Do bairro aos espaços domésticos da Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa – nova edição, revista, com novo Editorial – infohabitar # 940
https://drive.google.com/file/d/1vw4IDFnNdnc08KJ_In5yO58oPQYkCYX1/view?usp=sharing
Infohabitar, ano XXI,
n.º 940
Edição: quarta-feira 4 de junho de
2025
(1.ª edição/versão
do presente artigo, sem editorial e com
o título ” Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa: do bairro à habitação
– infohabitar # 770”, em 23 de março de 2021 )
Fig. 0: pormenor da excelente vizinhança da NHC Nova Habitação Cooperativa no
Zambujal, Amadora, projeto do Arq. Carlos Carvalho, 2004; uma intervenção meritória
num contexto social sensível.
Editorial sobre sobre a importância de uma urgente e prática abordagem sistemática sobre o desenvolvimento da muita Habitação de Interesse Social em falta em Portugal: da vizinhança aos espaços pormenorizados da habitação.
O presente artigo, dedicado aos
urgentes caminhos de uma ampla qualidade social e arquitectónica na nova
Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP) vem na sequência do artigo que
aqui se editou, recentemente, «Sobre como apoiar a proposta de uma
renovada "Habitação de Interesse Social Portuguesa"» (Infohabitar #
939), artigo este bastante longo, assim como o presente artigo, e onde se
procurou avançar numa perspetiva de apoio a uma adequada nova promoção de HISP,
que aproveite o melhor dos processos aplicados nesta promoção nas última
dezenas de anos, e, naturalmente, procurando rever e melhorar o que se fez de
menos positivo; mas sempre numa opção de se evitarem doentias e inqualificáveis
“tábuas rasas” na contribuição para a resolução do problema da falta de habitação
que é tão crítico como sensível, e que mais crítico e sensível ainda se torna
quando se procura a sua resolução de uma forma adequada, através de habitação
com custos, mas também com qualidades, devidamente controlados.
Pois de outra forma, quando se pensa resolver este problema da falta de habitação através de soluções qualitativamente muito criticáveis, reduzindo-se a respetiva “qualidade” a simplísticos aspetos de custos e de uma pseudo funcionalidade fora de tempo, acabamos, apenas, por eternizar a procura da solução do problema, que renascerá, ciclicamente, em custosas ações de reabilitação e em ainda mais críticas ações de acompanhamento social e mesmo até, por vezes, de intervenções em termos de ordem pública, como se prova, por exemplo, em muitos bairros franceses.
É
evidente que o meio físico e arquitectónico – caraterização de vizinhanças e relações
urbanas, tipologia de espaços públicos e edificados e pormenorização dos
espaços domésticos – não determina diretamente a boa vivência e convivência nos espaços
residenciais criados, mas que as pode influenciar de forma significativa, não
tenhamos qualquer dúvida, e neste sentido bastará perguntar aos mais diretos
responsáveis pela gestão urbana das ações de realojamento, cujas respostas serão
bem claras nestes e em outros aspetos relacionados com este tema tão sensível.
E aqui chegados estamos exatamente
na matéria específica do presente artigo, que aborda, sistematicamente tais
aspetos – “Do bairro aos espaços domésticos da Nova Habitação de Interesse
Social Portuguesa” (título do artigo) – procurando daqui retirar um elenco de
aspetos práticos, mas evidentemente com sustento teórico, que possam vir a ser,
cuidadosamente, usados na conceção, construção e gestão dos tantos conjuntos e
pequenos bairros de HISP ainda e urgentemente tão necessários.
Aqui chegados quero fazer um pequeno
desabafo, que é tentar interiorizar que quem agora está a projetar a nova HISP considera, realmente e com a devida atenção, a grande importância que tem, o referido e sistemático elencar de aspetos considerados especialmente
desejáveis na referida promoção habitacional; e acreditem, por favor, que tais
aspetos, desenvolvidos no presente artigo resultaram de um duplo processo de reflexão:
- por um lado teórico e teórico-prático, baseado num extenso bloco bibliográfico (apenas aflorado na presente bibliografia) devidamente consultado ao longo de bastantes anos por diversos investigadores, que foram, aliás, assegurando a continuidade das respetivas reflexões e relativas conclusões, passando-as entre eles de modo a se garantir um crescendo cumulativo de trabalho – provado, designadamente, pelo processo de investigação do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC, desde Nuno Portas à minha própria atividade, muito bem intermediada pelo incontornável António Reis Cabrita; e com certeza também, posteriormente, desenvolvido em outros grupos de pesquisa nacionais por exemplo na FAUP, no IST e no ISCTE-IUL, através do trabalho essencial de um conjunto também incontornável de colegas, entre os quais Carlos Nuno Lacerda Lopes, Teresa Valsassina Heitor e Paulo Tormenta Pinto; e retirando muito partido de relações internacionais lusófonas designadamente com a FAU-USP e os grandes amigos Sheila Ornstein e Khaled Ghoubar, entre outros;
- e por um outro fundamental lado prático-teórico,
vertente esta na qual é essencial referir a continuidade de trabalho com o
INH-IHRU, tanto em termos da já aqui bem referida “Escola do Prémio INH”, como de
sistemáticas ações de trabalho conjunto com os colegas do INH/IHRU de Lisboa e
do Porto, entre os quais é sempre essencial lembrar o saudoso Defensor de Castro,
o Hermano Vicente, o Rogério Pampulha, o Vasco Folha e o Clemente Ricon; num
processo de trabalho continuado onde foi sempre possível transmitir conclusões
e questões mais práticas e mais teóricas de um lado para outro, naturalmente, sempre
com riquíssimos ganhos mútuos e sempre numa perspectiva de levar rapidamente os
resultados da pesquisa para o diálogo com os projetistas e promotores
habitacionais, neste caso através dos colegas do INH/IHRU. E naturalmente,
ainda nesta importante perspectiva prático-teórica no domínio da HISP é
essencial registar aqui a minha pertença desde há longa data ao movimento
cooperativo de habitação económica português, que me proporcionou uma outra “escola”
sobre como fazer bem habitação para todos tal como a fazemos para cada um de
nós, com toda a qualidade e todo o cuidado, desde a conceção à gestão posterior
e aqui os nomes do saudoso amigo Barreiros Mateus e dos amigos Guilherme
Vilaverde, Orlando Vargas e Manuel Tereso têm obrigatoriamente de ser referidos,
sendo todos eles elementos fundamentais da FENACHE.
Tal como já se registou noutro artigo
desta série, mas que é sempre importante repetir, o que se quer aqui fazer,
para além da básica, mas infelizmente tão pouco habitual divulgação de aspetos
teórico-práticos considerados vitais na promoção habitacional económica, é
lutar contra uma eventual e maligna “tábua rasa” realizada relativamente a um
verdadeiro período de ouro para a habitação de interesse social portuguesa, que
aconteceu entre cerca de 1984 e 2004/8, e que teve evidentemente também algumas
más promoções, mas que contou por regra com muitas excelentes e um elevado
número de interessantes promoções realizadas com a participação ativa de
cooperativas, municípios e empresas, cada uma delas assegurando, de certo modo,
uma parte da estratégica diversificação da então nova Habitação de Interesse
Social Portuguesa, desenvolvendo-se a sua qualidade, sustentabilidade e mesmo
valor cultural e salientando-se aqui a ação de amplo e constante apoio técnico
e mesmo de empenhada e eficaz parceria institucional do INH/IHRU, onde se
salientou a incontornável Escola do seu Prémio anual
O artigo agora reeditado e revisto
avança no referido elencar dos aspetos que devem caracterizar positivamente os
diversos níveis e interníveis físicos e residenciais que vão dos recantos
desejavelmente pormenorizados de cada habitação, onde nos devemos sentir
pessoal e familiarmente bem, o que não é pouco importa registar, até aos
espaços urbanos que em cada intervenção garantem as principais relações com a vital
continuidade urbana, sendo que entre uns e outros muito se deve poder passar
desde os espaços comuns do edifício até aos espaços de uso público das respetivas
vizinhanças de proximidade; e não tenhamos dúvidas que aqui se resumiu um “pequeno
mas grande mundo residencial” com inúmeras potenciais vertentes espaciais e
qualitativas, que evidentemente têm de ser devidamente tratadas e concretizadas
por quem projeta e por quem decide sobre estas vizinhanças, mas onde desde já
se salienta que é fundamental respeitar e considerar especificamente a
importância e o amplo papel urbano e residencial dos respetivos interníveis e
espaços de transição, relação e conjugação mútua.
Tendo-se presente o que se julga ser
a essencial importância de uma análise já feita e a fazer sobre o que de melhor
existe na HISP, e tal como já se defendeu no editorial de outro artigo desta
série falta, sem dúvida, fazer e com urgência “a prova dos nove” relativa aos respetivos
êxitos verdadeiros do conjunto das três tipologias de promoção habitacional aplicadas
durante mais de uma quarto de século em Portugal – cooperativa, municipal e
privada –, tendo-se em conta, basicamente, a “mais-valia” habitacional, urbana
e cultural dos referidos três tipos de promoção de HCC; revisitando um conjunto
amplo e bem apurado de promoções dos três referidos tipos e daí retirando as
devidas conclusões, considerando as condições que foram proporcionadas
inicialmente e que são conhecidas e as condições hoje existentes nos conjuntos
e bairros, após cinco, dez, vinte e mais anos de habitados: um trabalho urgente
e de enorme utilidade, que aliás já foi minimamente preparado entre o GHabitar
(antigo Grupo Habitar), desde logo com apoio da FENACHE.
