terça-feira, janeiro 28, 2020

Do geral para o particular, continuando a reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar 717

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Infohabitar, Ano XVI, n.º 717

Do ambiente geral para o ambiente particular e próximo, continuando uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos  – Infohabitar n.º 717

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)

Nota prévia:
A Série “Habitar e Viver Melhor”, assim como outras temáticas teórico-práticas nas áreas específicas da “arquitectura do habitar”, com destaque para os assuntos associados a uma habitação intergeracional bem integrada  - matérias, como sabemos, “centrais” na edição da Infohabitar - serão retomadas em breve, salientando-se que, por agora, a nossa revista continuará a dedicar-se a uma edição comentada de esquissos/desenhos, seja numa perspectiva da própria prática do desenho livre, seja considerando, especificamente, os aspectos de arquitectura e de habitar que estejam, eventualmente, associados a cada tema desenhado.
O editor da Infohabitar
António Baptista Coelho

Do ambiente geral para o ambiente particular e próximo, continuando uma reflexão ilustrada sobre os velhos/novos espaços urbanos  – Infohabitar 717

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)

Introdução explicativa
Como referência prática de apoio à leitura, lembra-se que no referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, se procurou desenvolver, esquematicamente, a ideia de que, nos tempos de hoje, quando se pretende imprimir ao espaço urbano uma renovada marca pedonal e de meios “suaves” de deslocação, facilitados, designadamente, pelas novas tecnologias de informação e comunicação e pelo crescimento do uso dos veículos pouco poluentes, será talvez altura de podermos reavaliar e reintroduzir soluções de Arquitetura urbana, que integrem, e profundamente – portanto, no “pleno uso” dos respetivos e muito amplos leques de tipologias de espaços e aspetos de pormenor – morfologias de edifícios e de espaços públicos, sendo ambas, expressivamente, marcadas pela escala humana, e pela diversidade e mutação de agradáveis e atraentes sequências de imagens, verdadeiramente catalizadoras do movimento e da permanência.
No referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, realizou-se uma abordagem de Enquadramento da temática dos velhos/novos espaços urbanos, seguindo-se o apontamento de  alguns desenvolvimentos recentes e de referência, que apoiam estas ideias, desenvolvendo-se, em seguida a matéria do que se considera poder ser uma estratégica variabilidade urbana, que se julga poder ser até facilitada pelas novas ferramentas de projeto.
Alguns desenhos comentados
Em seguida e tendo-se por base a apresentação de alguns desenhos à mão livre (6 desenhos coloridos), comentam-se as matérias da Arquitetura do habitar, associáveis às temáticas que acabaram de ser referidas, mas não se descurando alguns brevíssimos comentários relativos ao desenvolvimento dos respetivos desenhos.



Fig. 01: Uma vista do velho Porto ribeirinho procurando-se realizar um apontamento mais “ambiental” do que particularizado; um sentido ambiental muito ligado ao “agregado” de edifícios, de certa forma unificados pelas sombras azuladas e pelo avermelhado dos telhados, mas também pela sua relativa unidade como “colina edificada” e bem virada a Sul, que contrasta ou contrapontua com o verde da natureza e o azul do céu; e podemos ter em conta que este sentido de agregação edificada e que acaba por integrar os espaços de rua, é a base da natureza das cidades, designadamente, em termos de defesa mútua e de vida “em comum”, com os sues aspetos de trocas comerciais e de convívio.
Quanto ao próprio desenho, procurou-se esse sentido unitário entre azuis, verdes e vermelhos aguarelados.



Fig. 02: uma vista de Coimbra, igualmente uma colina edificada e um agregado de edifícios e de estreitas ruas entre eles entremeadas, virado a Sul e igualmente sobre um rio – sítios estratégicos e quase sempre bem aproveitados pelo engenho urbano; no entanto neste apontamento, mais detalhado nos seus traços, o partido é a procura de uma unidade visual que não se baseia tanto num sentido mais “ambiental”, mas numa relativa caraterização de cada elemento unificado – naturalmente sintética -, que é “depois” multiplicada por muitas vezes, proporcionando-se um efeito geral que valerá, talvez, duplamente, como se fosse um gigantesco “edifício colina” com inúmeros elementos constituintes, ou um grande agregado de inúmeros pequenos edifícios graficamente sintetizados no seu essencial.
E rematam-se estes comentários considerando-os tão adequados a uma reflexão sobre arquitectura urbana, como a notas sobre a técnica de desenho de observação que aqui foi seguida.



