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Infohabitar, Ano XVI, n.º 715
Ainda uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar 715
Por António Baptista Coelho (imagens e textos)
Nota prévia:
A Série “Habitar e Viver Melhor”,
assim como outras temáticas teórico-práticas nas áreas específicas da
“arquitectura do habitar”, com destaque para os assuntos associados a uma
habitação intergeracional bem integrada
- matérias, como sabemos, “centrais” na edição da Infohabitar - serão
retomadas em breve, salientando-se que, por agora, a nossa revista
continuará a dedicar alguns artigos à edição comentada de esquissos/desenhos, seja
numa perspectiva da própria prática do desenho livre, seja considerando, especificamente,
os aspectos de arquitectura e de habitar que estejam, eventualmente, associados
a cada tema desenhado.
O editor da Infohabitar
António
Baptista Coelho
Ainda uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar 715
Por António Baptista Coelho (imagens e textos)
Introdução
O presente artigo procura assegurar a continuidade
da reflexão sobre o que podemos considerar como os “velhos/novos espaços
urbanos”, desenvolvida no artigo Infohabitar n.º 711.
Os comentários abordam essencialmente as matérias da
Arquitetura do habitar, numa perspetiva de arquitetura urbana de vizinhanças e
paisagens de proximidade; não se descurando, em alguns casos, alguns
brevíssimos comentários relativos ao desenvolvimento dos respetivos desenhos.
Salienta-se, ainda, a título de nota justificativa, eventualmente desnecessária mas cuidadosa, que as ideias que
são seguidamente apontadas correspondem a uma reflexão estritamente pessoal
sobre a matéria.
Como referência prática de apoio à leitura,
lembra-se que no referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado “Uma primeira
reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, se procurou desenvolver,
esquematicamente, a ideia de que, nos tempos de hoje, quando se pretende
imprimir ao espaço urbano uma renovada marca pedonal e de meios “suaves” de
deslocação, facilitados, designadamente, pelas novas tecnologias de informação
e comunicação e pelo crescimento do uso dos veículos pouco poluentes, será
talvez altura de podermos reavaliar e reintroduzir soluções de Arquitetura urbana,
que integrem, e profundamente – portanto, no “pleno uso” dos respetivos e muito
amplos leques de tipologias de espaços e aspetos de pormenor – morfologias de
edifícios e de espaços públicos, sendo ambas, expressivamente, marcadas pela
escala humana, e pela diversidade e mutação de agradáveis e atraentes
sequências de imagens, verdadeiramente catalizadoras do movimento e da
permanência.
No referido artigo Infohabitar n.º 711, intitulado
“Uma primeira reflexão sobre velhos/novos espaços urbanos”, realizou-se uma
abordagem de Enquadramento da temática dos velhos/novos espaços urbanos,
seguindo-se o apontamento de alguns
desenvolvimentos recentes e de referência, que apoiam estas ideias,
desenvolvendo-se, em seguida a matéria do que se considera poder ser uma
estratégica variabilidade urbana, que se julga poder ser até facilitada pelas
novas ferramentas de projeto.
Alguns desenhos comentados
Em seguida e tendo-se por base a apresentação de
alguns desenhos à mão livre ( quatro deles coloridos), comentam-se as matérias da
Arquitetura do habitar, associáveis às temáticas que acabaram de ser referidas,
mas não se descurando alguns brevíssimos comentários relativos ao
desenvolvimento dos respetivos desenhos.
Fig. 01: a partir de uma imagem de Veneza desenvolveu-se um esboço que salienta a expressiva presença da escala humana; uma escala física em que comparamos, naturalmente, a altura das pessoas apontadas com a altura dos vãos dos edifícios, bem marcados a negro, e uma escala humanizada que é também funcional, pois percebe-se bem que os complexos relativamente compactos de edifícios que marginam os canais são usados essencialmente por pessoas a pé, num ambiente de barcos, edifícios e pessoas. O desenho aguarelado foi finalizado a traços negros, que o tornam mais "vibrante".
Fig. 02: a partir do interessante tema das imagens urbanas e paisagísticas de Rocamadour, aldeia/vila rochosa em que edifícios se colam a muito íngremes penhascos, desenvolve-se um exercício de "colagem" entre o que é feito pelo homem e o que a natureza esculpiu ao longo do tempo, numa natureza habitada e marcada pelo urbano e em que a própria natureza tende a marcar volumérica e até cromaticamente esse urbano. Usaram-se, com liberdade, lápis de cor aguareláveis, procurando-se misturas de cor iniciadas pelos azuis das sombras e muito ligadas aos bem variados ocres da terra e da rocha.
Fig. 03: a temática urbana modernista, frequentemente mal desenvolvida, mas aqui ligada ao excelente e modelar bairro de Olivais Norte em Lisboa, faz realçar o esquematismo das árvores invernais com a racionalidade do edificado e do seu contraste com amplas zonas "verdes" (alguns edifícios e árvores muito "verticais" e espaços "livres" e outros edifícios em contraponto horizontal). Em termos de esboço iniciou-se e lançou-se este apontamento a lápis negro (8B e aguarelável, com mina grossa, que aguenta bem um essencial esboço rápido e forte), com uma expressão livre e procurando não levantar a ponta do lápis do papel, e seguindo-se um cromatismo pouco intenso, que utiliza o contraste das partes da folha deixadas a branco e que faz salientar os traçados livres do lápis estrategicamente deixados tal e qual como foram esboçados.
Fig. 04: um "pormenor" urbano do Porto, que salienta a estimulante organicidade de diversos planos (atrás uns dos outros) de bandas de edifícios, globalmente idênticos, mas diversificados, um pouco nos seus remates volumétricos e muito na sua fenestração; de certa forma o que parece ser um dos segredos do bom urbanismo: similitude global, mas "naturalmente" vibrada/diversificada em termos de partes de volumes e de pormenores com impacto urbano. No que se refere ao desenho procurou-se apontar um forte contraste em zonas mais escuras (bem negras) e "totalmente" brancas (céu e algumas paredes) e desenvolveu-se o que podemos considerar como um "mostruário" de tipos de esboço de vãos exteriores, procurando-se, até, fixar algumas destas "formas" para uso posterior.
Fig. 05: em termos de apontamento temos, novamente, uma imagem bem esquemática e razoavelmente depurada de um enquadramento do excelente e modernista Olivais Norte, em Lisboa, com edifícios e árvores igualitariamente apontados em tons de azul (que chegam quase ao negro nas zonas mais sombreadas); e a árvore mais em primeiro plano ajuda a um estimulante sentido de spaço e de profundidade.
Fig. 06: uma imagem do Palácio da Vila em Sintra, apenas com reduzidos apontamentos da sua envolvente urbana, até porque o próprio palácio assume uma imagem de estimulante agregado de elementos edificados, volumétrica e pormenorizadamente diversificados, mas assumindo uma interessante e curiosa unidade. Em termos de esboço temos novamente um excelente lápis 8B aguarelável e forte (lápis grossos com mina grossa) numa primeira fase do desenho, seguindo-se a caneta de feltro por cima da grafite e procurando-se, até, misturas interessantemente inesperadas e "livres" entre materiais e que acabam também por proporcionar uma certa fixação da grafite.
Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar
seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar
assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e
científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o
pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e
comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos
autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos
mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é,
igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que
deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível
técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou
que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano XVI, n.º 715
Ainda uma reflexão ilustrada sobre velhos/novos espaços urbanos – Infohabitar 715
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL, doutor
em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto,
Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC)
–, em Lisboa
Revista do GHabitar (GH) Associação
Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação
com sede na Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
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