Volta a salientar-se que os
trabalhos teórico-práticos que sustentam este artigo, e outros de minha autoria
integrados nesta temática, foram realizados essencialmente no LNEC, ao longo de dezenas de anos, quando ainda existia o
saudoso Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do Laboratório, e no âmbito de uma cooperação entre o LNEC e
o INH/IHRU e entre eu próprio e a grande FENACHE; para além disto houve uma participação continuada que assegurei
praticamente desde o início até ao fim do "verdadeiro" Prémio INH/IHRU, que
proporcionou uma verdadeira “escola” de aprendizagens nas amplas e ricas áreas
do habitar.
Salienta-se ainda que, tendo em conta o tema teórico-prático tratado e a extensão do documento, se procurou desenvolver uma sua ampla ilustração acompanhada por desenvolvidos textos de comentário nas respetivas legendas (em itálico) - das 24 fotografias existentes - o que para além de uma adequada ilustração do texto geral permite a sua leitura "paralela" e sempre interessante, apenas acompanhando as mesmas imagens.
Alertam-se os leitores para a
extensão do artigo, que pode recomendar, eventualmente, a sua respetiva edição,
por exemplo, em pdf para uma leitura mais pausada.
Lembra-se, finalmente, que serão
sempre muito bem-vindos eventuais comentários aos artigos aqui editados e
propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Lisboa, Encarnação, em 4 de junho de
2025
Do bairro aos espaços domésticos da Nova Habitação de Interesse Social
Portuguesa – nova edição, revista, com novo Editorial – infohabitar #
940
António Baptista Coelho
(texto e fotografias)
Índice
1. Introdução à abordagem geral
sobre a nova Habitação de Interesse Social Portuguesa
2. Vizinhança Alargada (VA) de
Habitação de Interesse Social
3. Vizinhança Próxima (VP) de
Habitação de Interesse Social
4. Edifício (Ed) Multifamiliar de
Habitação de Interesse Social
5. Notas breves sobre o Edifício
(Ed) Unifamiliar de Habitação de Interesse Social
6. Habitação (Ha) de Interesse
Social
Nota final
Agradecimentos
Bibliografia
Resumo
Abordam-se os aspetos de reflexão
prospectiva sobre o que poderá ser a nova Habitação de Interesse Social
Portuguesa (HISP) de um modo sistemático, em termos dos diversos níveis físicos
residenciais e urbanos considerados: vizinhança
alargada; vizinhança próxima ou de proximidade; edifício multifamiliar;
edifício unifamiliar; habitação. Sempre que é considerado pertinente
discute-se, também, a aplicação de variadas e inovadoras tipologias,
designadamente, em termos de edifícios multifamiliares.
Em cada nível físico a abordagem é realizada
através de uma reflexão qualitativa diversificada, utilizando-se uma grelha
qualitativa que foi, anteriormente, devidamente estudada e discutida no âmbito
de uma Tese de doutoramento em Arquitectura discutida e aprovada na FAUP – COELHO,
A. Baptista – Qualidade arquitectónica residencial. Rumos e
factores de análise. (Lisboa: LNEC, Livraria do LNEC, 2000)
Em todo este desenvolvimento aproveita-se, ao
máximo, o acompanhamento de muitos conjuntos de HISP, que tem sido possível, em
alguns casos, ao longo de uma sua já significativa “vida”; condição
esta que se reflete também numa numerosa ilustração comentada, que vai seguindo
a evolução temática do texto, mas que possui significativa autonomia de
leitura.
1. Introdução à abordagem geral sobre a nova Habitação de Interesse Social Portuguesa
No presente artigo desenvolvem-se os aspetos de
apreciação prospectiva do que poderá ser a nova Habitação de Interesse
Social Portuguesa (HISP), de um modo, agora, mais sistemático, abordando-se
os diversos diversos níveis físicos urbanos e residenciais – das vizinhanças
alargada e próxima, aos diversos tipos de edifícios e acabando na
pormenorização das habitações – através de uma reflexão qualitativa ampla e
diversificada aplicada a cada um desses níveis físicos (utilizando-se uma
grelha qualitativa devidamente estudada e discutida), e aproveitando-se o
acompanhamento destes conjuntos, que tem sido já possível, em alguns casos, ao
longo de uma sua já significativa “vida” (ex., conjuntos realizados na
década de 1990 contam já com cerca de 20 anos de vivência).
Sublinha-se que a referida caracterização
qualitativa, bem como a estruturação em níveis físicos urbanos e
residenciais atrás apontada, utiliza uma listagem de níveis físicos e
uma grelha de aspetos/rumos fatores de análise e de qualidade arquitectónica
residencial estudadas e desenvolvidas na já referida tese de doutoramento sobre “Qualidade
Arquitectónica Residencial", realizada no Núcleo
de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do LNEC, apresentada e defendida na
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1995 e
posteriormente editada em diversos livros da Livraria do LNEC – todos na
Colecção Informação Técnica Arquitectura ITA: Habitação e Arquitetura:
“Contributos para uma habitação e um espaço urbano com mais qualidade” (ITA
12, 2012); “Qualidade arquitectónica residencial. Rumos e
factores de análise” (ITA 8, 2000); e “Do bairro e da vizinhança à
habitação. Tipologias e caracterização dos níveis físicos residenciais”
(ITA 2, 1998). Relembrando-se que a referida grelha foi
instrumental nas análises retrospectivas ou de pós-ocupação realizadas ao
parque de HISP realizado neste período temporal apoiada pelo INH/IHRU.
Salienta-se que a ilustração de todos os
artigos usa fotografias de bons exemplos de Habitação de Interesse Social
Portuguesa (HISP), desenvolvidos durante os respetivos períodos temporais,
sendo que na abordagem prospectiva da nova HISP houve um cuidado acrescido no
sentido de uma numerosa seleção dos exemplos/imagens e da elaboração
dos respetivos comentários em legenda, que procuram acompanhar, naturalmente, o
desenvolvimento do texto, mas que possuem, quase sempre, ampla
autonomia de leitura, abordando, frequentemente, diversas
características do conjunto apresentado (textos baseados nas “fichas” de
empreendimentos integradas no livro, do autor, intitulado “Instituto Nacional
de Habitação, 1984 – 2004: 20 anos a promover a construção de habitação
social”, 2006); salienta-se, ainda, que nos casos de imagens ilustrativas de
interiores de fogos ocupados a sua proveniência é sempre de casos de HISP, mas
não é, naturalmente, especificada.
Relembra-se que as matérias abordadas são
diretamente baseadas em estudos teórico-práticos, reflexões/discussões e
visitas técnicas e multidisciplinares a um grande número e a todo o leque
promocional de conjuntos de HCC (cooperativa, municipal e privada),
destacando-se:
. as pormenorizadas e amplas
análises retrospectivas ou de pós-ocupação,
desenvolvidas por uma equipa multidisciplinar coordenada pelo Núcleo de
Arquitectura e Urbanismo do LNEC em três campanhas distintas e que incluíram,
para além das análises técnicas ao projeto e à obra concluída e habitada,
entrevistas a interlocutores privilegiados (ex, projetistas, promotores e
gestores) e mesmo alguns inquéritos directos aos habitantes;
. e as mini-análises de
pós-ocupação, desenvolvidas em períodos temporais curtos, mas extremamente numerosas e, sistematicamente participadas por
um leque muito qualificado de intervenientes (júri do Prémio INH/IHRU e
projetistas e promotores de cada conjunto habitacional visitado) e
cumprindo-se uma regra de análise rigorosa (sessão de apresentação, visitas
pormenorizadas e sessão de debate).
Volta a registar-se que o relevo dado à
promoção de HCC, apoiada pelo INH/IHRU, como base de referência, relativamente
próxima, ao desenvolvimento da nova HISP, resulta de essa promoção de HCC ter
sido ela própria especificamente enquadrada, em termos recomendativos oficiais
– Recomendações Técnicas para Habitação Social, RTHS – e em termos técnicos –
enquadramento direto pelos técnicos do INH/IHRU de Lisboa e do Porto – no
sentido de se obter um expressivo acréscimo qualitativo relativamente à
produção de HISP que a antecedeu, designadamente, nos anos mais próximos.
A ideia fundamental que se propõe é a de um
avanço prospectivo no que se refere a um sequencial acréscimo qualitativo nas
diversas facetas da satisfação habitacional e urbana associada aos conjuntos de
HISP, retirando-se ensinamentos e registando-se aspetos e casos de referência
na promoção de HISP já desenvolvida e, consequentemente, procurando reduzir e
anular os respetivos aspetos menos positivos e potenciar aqueles mais
positivos identificados através de análises técnicas que incluem, naturalmente,
a opinião dos respetivos moradores.
Este avanço prospectivo tem, portanto, em conta
a experiência havida ao longo de cerca de 100 anos de prática e de estudos,
simbolicamente marcados pelo início do grande Bairro Social do Arco do Cego, em
1918, com um natural destaque para o que se consideram ser os muito ricos mais
de 20 anos de apoio a uma promoção muito activa de Habitação a Custos
Controlados (HCC) pelo INH/IHRU, marcados por uma experiência temporalmente
muito próxima, bem fundamentada nas melhores experiências anteriores, profundamente
variada e metodicamente acompanhada em termos técnicos e científicos.
