://www.bookhouse.pt/ e no Facebook.



Artigo da semanaOs outros sítios que habitamos, além da nossa casa
Artigo X, da série habitar e viver melhorpor António Baptista Coelho
As vizinhanças de proximidade podem e devem ser sítios que podemos considerar, também, como nossos verdadeiros espaço de habitar, positivamente marcados pelos grupos sociais que aí habitam e atraentemente integrados na continuidade urbana; de certa forma numa natural variação de um tema que se harmoniza numa espécie de melodia urbana mais ampla, que deve integrar todo o espaço, desde a porta de entrada da habitação e das vistas que dela se têm sobre uma envolvente - que tem de ser positivamente estimulante - até aos pólos e centros urbanos mais vivos.


Importa ter, também sempre presente que uma cidade feita de vizinhanças vivas tem também de ser uma cidade naturalmente multifuncional, pois é fundamental o papel de outras funções, para além da habitação, na constituição de uma cidade, diariamente, mais viva e mais estimulante, em termos de actividades vistas e partilhadas.



Fig. 01: "uma cidade feita de vizinhanças vivas tem também de ser uma cidade naturalmente multifuncional"

Voltamos, assim, uma e outra vez, a uma múltipla abordagem de um dinâmico jogo da glória diário que marque, positivamente, as sequências e os percursos que ligam o centro da cidade, aos bairros, às referidas vizinhanças e, depois, às portas das habitações.

Mas neste jogo e nas sequências paisagísticas e funcionais que o integram e lhe devem dar, em cada sítio, um carácter único, há que fazer uma referência específica a um dos principais elementos aglutinadores desses percursos e dessas sequências: elementos estes que podemos designar como os “terceiros espaços ou sítios” , e que são lugares estratégicos e privilegiados para a convivialidade mais urbana ou mais vicinal, sendo, portanto, elementos fundamentais para um amplo espaço de habitar verdadeiramente mais agradável e estimulante.

Bastará lembrar os últimos exemplos práticos referidos e imaginar, por exemplo, o que seria o Bairro de Alvalade, em Lisboa, sem o seu amplo e diversificado conjunto de “terceiros espaços”, terceiros porque não verdadeiramente públicos, como é o caso dos seus largos passeios, mas também não privados como as casas de cada família.

E não teremos qualquer dúvida sobre o papel protagonista destes “cafés”, destas esplanadas, destes espaços de mercado, destas zonas de exposição e transição onde se expõem as mais diversas mercadorias, destas paragens de transportes públicos, destas salas de espera logo ali junto ao passeio, destas zonas de paragem junto aos quiosques de jornais, e de outros “terceiros espaços” de serviços e de lazer, não apenas como elementos funcionais do habitar de uma cidade viva, mas como verdadeiras facetas que integram, desejavelmente, o habitar diário de cada um de nós, entre o trabalho e a casa.

Trata-se do pequeno, porque pormenorizado e disseminado, mas fundamental, mundo urbano dos “terceiros espaços” aqueles que nem são totalmente anónimos, nem são inteiramente familiares, que se ligam a diversas actividades económicas e culturais, mas que, por vezes, assumem um verdadeiro estatuto de elemento protagonista da cena urbana e designadamente da cena de rua urbana, e falamos de espaços e elementos tão simples como a mesa do café da esquina, o recanto preferido de um pequeno restaurante sob a arcada, a livraria em que entramos frequentemente, a nossa banca de jornais habitual, os enfiamentos de que mais gostamos de um dado jardim ou de uma dada correnteza de lojas, etc., etc.

E trata-se, afinal, de sítios que habitamos, verdadeiramente, no nosso dia-a-dia, onde nos detemos, habitualmente, pensando sobre aqueles sítios e, tantas vezes, sobre tudo o resto, sítios que têm de ter (embora muitas vezes não o tenham) a capacidade de fazerem coesão urbana, de fazerem cidade e rua em continuidade, de proporcionarem espaços entre o mais público e o mais privado e de proporcionarem bases óptimas de convivialidade natural, e, sendo assim, de solidariedade natural, pois são sítios onde estamos com outros e vemos outros num quadro urbano unificado e que nos marca a todos.



Fig. 02: "trata-se, afinal, de sítios que habitamos, verdadeiramente, no nosso dia-a-dia, onde nos detemos, habitualmente"

As ruas, no sentido amplo de “ruas”, portanto integrando muitos “vocábulos” do espaço público, como por exemplo, largos e pracetas, ruelas e passagens, jardins e miradouros, são, realmente, o lugar certo de integração dos “terceiros espaços ou terceiros sítios”, lugares estratégicos e privilegiados para a convivialidade mais urbana ou mais vicinal; e há que referir que este conceito de “terceiro sítio” foi desenvolvido por Ray Oldenburg (1), e que este autor o liga, de forma destacada, por exemplo, ao café da esquina, à livraria, ao bar, ao cabeleireiro, etc.

“Terceiros sítios”, pois, como refere Oldenburg, estão para além dos outros dois sítios principais, na vida de cada um, o sítio de trabalho e o sítio doméstico; e espaços que, são “sítios de estadia no coração da comunidade”, como refere esse autor, e assim se entende a sua importância na construção de um sentido de comunidade e de solidariedade, observando o outro, falando com ele, interagindo com ele.

E, finalmente, é bem interessante lembrar que já Christopher Alexander (2) tinha plena consciência da importância que os “terceiros sítios” têm na satisfação residencial e, por isso, defendia que em cada vizinhança residencial deve existir um local público exterior, agradavelmente protegido e estrategicamente localizado em termos de acessibilidade e de vistas, que proporcione condições de estadia no exterior, em condições que podem ser mais ou menos formais, mas que sempre ganharão se forem associadas a um equipamento, por exemplo um pequeno “café” com esplanada, pois, desta forma, alguém irá tomar conta e dar vida a este “terceiro espaço” habitacional.

Notas:
(1) Ray Oldenburg, “The Great Good Place : Cafes, coffee shops, bookstores, bars, hair salons and other hangouts at the heart of a community”, 1999 (1989).
(2) Christopher Alexander; Sara Ishikawa; Murray Silverstein; et al, "A Pattern Language/Un Lenguaje de Patrones", p. 323.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.

Infohabitar a Revista do Grupo HabitarEditor: António Baptista Coelho

Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte
Infohabitar, Ano VII, n.º 330, 22 de Janeiro de 2011

1 comentário :

TecnoPT NETWORKS disse...

Considerando que a energia solar está disponível de forma absolutamente gratuita, perguntamo-nos por que o seu aproveitamento ainda é tão limitado no universo das energias renováveis? O problema é que a energia solar apresenta-se sob a forma disseminada e a sua captação, pelo menos para potências elevadas, requer instalações complexas e dispendiosas.