Fig. 03: sendo o tema geral desta artigo, para além da reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos, a matéria referida como “ do ambiente geral para o ambiente particular e próximo”, esta vista esboçada a partir de um miradouro sobre Lisboa ribeirinha – outra colina edificada e virada a sul e sobre um rio –  proporciona uma estratégica aproximação a uma escala térrea “de passeio” (mais à esquerda no esboço, mas mantendo uma vista paisagística sobre uma globalidade edificada e urbana, tal como nas figuras precedentes: uma estratégia de arquitetura urbana e de desenho que amplia expressivamente as vistas de perspetiva, oferecendo estadia, pormenor e sentido de proximidade no espaço do miradouro, enquanto a cena urbana continua ali mesmo a ser oferecida e com um maximizado sentido de unidade cénica, ela própria em diversos planos.
Propriamente em termos de desenho trata-se de um trabalho já com algum desenvolvimento (tal como o da figura anterior), que se desenvolve a esboço fino, depois aguarelado e, finalmente, salientado – “sublinhado” – a traços negros de tinta da china, aplicados com a possível coragem.



Fig. 04: um esquisso colorido inspirado na alentejana e extremamente cenográfica vila de Serpa; um apontamento que nos aproxima já, mais significativamente, do nível térreo, que é o nível de observação natural de quem passeia pelos espaço urbano; e, desta forma, o agregado de edifícios, construções marcantes e algum verde urbano “contrastante”, é, já, mais percebível, mais impactante, designadamente, em termos de volumetrias e de sombras, seguindo-se um sentido de observação que privilegia a forte agregação do edificado/construção, quase aparentando a anulação dos espaços de rua intersticiais, num partido que se afasta fortemente das regulamentações higienistas e, depois, modernistas, que afastam expressivamente os edifícios uns dos outros, por razões muitas vezes positivas, mas que sendo servidas, como o são, frequentemente, por má arquitectura, acabam por resultar em espaço urbanos muito pobres em termos de visualidade e vivência.
Em termos de desenho, propriamente dito, foi aplicada uma mistura de cores a aguarela e a lápis de cor aguareláveis – muito manejáveis na sequência final de realces cromáticos.



Fig. 05: esta pequena vista de um largo parisiense, continua a servir o tema geral desta artigo, tanto na reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos, aqui se realçando a tão frequente expressiva atratividade e mesmo funcionalidade urbana de certos espaços urbanos “ que se podem considerar “tradicionais” – e tão poucas vezes “recriados” –, como o sentido que o artigo segue e procura ilustrar de uma amostra de desenhos urbanos que vão indo “do ambiente geral para o ambiente particular e próximo”, e que, neste caso, chega mesmo a esse expressivo nível de uma proximidade em que muitos dos pormenores urbanos assumem relevância talvez tão importante, como a da própria e respetiva estrutura urbana; aqui o observador está já “bem térreo” e o perfil urbano superior começa a ser sentido como elemento definidor da paisagem de proximidade.
Em termos de desenho apenas se aponta uma realização, primeiro, a traço fino e contínuo, seguindo-se a aplicação das aguadas, de uma forma o mais livre possível.



Fig. 06: termina-se esta pequena viagem sobre espaços e desenhos urbanos, ligados ao tema e à sequência “do ambiente geral para o ambiente particular e próximo”, com uma vista da Lisboa ribeirinha, marcada já por um “céu urbano” que, de certa forma, fecha a parte superior da cena aqui ilustrada, transformando um pouco o exterior urbano numa espécie de “interior” urbano, que tem de ser expressiva e positivamente pormenorizado e vitalizado; o desenho, em si, baseia-se no acentuar do sentido da perspetiva (efeito global, pessoas e eléctrico; em formas e em cores) e na aplicação de vários tipos de marcadores razoavelmente aguareláveis.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.


Infohabitar, Ano XVI, n.º 717

Do ambiente geral para o ambiente particular e próximo, continuando uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos  – Infohabitar 717

Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) –, em Lisboa



Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).

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