Considerando-se que, hoje em dia, é possível
identificar uma ampla base de dados sobre a melhor concepção de conjuntos
residenciais, em geral, e de HIS em particular, embora pouco partido e
aproveitamento pareça ser retirado, correntemente, de tal potencial de
conhecimento – preferindo-se habitualmente “tábuas rasas” sem sentido e sempre
perigosas quando em presença de populações sensíveis –, parece ser bem oportuno
e estratégico privilegiar a cuidadosa aplicação dessa experiência e desse
conhecimento, visando-se, designadamente, a melhor satisfação de diversos modos
de vida e a ponderada adequação a diversos hábitos domésticos e a distintas,
emergentes e críticas necessidades espaciais, funcionais e em termos de
apropriação – por exemplo, fogos, edifícios e vizinhanças que facilitem e
estimulem o dia-a-dia dos idosos.
Fig. 1: Promoção privada no CDH da
Obiave, realizada de forma faseada e em estreita relação com a respectiva
Câmara Municipal, no Alto da Pêga em Vila do Conde (um pouco mais de 200 fogos
e equipamentos) com projecto do Arq.º J.J. Silva Garcia, 2002; este conjunto
com alguma dimensão está estruturado por um expressivo sentido urbano, é
estrategicamente densificado e evidenciadamente pedonalizado e está muito bem
marcado pela escala humana (ver as entradas dos edifícios).
Neste conjunto harmonizaram-se os
tráfegos de peões e veículos, seja em espaços específicos, seja em zonas mistas
e bem pormenorizadas, dinamizando-se a vivência residencial de ruas e de
interiores de quarteirão, criando-se um troço de cidade com vida própria e
atraentemente repartido em vizinhanças de proximidade caracterizadas por diversas singularidades urbanas, mas
mantendo-se a unidade do conjunto. A imagem envolvente do conjunto é mais forte
do que a imagem dos interiores de quarteirão, marcados pelo ritmo das escadas e
por alongado edifício térreo onde se integra uma galeria de equipamentos. Tal
como referiu o saudoso Arq. Duarte Nuno Simões, que integrou o Júri do Prémio
INH que visitou este conjunto, “tornou-se doméstico uma parte do espaço
urbano”; e eu juntaria que é isso mesmo que importa fazer,
sistematicamente, na concretizaçãoo de nova HISP.
2. Vizinhança Alargada de Habitação
de Interesse Social
Na presente e futura promoção de habitação de
interesse social consideram-se os seguintes objectivos de qualidade a alcançar
ao nível das vizinhanças alargadas ou conjuntos de vizinhanças de proximidade;
faz-se notar que os melhores empreendimentos de HCC/HIS realizados na
última fase de promoção deste tipo de habitação pelo INH/IHRU foram
sistematicamente usados como fontes de identificação de grande parte dos
aspectos, em seguida, referidos.
(Nota: em cada uma das facetas qualitativas os
aspetos são apontados em ordem alfabética)
Acessibilidade
. Integração urbana – desenvolvimento de uma adequada integração ou conjugação
urbana, ligada à associação entre pólos de relação com as envolventes e
equipamentos bem vitalizados, e à separação e adequado tratamento físico e
urbano/residencial dos tráfegos de passagem e local. A disseminação
de pequenos conjuntos no meio urbano preexistente é vantajosa para tal
condição.
. Espaços públicos pedonais – exigência de adequado arranjo e equipamento dos espaços
públicos pedonais, sempre muito próximos do olhar; tal exigência é tanto mais
crítica quanto maior o espaço.
. Hierarquia de acessibilidades – sistematização hierárquica da acessibilidade regida por:
estratégica espaciosidade residencial, continuidade urbana pontuada por
soluções de integração de tráfegos, alternativas de relação pedonal com a
envolvente e clara e estratégica capacidade de referência.
. Transportes públicos – reforço da acessibilidade por transportes públicos eficazes
e agradáveis.
Comunicabilidade
. Relações urbanas – privilegiar relações de comunicabilidade urbana
caracterizadas por: enquadramentos edificados significativos,
"pontos" de vista estratégicos, imagens caracterizadoras do conjunto,
vistas de ruas com continuidade e de espaços residenciais bem confinados e
abrigados, grandes enfiamentos urbanos marcados por equipamentos, sequências
basicamente pedonais e estimulantes, relações francas com zonas naturais e
continuidades funcionais estimulantes com espaços contíguos.
Espaciosidade
. Tipologias edificadas – aplicar tipologias unifamiliares densificadas e pequenos
edifícios multifamiliares com afirmadas continuidades de espaço público,
privilegiando quarteirões bastante fechados e com escala humana, levando ao
limite o equilíbrio entre larguras dos espaços públicos e alturas dos edifícios
confinantes e reflectindo, funcionalmente, essa ocupação densificada no
tratamento do espaço público.
. Integração paisagística – integrar volumetricamente os novos empreendimentos em
relação com os edifícios preexistentes e com o respectivo meio natural.
. Espaços públicos – evitar, a todo o custo, quaisquer excessos de espaço
público, bem como zonas públicas residuais, porque sem funções claramente
definidas (ex., lazer, enquadramento e representação); o enquadramento é aqui
sugerido como exemplo de função, embora se possa considerar que ele deva ser,
sempre que possível, associado a outras funções mais “efectivas”, como, por
exemplo, a acessibilidade e o recheio com verde urbano.
. Usos públicos - assegurar o aproveitamento total dos espaços exteriores
urbanos.
Capacidade
. Ocupação – não aceitar soluções com espaços
sobrantes/descaracterizados.
. Continuidades – desenvolver continuidades de espaços públicos
expressivamente duráveis e com manutenção simplificada.
. Estacionamentos – aplicar soluções diversificadas e repartidas, no que se
refere ao estacionamento de veículos, desenvolvendo-se uma integração
"camuflada" e útil de zonas exteriores de estacionamento e garagens
colectivas.
. Equipamentos coletivos – conjugar os pólos de equipamentos com as principais zonas
de acesso, prevendo-se, sempre, pelo menos, um mínimo de equipamentos de uso
diário, mesmo em conjuntos com dimensão reduzida, a não ser que eles já existam
na respectiva envolvente urbana.
. Organização – polarizar novos conjuntos em torno de espaços públicos onde
se integrem equipamentos de recreio ou desporto.
. Integrações – desenvolver uma estratégia de conjugação dos equipamentos
com a respectiva continuidade edificada residencial, evitando-se, a todo o
custo, situações de quebra de continuidade urbana provocadas pela integração de
equipamentos colectivos.
Fig. 2: Conjunto de 77 fogos da
cooperativa COOHAFAL no Funchal, com projeto dos arquitectos (referência em
ordem alfabética) Duarte Cabral de Mello, João Francisco Caires e Maria Manuel
Godinho de Almeida (1992); uma afirmada e amigável vizinhança próxima que é
muito marcada pela escala e uso humanos, como se as habitações se prolongassem,
com naturalidade, pelo exterior contíguo, ele próprio caracterizado por uma
evidente domesticidade.
Trata-se de um pequeno quarteirão
vitalizado pela envolvente urbana e interiormente pedonal e protegido, apoiando
o recreio infantil e o lazer num jardim maximizado e com excelente capacidade
de uso. Aliou-se o proveito plástico das situações de esquina e de canto ao seu
aproveitamento, no interior doméstico, com vãos especiais e varandas fundas e a
uma protecção cuidada das proximidades entre espaço público e privado (ex.
grandes canteiros contíguos e privatizadores das varandas térreas). Destaca-se
também o expressivo cromatismo, marcado pelo soco conjugado com o “verde”
urbano e com os passeios, pelos corpos assinalados pelo verde escuro das
gelosias, e pela “cimalha” evidenciada pela cor e por um tratamento específico
da fenestração; tudo rematado por um telhado proeminente e protector.
Funcionalidade
. Continuidades – desenvolver continuidades urbanas que possam ser, pelo
menos, minimamente vitalizadas, designadamente, através de um equipamento
estratégico e associado com as acessibilidades rodoviária, pedonal e
em transportes públicos. E não tenhamos dúvida de que é muito mais útil um
pequeno pólo de equipamentos vivo, do que um longo enfiamento de espaços para
equipamentos vazios e, potencialmente, vandalizados.
. Visibilidades – estruturar os espaços públicos através de vistas dirigidas
para motivadoras sequências de edifícios e espaços exteriores onde se integrem,
com sobriedade, os respectivos elementos funcionais.
Conforto/agradabilidade
. Sossego acústico – privilegiar soluções que favoreçam o conforto acústico em
meio residencial, designadamente, por hierarquização rodoviária, margens ou
impasses rodoviários, zonas pedonais ou mistas contíguas a grande número de
fogos e pequenos estacionamentos bem concentrados.
. Continuidades – assegurar a continuidade da forma urbana e o seu
relacionamento com espaços exteriores bem definidos, numa perspectiva que
privilegie a protecção contra intempéries, designadamente, contra o vento, o
sol em excesso e a própria chuva. E destaca-se que, por exemplo, grandes
galerias comercialmente vitalizadas constituem também verdadeiros abrigos
alongados.
. Verde urbano – favorecer condições de conforto higrotérmico e, mesmo,
psicológico, por desenvolvimento de uma significativa componente
"verde", numa perspectiva que faz evidenciar a importância de um
estudo paisagístico que vise a rápida disponibilização e adequação
local/regional da vegetação urbana, condições estas dinamizadoras do uso do
espaço exterior.
. Pedonalização – desenvolver estratégias integradas de circulação pedonal
exterior, associando-se todas as condições potencialmente disponibilizadas no
espaço exterior e na envolvente dos espaços edificados, através da criação de
redes estratégicas para andar a pé com um máximo de condições de conforto,
segurança e vitalização, designadamente, por relações rítmicas com várias
actividades e cenários (por exemplo: lojas, esplanadas, quiosques, bancos de
jardim, sombras de árvores, contiguidades com portas privativas ou comuns de
habitações e edifícios habitacionais, paragens de transportes públicos, etc.).
Durabilidade
. Espaços de uso público – o espaço público deve integrar elementos naturais e
construídos muito duráveis, adequados aos usos e ao clima local, fáceis de
manter nas melhores condições de uso e aparência, garantindo um efeito visual
rapidamente estabilizado, associados a boas condições funcionais e visuais de
envelhecimento (envelhecendo bem, em termos de uso e de uma eventual mutação de
aspecto, atraente e caracterizadora) e articulados com eficazes condições de
demarcação e responsabilização de todos os espaços exteriores, incluindo
adequadas condições de gestão local de proximidade e em continuidade.
. Manutenção e gestão – solução de espaço público e a solução de gestão e
manutenção corrente do mesmo devem ser integradas, numa perspectiva de
auto-sustentação, apoiada em diversos processos e intervenientes e acompanhada
por um metódico acompanhamento da evolução das condições locais, reduzindo-se
ou mesmo, desejavelmente, anulando-se a progressiva degradação do exterior, que
muitas vezes, está associada ao desenvolvimento de ciclos viciosos de más
condições de durabilidade inicial, más condições de gestão local e maus usos ou
mesmo vandalismo.
Fig. 3: Conjunto de 45
fogos da cooperativa CHC na Senhora da Saúde em Évora, Arq.
Rui Russo (2005); pequena intervenção de realojamento para pessoas
muito carenciadas e que foi realizada por uma cooperativa, ficando
evidenciada a relação entre a simplicidade do edificado, a dignidade e a forte
escala humana do conjunto; o exterior complementa os usos do interior
doméstico, em termos do recreio de crianças, logo ali bem perto das janelas das
habitações.
Segurança
. Visibilidades – a visibilidade de segurança e o acompanhamento dos utentes
no espaço público deve ser assegurada por: bimarginalidade das ruas,
quarteirões com interiores bem controlados ou mesmo privatizados, espaços
públicos delimitados por edifícios com habitação, ausência de espaços públicos
pouco acessíveis e visíveis, equipamentos exteriores em posições centralizadas
e percursos pedonais com continuidade, vitalizados e sem troços menos visíveis. Esta
condição é essencial para que o espaço exterior público seja um suporte
privilegiado do recreio livre das crianças e de permanência no exterior dos
idosos e contribui, claramente, para as próprias condições de segurança contra
intrusão nos edifícios.
. Hierarquia rodoviária – não devem ser aceites "fugas" à hierarquização
rodoviária, designadamente, as responsáveis pela presença de tráfego de
atravessamento; e devem ser cuidadosamente implementadas “zonas 30” e mesmo
“zonas 20” – zonas essencialmente residenciais onde os veículos não podem
circular a mais de 30 km/h ou 20 km/h.
Convivialidade
. Escala humana – desenvolver espaços públicos de Vizinhança(s) Próxima(s)
com escala humana, adequadamente equipados e bem conjugados com números
restritos de fogos, articulados por um nível superior de espaço público animado
e equipado.
. Pólos urbanos – criar centros equipados e vitalizados por habitação e redes
de acessibilidade, desejavelmente caracterizados por figuras
"tradicionais" e funcionais de espaços urbanos, que sejam
incentivadoras do convívio natural.
. Equipamentos coletivos – articular estrategicamente os novos conjuntos residenciais
com pólos de equipamento e outras zonas, eventualmente, menos equipadas e
vitalizadas, que possam ganhar com tal associação e que tragam “massa crítica”
de vitalidade ao respectivo conjunto.
. Vitalização – equilibrar números de fogos e equipamentos locais,
procurando-se um equilíbrio que seja veículo de uma verdadeira sustentabilidade
da vida urbana local.
. Equipamentos coletivos de maior
dimensão – prever cuidadosamente a localização
mais polarizadora/vitalizadora e o adequado funcionamento de grandes
equipamentos desportivos e de lazer e anular qualquer tipo de integração que
constitua situações de “barreira” à circulação pedonal.
. Diversidade de ambientes – vitalizar estrategicamente o espaço público, através do
desenvolvimento de relações opcionais de encontro e do contraste próximo entre
diferentes alternativas de privacidade e de animação urbana.
. Sequências urbanas – servir e construir a continuidade urbana através de
sequências residenciais culturalmente baseadas e com escala humana, favorecidas
pela adequada integração de equipamentos colectivos e vitalizadas por espaços
públicos úteis, não excessivos ou residuais, bem delimitados e fundidos com
tipologias residenciais claramente apropriáveis (ex., quarteirões e bandas
densas com pátios murados).
. Condomínios – considerar que a continuidade da vitalidade urbana não pode
ser prejudicada por quarteirões privatizados por condomínios privativos, que
reduzem os respectivos passeios marginais a espaços de circulação sem vida, sem
atractividade e sem segurança (para os seus utentes, pois as câmaras aí
instaladas destinam-se e servir a segurança do interior privado do quarteirão).
. Sítios estratégicos – aproveitar/desenvolver em termos de marcação de percursos,
condições de segurança e múltiplas ocupações vitalizadoras todos os sítios
estratégicos de relação entre edifícios e espaços de uso público (ex., esquinas
e atravessamentos urbanos).
Privacidade
. Quarteirões – considerar a ocupação integral de interiores de quarteirão
– de edifícios unifamiliares ou de pequenos edifícios multifamiliares – por
pequenos quintais privados quase totalmente escondidos das vistas públicas
marginais.
. Pisos térreos – prever um sistema adequado de soluções hierarquizadas de
protecção e marcação dos pisos térreos habitacionais (exemplos: sebe solta,
jardineta conjugada com a habitação, "varanda", pátio murado, etc.).
. Relações e transições – privilegiar a marcação afirmada dos níveis de vizinhança
(exemplos: entradas afirmadas e equipadas, "vãos" de passagem,
galerias, barreiras “verdes” e outras, sinalética, etc.).
. Diversidade (espacial e ambiental) – prever um leque adequado e variado de espaços exteriores
privados: quintais frontais (representativos) e/ou posteriores (de serviço);
pátios murados frontais e/ou ocupando o interior de quarteirões.
. Vitalização térrea – articular a habitação com outras ocupações dos pisos
térreos (ex., comercial, estacionamento); uma articulação que, no limite e
desejavelmente, poderá prever a alteração mútua de usos entre habitação e
comércio/serviços, numa perspectiva muito adequada à adaptabilidade urbana
local e à sua respectiva vitalidade.
Fig. 4: conjunto de 20 fogos promovido pela Câmara Municipal de Manteigas (1992), em Manteigas, com projecto do Arq. Aires Gomes Almeida (Gabinete de Apoio Técnico/GAT da Guarda); este conjunto de pequenos multifamiliares agregados em torno de um espaço pedonal de uso público reinventa tipologias edificadas e de arquitectura urbana, proporcionando excelente adequação topográfica, evidente integração e mesmo valorizaçãoo paisagística, para além de uma forte apropriação dos fogos e seus quintais privativos.
Uma solução que visa a promoção das
relações de vizinhança, num “condomínio horizontal” estruturado por espaços
exteriores públicos bem delimitados e com grande
continuidade espacial. A segregação entre peões e veículos permite à-vontade no
uso das sequências exteriores pedonais, marcadas com “pontos” singulares de
tratamento (ex. fontanário) e tira partido arquitectónico das difíceis
condições do local de implantação (topografia e configuração).
O conjunto residencial apresenta uma
ponderada variedade formal e vários tipos de pequenos edifícios habitacionais
multifamiliares, mas com a imagem de agregados de pequenas moradias.
Salienta-se nesta solução a grande unidade urbana e residencial conseguida com
um conjunto de edifícios uni, bi e tetrafamiliares, variadamente desenhados e
conjugados nos seus volumes e acessibilidades privativas e comuns.
Ao entrarmos nos fogos,
frequentemente por acessos privativos e directos, a partir da rua, impressionam
os caixilhos de madeira das janelas, e as amplas cozinhas de serviço e de
convívio (que suportam mesas centrais). Os quintais privativos posteriores, contíguos
aos quartos, demarcam a zona de intervenção e contrapõem um “mundo” íntimo ao
mundo “quase” público, da estimulante ruela de vizinhança.
Adaptabilidade
. Diversidade racional – aplicação de um processo sistemático de concepção
diversificada do espaço urbano, baseado no fogo-tipo, associado em edifícios
com variantes e gerando espaços urbanos com carácter unificado, mas variados e
dinamizados.
. Grão urbano “fino” – considerar que a adaptabilidade urbana é favorecida por
diversas medidas: edifícios fáceis de integrar em pequenos retalhos urbanos;
reserva de pequenos espaços, não geradores de descontinuidades, para a
posterior introdução dos equipamentos; um pequeno/equilibrado excesso em termos
de espaços previstos e construídos para equipamentos; integração de
equipamentos aproveitando desníveis e/ou em boa parte integrados nos edifícios
dominantemente habitacionais.
Apropriação
. Gestão local – assegurar o acompanhamento próximo e continuado do período
de estabilização dos empreendimentos pelos respectivos promotores directos,
anulando-se rapidamente processos de apropriação menos positivos, fomentando-se
a autonomização da vida urbana do conjunto com a participação dos seus
habitantes e privilegiando-se a autonomização das intervenções numa perspectiva
estrategicamente alargada; de certa forma o que se pretende é que um dado
promotor assegure a viabilidade e sustentabilidade de um dado conjunto urbano e
residencial por ele promovido e não, simplesmente, a respectiva realização em
“pedra e cal”.
. Representatividade ou urbanidade – desenvolver espaços públicos representativos da globalidade
do empreendimento, assegurando-se a introdução pontual de elementos artísticos,
que sejam indutores de apropriação e identidade local.
. Participação e informação – incentivar a participação informada dos habitantes em
diversos aspetos da gestão local e, designadamente, na escolha de equipamentos
colectivos e elementos representativos a instalar localmente.
. Participação direta dos habitantes – apoiar e enquadrar a participação directa dos habitantes no
arranjo natural e na manutenção de uma hierarquia de espaços associados a
edifícios: quintais privativos preenchendo interiores de quarteirão; jardinetas
frontais fundidas com pisos térreos; espaços públicos representativos ligados a
edifícios. Salienta-se ser este um caminho duplo e eficaz, tanto na garantia de
maior satisfação residencial pela referida apropriação e pela oferta de
diversas condições de vida diária (também factor de apropriação), como na
expressiva redução dos custos públicos de manutenção do espaço exterior; e
basta visitar alguns espaços concretos para confirmar esta afirmação (exemplos
evidentes nos bairros de Alvalade e de Olivais Norte – Encarnação, ambos em
Lisboa, e com soluções e imagens urbanas totalmente distintas).
Atractividade
. Sequências – desenvolver sequências de "entrada-saída" bem
memorizáveis (caracterizadas por uniões de edifícios e espaços públicos),
continuidades urbanas alternativas e ritmadas integrando articulações/mudanças
de direcção, e elementos bem conhecidos do vocabulário urbano
tradicional/corrente.
. Dignidade de imagens – assegurar a sobriedade e dignidade da arquitectura urbana
edificada, cuidando-se de uma adequada composição pormenorizada das fachadas,
marcando-se esquinas, remates ao solo, ao céu e, por vezes, empenas e topos de
banda, atentando-se à estratificação horizontal de edificações alongadas e baixas
e atendendo à capacidade de expressão urbana de certos elementos de
pormenorização e humanização.
. Continuidades – aproveitar e tirar partido volumétrico de significativas
continuidades edificadas (ex., bandas cerradas de edifícios unifamiliares com
pátios murados).
. Superfícies marcantes – desenvolver um aproveitamento superficial evidenciado de
revestimentos de fachada de elevada durabilidade e também com aparência de
grande durabilidade (ex., tijolo maciço, socos e bordaduras em pedra, alguns
elementos cerâmicos).
Domesticidade
. Imagens marcantes – privilegiar a aproximação de pequenos edifícios
multifamiliares à imagem de conjuntos de unifamiliares;
associando-se, assim, parte das vantagens funcionais e de imagem de uns e de
outros.
. Escala humana – aliar a dignidade e a sobriedade da imagem urbana ao
dimensionamento de conjuntos residenciais com escala humana e sentido de
vizinhança.
. Integração global (paisagísitica e
cultural) – desenvolver soluções de reforço da
expressão de horizontalidades edificadas, de aplicação evidenciada de materiais
naturais e de radicação na cultura edificada e urbana local/regional.
. Contemporaneidade – privilegiar alianças entre caracterização residencial e
arquitectura urbana contemporânea.
Integração
. Continuidades de imagens – assegurar uma agradável e relativa continuidade de imagens
urbanas entre o novo conjunto e a respectiva envolvente.
. Densificação – densificar cuidadosamente o novo empreendimento,
assegurando-se contrastes urbanos harmonizados e adequados à respectiva
paisagem urbana e natural, e favorecendo-se o convívio natural no espaço
público e a identidade local – esta em boa parte construída neste mesmo espaço
público.
. Escala humana – utilizar tipologias de baixa altura, alta densidade e forte
ocupação do solo, associadas, designadamente: ao desenvolvimento de espaços
exteriores privatizados; a um tratamento das fachadas que faça rebaixar,
aparentemente, a escala geral; ao privilegiar de revestimentos exteriores dos
edifícios duráveis, fáceis de manter e caracterizados por texturas e cores
naturais; a uma forte conjugação com elementos de vegetação e espaços
ajardinados; e considerando-se as potencialidades da arquitectura da cor, em
edifícios com tonalidades variando com a incidência solar, que enriquecem a
paisagem urbana e facilitam condições de identificação/orientação.
. Topografia – harmonizar e conjugar expressivamente as malhas urbanas e
as condições topográficas locais, preenchendo-se os espaços urbanos deixados
vagos com tipologias adequadas, mantendo-se e valorizando-se preexistências
construídas e naturais e considerando-se a relação com aspectos culturais
locais/regionais.
. Verde urbano – desenvolver arranjos exteriores com uma assinalável
componente "verde", mas expressivamente sóbrios e dignos,
valorizando-se a arquitectura urbana edificada e a estrutura básica do espaço
público.
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Fig. 5: Na parte superior da
figura, duas imagens do conjunto de 53 fogos da
C.M. do Porto no Monte de São João (2003), com projecto dos arquitectos Rui
Almeida e Filipe Oliveira Dias; na parte inferior da figura duas
imagens do conjunto de 10 fogos da C.M. de Esposende (2002),
da Arq.ª Ana Valente.
No caso do Porto trata-se de uma solução urbana convivial, na sua vizinhança
de proximidade e muito bem integrada na cidade; condições bem ligadas entre si
pois convívio vicinal e vida citadina são faces da mesma moeda; é ainda
fundamental sublinhar a pequena dimensão física e social deste conjunto, que
lhe proporciona uma boa capacidade de positiva “absorção” no tecido urbano
preexistente.
Salienta-se a cuidada mistura de
soluções, seja entre equipamentos e habitação, mutuamente vitalizados, seja
entre tipologias de acesso aos fogos (escadas e pequenas galerias exteriores).
As galerias estão nos sítios mais adequados em termos de uma equilibrada
vitalização do convívio de vizinhança e são atraentemente evidenciadas; os
equipamentos ligam-se à continuidade urbana; e o estacionamento comum tem
acesso no local mais favorável e aproveita a luz natural proveniente do grande
terraço pedonal e de lazer que o cobre e preenche o miolo da vizinhança.
No caso de Esposende estamos em presença de uma tipologia unifamiliar em banda de
tal forma densificada que a sua imagem corresponde à de um edifício
multifamiliar alongado e marcante em termos de continuidade urbana; outro
aspecto a destacar é a exemplar integração desta banda num local de baixa
densidade e de transição com um ambiente rural.
No conjunto dos espaços interiores,
exteriores e de transição interior/exterior que constituem cada habitação,
salienta-se o seu equilibrado dimensionamento, a sua funcionalidade e a sua
articulação, em ricas e diversificada sequências volumétricas e ambientais (ex.
pátio de representação, passagem sombreada, pátio de serviço, e quintal
hortícola).
Em qualquer um dos casos temos excelentes soluções de Arquitectura urbana em o
que importa mais é isso mesmo: a grande fusão
entre o edificado e a vizinhança – e sublinha-se que são pequenas e logo mais
sustentáveis vizinhanças (grupos de 53 e de 10 fogos, respetivamente, na grande
e na pequena cidades); o edifício passa protagonismo “para cima”, para a
vizinhança, e “para baixo”, para a habitação (o fogo), produzindo-se em
qualquer um dos casos excelentes soluções de vizinhança e de fogo.
Para além disto temos aqui muito
interessantes pesquisas práticas tipológicas, afirmando-se, em cima na
imagem, no Porto, um pequeno e íntimo quarteirão equipado e com miolo pedonal,
naturalmente gerador de um pequeno e vitalizado pólo de equipamentos de
vizinhança, e, em baixo na imagem, em Esposende, uma banda compacta de unifamiliares
que, embora com grandes quintais alongados a tardoz, apresenta frontalmente uma
evidente e marcante fachada urbana, capaz de assegurar estratégicas
continuidades urbanas.
3. Vizinhança Próxima (VP) de
Habitação de Interesse Social
Na presente e futura promoção de habitação de
interesse social consideram-se os seguintes objectivos de qualidade a alcançar
ao nível das vizinhanças próximas; faz-se notar que os melhores
empreendimentos de HCC/HIS realizados na última fase de promoção deste tipo de
habitação pelo INH/IHRU foram sistematicamente usados como fontes de
identificação de grande parte dos aspectos, em seguida, referidos. (Nota:
em cada uma das facetas qualitativas os aspetos são apontados em ordem
alfabética)
Acessibilidade
. Pedonalidade – os percursos pedonais devem ser cuidadosamente
pormenorizados (escadarias com degraus baixos e alongados) e devem existir
rampas alternativas a percursos obrigatórios com escadas.
Capacidade
. Equipamento local – em todas as vizinhanças com mais de 60 fogos devem existir:
locais de recreio de crianças, locais de recreio de jovens, locais de estar e
reunir para adultos e idosos, espaços verdes, e pelo menos dois espaços de
comércio e serviços de apoio à habitação e desejavelmente com carácter
convivial (geralmente café/restaurante e mercearia/mini-mercado). A
previsão do tipo e da quantidade de espaços públicos acima referidos dependerá,
naturalmente, da dimensão do conjunto residencial, sendo desejável o
desenvolvimento de uma tabela recomendativa específica.
. Diversificação – desenvolver espaços públicos diferentes e diversamente
tratados para se dinamizarem variadas actividades de exterior que complementem
os espaços dos fogos.
. Estacionamento automóvel – o número de lugares de estacionamento deve ser adequado às
necessidades de uso presente, e à sua evolução prevista para o futuro próximo.
. Mobiliário urbano – instalar mobiliário urbano nos espaços exteriores públicos:
bancos, papeleiras, recipientes de recolha de lixo, luminárias com aparência
condigna, bebedouros, telefone público, etc.; também esta previsão deverá ser
ordenada por uma tabela recomendativa específica, designadamente, no que se
refere a elementos de mobiliário urbano considerados essenciais.
Funcionalidade
. Verde urbano e manutenção – desenvolver espaços verdes urbanos com características que
permitam uma reduzida manutenção e o máximo recurso a meios mecânicos.
. Redes – conjugar os traçados das redes enterradas com o arranjo de
espaços exteriores.
. Verde urbano escolhido – utilizar apenas elementos verdes correntes e rústicos,
adequados às condições locais e que exijam reduzida manutenção; habitualmente
tais tipos de elementos terão uma importante representação de espécies vegetais
"autóctones".
. Usos não habitacionais – prever todos os problemas funcionais decorrentes da
existência de espaços não habitacionais, designadamente, os aumentos de tráfego
e de estacionamento.
Fig. 6: Conjunto de diversas
cooperativas da zona de Lisboa integradas na FENACHE, a NHC - Nova Habitação
Cooperativa, a CMLCOOP e a Cooplar de Moscavide, realizado em articulação com a
C.M. de Lisboa e com projecto dos arquitectos Rui Pedro Cabrita e Miguel Ângelo
Silva (1994).
A vizinhança de proximidade e de
enquadramento do edificado está criada de forma coesa e bem marcada, através de
uma ampla e regular zona exclusivamente pedonal equipada com um jardim urbano e
com um parque infantil; a gestão e manutenção desta zona entre bandas
edificadas é da CM de Lisboa, enquanto os grande canteiros frontais (do outro
lado dos edifícios e aqui não visíveis), em boa parte preenchidos com roseiras,
são da responsabilidade das cooperativas e custeados por uma pequena parcela
integrada no valor do condomínio. Este espaço entre edifícios é naturalmente
sossegado e protegido do tráfego em geral, sendo estrategicamente visível de
muitas janelas.
O espaço urbano que foi
cuidadosamente preenchido e bem aproveitado pelos projectistas era um “vazio
urbano” distribuído por duas zonas muito próximas mas distintas (que foram
desenvolvidas em duas fases de construção referindo-se a imagem à segunda fase)
e situava-se/situa-se entre uma importante via de trânsito e diversos troços de
uma velha e em parte inativa ocupação industrial, tendo-se desenvolvido um
verdadeiro processo de regeneração urbana e paisagística aplicado em duas fases
distintas com cerca de 150 fogos cada.
Em termos de método global podemos
salientar que para a cidade o conjunto vira uma fachada caracterizada pela
continuidade, sobriedade, horizontalidade e mesmo algum sentido doméstico (em
agradável contraponto com o verde urbano de enquadramento), enquanto no
percurso de acessibilidades aos edifícios e entre as suas bandas encontramos
elementos de reforço da escala humana, com relevo para as rebaixadas entradas
comuns, para as grelhagens domésticas, para alguns equipamentos de vizinhança e
naturalmente para um verde urbano diversificado e atraente.
Conforto
. Vias de tráfego – assegurar o afastamento de vias de tráfego intenso ou
outras fontes de ruído relativamente a edifícios de habitação e a espaços
exteriores de estar, ou devem existir barreiras acústicas.
. Vistas – anular vistas sobre espaços ou elementos desagradáveis
(contentores de lixo, depósitos de gás, postos de transformação, espaços de
serviço, espaços de cargas e descargas, etc.).
. Insolação – os espaços exteriores devem possuir insolação directa na
maior parte da sua área, e devem existir elementos que proporcionem
sombreamento no período de Verão;
. Ventos – cuidadosa protecção dos espaços exteriores relativamente
aos efeitos dos ventos dominantes, em particular os espaços de jogo e recreio
de crianças e jovens.
. Chuva – disponibilizar zonas exteriores protegidas da chuva.
Durabilidade
. Pavimentos – os revestimentos exteriores a aplicar em pavimentos deverão
caracterizar-se por elevada durabilidade, resistência e proteção relativamente
a acções de vandalismo e usos menos adequados; os usos exteriores são potencialmente
muito desgastantes.
. Mobiliário urbano – todos os elementos de mobiliário urbano a aplicar deverão
possuir características físicas anti-vandalismo; esta exigência será, no
entanto, mais crítica em conjuntos habitacionais cuja população seja pouco
conhecida, esteja pouco enquadrada em termos de apoio social e/ou esteja
associada a registos prévios em termos de maus usos e prática de actos de
vandalismo.
. Vandalismo – as zonas mais acessíveis das fachadas e empenas de
edifícios, bem como dos muros que bordejam espaços públicos, deverão ser
resistentes a acções de vandalismo e/ou facilmente recuperáveis (ex., o
isolamento térmico pelo exterior deverá ser adequadamente protegido nas suas
zonas mais acessíveis).
. Verde urbano –utilizar apenas elementos "verdes" correntes, que
evitem a degradação e o roubo de espécies vegetais.
. Manutenção – a atribuição de responsabilidade de manutenção dos espaços
públicos a Cooperativas e Associações de Moradores afigura-se uma boa solução,
visto que as Câmaras dificilmente conseguirão fazer a manutenção de todos os
espaços sob a sua responsabilidade e porque corresponde a uma eficaz
auto-responsabilização dos moradores; para que esta opção seja viável devem ser
disponibilizados apoios municipais especializados e pontuais que proporcionem o
desenvolvimento de um trabalho completo (limpeza viária, jardinagem e
reparações especiais).
Segurança
. Pormenorização – aplicar o maior cuidado na pormenorização dos espaços
exteriores (ex., desníveis de altura superior a 0,50 m protegidos, eliminação
de degraus únicos inesperados, desenho de vedações, etc.); atentar na grande
proximidade da atenção dos habitantes relativamente aos elementos que integram
os espaços de uso público.
. Iluminação – instalar iluminação nocturna em todos os espaços exteriores
(vias, estacionamentos, caminhos pedonais, entradas de edifícios, etc.) e não
devem existir fachadas cegas.
. Vias – o sistema viário existente no perímetro da vizinhança deve
ser concebido de modo a evitar que os veículos atinjam velocidades elevadas.
. Pedonalidade – no interior da vizinhança não devem existir vias com
tráfego de atravessamento e deve ser sempre dada uma clara prioridade aos
peões; sendo de grande importância e urgência a sistemática definição de zonas
com tráfego motorizado limitado à velocidade de 30 km/h ou mesmo 20km/h.
. Crianças – os espaços de jogo e recreio de crianças e jovens devem
estar afastados de vias.
. Passadeiras de peões – as passadeiras de peões devem estar particularmente bem
assinaladas e de forma durável.
Fig. 7: Conjunto de 108 fogos
promovido pela Câmara Municipal de Matosinhos em Monte Espinho (2005/6), com
projecto da Arq.ª Paula Petiz.
Trata-se de uma pequena e muito
completa malha urbana bem pedonalizada, com forte escala humana e um extenso
potencial de apropriação; os espaços urbanos estão bem hierarquizados, embebem
os equipamentos na continuidade da edificação habitacional e proporcionam
percursos estimulantes até à porta das habitações; inventa-se uma interessante
tipologia de pequenos multifamiliares com imagem aproximada aos unifamiliares e
desenvolvem-se espaços domésticos muito equilibrados e bem configurados, embora
praticamente mínimos, e aproveitando ao máximo as relações diretas entre
interior doméstico e exterior público ou privado.
Em termos construtivos a solução é
marcada pela durabilidade e proporcionou a construção inicial de um
edifício/módulo como exemplo de experimentação e bom conhecimento e
racionalização dos respetivos aspetos e processos construtivos, experiência
esta que foi depois aplicada na dinamização da obra em varias frentes de
construção simultâneas.
Convivialidade
. Grupos de habitações – estudar e aplicar os conjuntos de fogos em vizinhança
efectiva e os agrupamentos de edifícios fortemente conjugados por espaços
públicos equipados, que se considere possam ser os mais favoráveis para o
desenvolvimento natural do convívio, designadamente, entre crianças e jovens,
por sua vez motivadoras de subsequentes relações sociais entre os habitantes
mais velhos.
. Multifamiliares pequenos – parece ser desejável o desenvolvimento de agrupamentos
residenciais constituídos por pequenos edifícios multifamiliares; por exemplo
10/15 edifícios com 6/8 fogos (cerca de 120 fogos no máximo). Esta
solução de arquitectura urbana é muito adequada ao desenvolvimento de
pátios/quintais privativos servindo directamente os pisos mais baixos e
assegurando boa parte do “verde” com fruição visual/ambiental pública.
. Número de fogos vizinhos – quando os edifícios que integram os agrupamentos
residenciais têm dimensões físicas e sociais mais significativas, por exemplo
cerca de 15 a 20 fogos cada, a manutenção do referido número total de fogos
máximo (cerca de 120) obrigaria a uma redução da amplitude geral do agrupamento
residencial e naturalmente do número de edifícios que os integram, situação
esta que poderá ser adequada em alguns casos, mas que noutros é pouco
consistente em termos de funcionalidade, agradabilidade e imagens
urbanas; deste modo e nestes casos será de aceitar um mais elevado
patamar máximo de ocupação, por exemplo cerca de 200/300 fogos, mas há que
equilibrar, caso a caso, número de vizinhos, extensão do agrupamento de
edifícios e espaços exteriores contíguos e dimensão física e social dos
edifícios aí agrupados, considerando, ainda, e fundamentalmente o tipo de
promoção.
Privacidade
. Encerramento – as vizinhanças próximas são favorecidas mediante o
desenvolvimento de espaços exteriores, pelo menos em parte, visualmente
encerrados, ou claramente definidos por elementos físicos, e onde existam
subespaços com diferentes graus de privacidade; tal como acontece nas técnicas
de esboço a sugestão de encerramento apontada por alguns elementos da
vizinhança pode ser mentalmente multiplicada pelo observador.
Adaptabilidade
. Diversidade de elementos – desenvolver e aplicar diferentes tipos de edifícios e
espaços exteriores que permitam um uso multifuncional.
. Diversidade de conjugações entre
elementos – desenvolver e aplicar diferentes tipos
de edifícios articulados com diferentes tipos de espaços exteriores; atuar,
assim, verdadeiramente, ao nível de uma Arquitectura urbana de pequena escala.
Apropriação
. Polarização – desenvolver uma zona com potencial de localização e
caracterização para se poder tornar um pequeno centro de vida pública da
vizinhança, concentrando ou marcando a localização dos respectivos espaços de
jogo, recreio e reunião.
. Caracterização – cada vizinhança tem, desejavelmente, o seu próprio
carácter, responsável pela sua identidade e pela afinidade com os seus
habitantes (ex., unidade de vizinhança bem afirmada na envolvente urbana,
existência e valorização de elementos preexistentes construídos ou naturais).
. Participação – estimular a participação dos moradores no arranjo e
manutenção dos espaços exteriores.
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Fig. 8: Edifício com 12 pequenos
fogos T0 e T1 destinados a pessoas isoladas e promovido pelos Investimentos
Habitacionais da Madeira (IHM) no Funchal, com projecto do Arq.º
Maurílio Machado (2008).
Fazendo a passagem da abordagem da
vizinhança de proximidade para o edifício multifamiliar temos um interessante
exemplo de edifício multifamiliar bem integrado na continuidade urbana e
destinado a uma nova e crítica carência habitacional relativa a pessoas
sozinhas e, frequentemente, idosas, que podem encontrar em intervenções deste
tipo, integrando pequenas habitações e alguns espaços térreos de apoio e
convívio ( com zonas interiores e um agradável quintal/pátio a tardoz), um
excelente quadro habitacional e urbano, pois para além do que foi referido em
termos da programação do edifício, este foi inserido, estrategicamente, numa
zona bem central da cidade, proporcionando aos habitantes a manutenção de
anteriores hábitos urbanos e de vizinhança.
Faz-se ainda uma pequena nota para a
situação de preenchimento e vitalização do velho tecido urbano (“construir no
construído”, segundo o conceito apresentado num interessante livro do
arquitecto Francisco Gracia, Editorial Nerea), objetivo este muito interessante
para a cidade e que obrigando a conformações pouco regulares do edificado acaba
por proporcionar muito variadas soluções de fogos do tipo T0, condição esta
muito interessante em termos de uma escolha e apropriação iniciais pelos
habitantes – sempre no oposto ao problemático modelo igual para todos.
4. Edifício (Ed) Multifamiliar de
Habitação de Interesse Social
Na presente e futura promoção de habitação de
interesse social consideram-se os seguintes objectivos de qualidade a alcançar
ao nível dos edifícios multifamiliares; faz-se notar que os melhores
empreendimentos de HCC/HIS realizados na última fase de promoção deste tipo de
habitação pelo INH/IHRU foram sistematicamente usados como fontes de
identificação de grande parte dos aspectos, em seguida, referidos. (Nota:
em cada uma das facetas qualitativas os aspetos são apontados em ordem
alfabética)
Acessibilidade
. Condicionados na mobilidade – melhorar as condições de acessibilidade para condicionados
na mobilidade, satisfazendo-se, designadamente, as seguintes condições: não
devem existir desníveis superiores a 0,08 m entre o átrio exterior do edifício
e as portas das habitações do R/C e do elevador ou devem existir rampas
alternativas; em edifícios com mais de 2 pisos deve existir um elevador ou um espaço
que possibilite a sua eventual e futura instalação.
Fig.9: Pormenor do conjunto de 53
fogos da C.M. do Porto no Monte de São João (2003), com projecto dos
arquitectos Rui Almeida e Filipe Oliveira Dias; uma estimulante marcação de entrada
de um dos edifícios do quarteirão, tão atraente e digna como bem identificável
e à escala humana.
Espaciosidade
. Espaços comuns racionalizados e
adequados – utilizar estratégias para utilizar o
melhor possível as áreas dos espaços comuns, tais como, concentração de
espaços, utilização de espaços vazados não contabilizáveis para a área bruta, e
grande abertura visual sobre o exterior; esta estratégia não significa o uso de
áraas mínimas, mas sim o uso de áreas funcionais adequadas e que possam, até,
proporcionar diversos usos (ex., circulação, estadia, representatividade).
Capacidade
. Melhorias estratégicas – privilegiar o maior desenvolvimento e equipamento de alguns
espaços comuns (ex., átrios comuns exteriores privilegiando espaços de recepção
claramente demarcados do espaço público adjacente).
. Inovação e diversidade – ponderar a introdução de novos e diversificados espaços
comuns (ex., espaços exteriores comuns de representação sob a forma de
canteiros ou de pequenas áreas ajardinadas, sala de condóminos em edifícios com
mais de 20 fogos); esta intenção corresponde ao contrário da monótona repetição
das mesmas soluções.
. Equipamento – investir um maior cuidado no equipamento dos espaços comuns
(ex., introdução de suporte para elementos verdes no átrio comum interior,
existência de lugares sentados no átrio exterior, etc.).
Funcionalidade
. Correio – bateria de receptáculos de correio com
acesso duplo, a partir do interior e do exterior do edifício.
. Canalizações – ductos para canalizações acessíveis a partir de espaços
comuns.
. Cobertura – proporcionar o acesso à cobertura através de um espaço
comum por escadas fixas ou móveis previstas para o efeito.
Conforto
. Vizinhança – desenvolver um adequado afastamento do edifícios
relativamente a fontes de ruído e inexistência, no edifício de equipamentos ou
espaços não habitacionais que produzam ruídos incómodos.
. Iluminação natural - proporcionar boa iluminação natural nos espaços de
circulação, aliada a uma adequada transparência sobre o exterior.
. Átrios exteriores – é importante o desenvolvimento, sistemático, de átrios
exteriores protegidos do vento e chuva.
. Acessos exteriores – espaços de comunicação comum exteriores protegidos do vento
e chuva.
Fig. 10: Edifício com 22 fogos de
variadas tipologias promovido pela Câmara Municipal de Espinho na Rua do
Coteiro em Espinho (2005), com projecto do Arq.º Carlos Nuno Lacerda Lopes; um
edifício marcado pela evidente qualidade e atratividade da respectiva
imagem urbana e dos seu enquadramento paisagístico local bem pormenorizado (a
vizinhança de proximidade é para se usar e viver em grande proximidade), e com
claros apontamentos à escala humana bem registados, designadamente, nas
entradas comuns, depois prolongando-se pelos acolhedores acessos verticais e
remetendo, no interior das habitações, com ambientes calorosos e muito
apropriáveis.
Este edifício também se caracteriza, de uma forma muito assinalável e mesmo pouco habitual, pela estratégica e abundante luz natural que marca diversificadamente os espaços comuns e o interior dos fogos, uma luz que faz salientar um amplo leque de interessantes pormenores de arquitectura bem como as adequadas e sensorialmente estimulantes texturas e cores dos materiais e acabamentos utilizados.
Fig. 11: Um pormenor do interior de
um dos fogos do edifício promovido pela Câmara Municipal de Espinho na Rua do
Coteiro em Espinho (2005), com projecto do Arq.º Carlos Nuno Lacerda Lopes;
neste caso um pormenor que foca o extenso e pormenorizado cuidado que foi investido
na pormenorização das janelas das habitações, que aqui cumprem, metodicamente,
todas as suas melhores funções, designadamente, em termos de vistas exteriores,
protecção interior, ventilação natural e funcionalidade no uso e na manutenção.
Durabilidade
. Acabamentos superficiais – os acabamentos do edifício devem ser escolhidos tendo em
conta a sua assinalável durabilidade, designadamente, em todas as zonas e
elementos sujeitos a usos mais intensos e críticos (ex., pisos térreos, escadas
e outros espaços comuns); esta qualificação deve ser articulada com as
exigências de facilidade de manutenção, de gestão local e de economia; estas
exigências de durabilidade e boa manutenção são críticas quando se trate de
edifícios cujos habitantes se caracterizem por reduzida capacidade económica
e/ou por hábitos residenciais específicos.
Segurança
. Quedas – aplicar grande cuidado na pormenorização do edifício, em
aspectos relacionados com a segurança contra quedas, designadamente, no desenho
de guardas, degraus, corrimãos e pavimentos (ex., derrapantes quando molhados).
. Intrusão – desenvolver no projecto soluções e elementos adequados
(seguros e atraentes) de protecção de vãos de espaços privados nos pisos
térreos ou em pisos cujo acesso a partir de espaços públicos seja fácil; tais
elementos devem considerar, conjugadamente, a segurança contra intrusões e a
adequada regulação das vistas interiores e exteriores.
Fig. 12: Edifício da cooperativa
Caselcoop em Caselas, neste caso referido à última tipologia edificada que foi
utilizada por essa cooperativa, nesse bairro (cerca de 1995), sempre com
projecto do saudoso Arq.º Justino de Morais.
Este projetista aplicou neste
edifício baixo e longo, com um piso térreo com equipamentos e galeria pedonal,
basicamente, soluções de fogos adaptadas das anteriores tipologias das pequenas
“torres” (baixas), que rodeavam núcleo comuns com grande pé-direito (já
referidas nesta série editorial e lembrando-se que tais tipologias foram longa
e intensamente estudadas e gradualmente melhoradas pelo seu autor),
convertendo-as a uma nova agregação ao longo de extensas galerias comuns
interiores.
Estas galerias “interiores” são
agradavelmente largas e muito bem iluminadas com luz natural zenital,
proporcionando um envolvente, estimulante e bem naturalizado (plantas colocadas
e mantidas pelos moradores) pequeno mundo comum na aproximação à porta de cada
habitação e pequeno mundo privado de cada um e de cada família.
Globalmente, esta solução é mais um
exemplo de que mesmo com controlo de custos é possível inovar consistentemente
na criação de multifamiliares, evitando-se a “estafada” repetição das mesmas
“plantas” de fogos e de edifícios.
Privacidade
. Barreiras – desenvolver espaços exteriores comuns ou claramente
associados a determinados edifícios bem demarcados das zonas de uso público
contíguas.
. Vistas – anular vistas violadoras da privacidade sobre as habitações
a partir dos espaços comuns e a partir dos espaços de uso público envolventes,
recorrendo-se, sempre que necessário, a desníveis, afastamentos e barreiras
visuais (ex., vedações, diferenças de nível ou barreiras verdes).
Adaptabilidade
. Habitações – proporcionar diversidade
na escolha dos fogos, podendo ser consideradas as
seguintes estratégias em termos de existência de habitações: com acesso directo
ao exterior nos pisos inferiores; com diferentes modos de organização dos
compartimentos; com espaços privados térreos; com varandas fundas ou estreitas.
. Espaços comuns – existência de espaços comuns que permitam a sua adaptação,
pelo condomínio, a diferentes usos (ex., logradouro, estacionamento comum, zona
de estar/reunir, etc.).
Fig. 13: Um pormenor da promoção
privada de HIS no CDH da Betofer, na Vidigueira, com apoio da Câmara
Municipal da Vidigueira, (20 fogos) com projecto do Arq.º Jorge Filipe da
Cruz Pinto, 1996.
Vista de uma simples, mas muito
agradável, escada comum de um dos respectivos pequenos edifícios
multifamiliares; uma escada que cumpre todas as desejáveis condições de
conforto ambiental, em termos de luz natural e de ventilação natural, sendo
também um importante elemento de caracterização do conjunto em termos de
envolvente domesticidade e de interessante referência cultural.
Apropriação
. Apropriação dinamizada – em projecto devem procurar assegurar-se condições que
proporcionem maior apropriação do edifício pelos utentes, nomeadamente, através
da existência dos seguintes elementos: de identificação do edifício e/ou do
piso/zona e/ou do fogo; de valor simbólico ou evocativo do condomínio; de
desenvolvimento de uma imagem ou volumetria que se destaca/individualiza dos
edifícios envolventes; floreiras; quintais ou pátios térreos privativos;
varandas privativas; janelas “habitadas” (marcadas por peitoris fundos e
decoráveis).
Fig. 14: Pormenor da entrada do quintal/pátio privativo de um edifício unifamiliar evolutivo do conjunto de 224 fogos da Cooperativa COOPHECAVE em Castro Verde, projecto de Nuno Portas, Manuela Fazenda e da saudosa amiga Isabel Plácido, em 1991; esta imagem corresponde a uma referência estrategicamente simbólica do muito que pode oferecer o espaço privado exterior, neste caso térreo e sob a forma de um pequeno quintal/pátio, mas que pode e deve também ser proporcionado em boas varandas e terraços privados.
Apropriação, extensão física de
atividades interiores sobre o exterior privado contíguo, extensão visual dos
espaços privados interiores sobre o exterior privado, espaços de transição e
proteção do interior doméstico relativamente ao espaço de uso público,
atividades específicas do exterior privado, acesso alternativo ao espaço de uso
público, relação íntima com a natureza, espaço privilegiado de recreio de
crianças e espaço muito adequado de aproximação a velhos modos de vida, são
todos aspetos proporcionados pelo exterior privado, que, no entanto, tem de ser
devidamente projetado, não podendo ser considerado como espaço simplesmente
“periférico”, quando não residual, relativamente ao espaço interior doméstico.
5. Notas breves sobre o Edifício
(Ed) Unifamiliar de Habitação de Interesse Social
Na presente e futura promoção de habitação de
interesse social importa considerar objectivos de qualidade específicos a
alcançar ao nível dos edifícios unifamiliares; faz-se notar que os
melhores empreendimentos de HCC/HIS realizados na última fase de promoção deste
tipo de habitação pelo INH/IHRU foram sistematicamente usados como
fontes de identificação de boa parte dos aspectos, em seguida, referidos.
Importa referir, aqui, uma nota explicativa à
reduzida dimensão deste item, que resultou de as fontes utilizadas neste estudo
terem considerado, diretamente, um pequeno número de conjuntos unifamiliares de
HISP.
. Adequação da HISP unifamiliar – considera-se que é essencial uma cuidadosa mas assinalável
retoma da produção unifamiliar de HISP, designadamente, em soluções de
superdensificação em bandas cerradas e contínuas, que podem, até, ser
realizadas com estruturas comuns, como se fosse um “multifamiliar na
horizontal”.
Uma tal retoma proporcionará um excelente leque
de escolhas e de adequação a diversos modos de vida e gostos de habitar
específicos e poderá resultar em atraentes e muito urbanos e apropriáveis
conjuntos de multifamiliares médios e pequenos, edifícios de transição entre o
multi e o unifamiliar e as referidas soluções unifamiliaraes expressivamente
densificadas.
. Projecto – regista-se que as atuais tecnologias de projecto global e
informatizado de Arquitectura e das diversas especialidades, designadamente, ao
nível do CAD e do BIM proporcionam uma excelente capacidade de variação global
e pormenorizada em termos de misturas tipológicas, tal como acabou de ser
indicado e de articulação dessa variabilidade com o nível seguinte de variação
por exemplo no que se refere a tipologias de fogos variantes e até intermédias
(ex, t0/1, t1/2, T2/3, etc.), proporcionando, globalmente, um extraordinário
potencial em termos de escolha e atraente prévisualização de soluções mais
adequadas a necessidades e gostos de habitar específicos e tudo isto através de
tecnologias de projecto de execução rigorosas e onde será muito possível
integrar elementos modulares repetidos e económicos (ex., vãos interiores e
exteriores); não tenhamos dúvida da importância de tal condição e da sua
directa aplicabilidade na estratégia de diversificação tipológica atrás
apontada, numa situação totalmente distinta das condições de execução de
projecto “a tinta da china em vegetal” que eram as únicas possíveis há poucas
dezenas de anos.
E sublinha-se que este último aspeto
também se aplica, naturalmente, ao projecto do edifício multifamiliar e
da própria vizinhança de proximidade, embora com naturais maiores limitações do
que neste âmbito unifamiliar e de transição uni/multifamiliar.
. Espaciosidades, funcionalidades e
outros aspetos associados – as soluções unifamiliares
marcadas por áreas limitadas obrigam a um excelente projecto de Arquitectura
com um enfoque especial numa muito sensível habilitação de espaços e funções,
marcados por aspetos expressivos e bem caracterizados de pormenorização; de
certa forma há que cuidar de condições especialmente exigentes de
espaciosidade, que decorrem da ocupaçãoo praticamente dupla da escada privativa
(considerando que a solução é habitualmente em dúplex), e que obrigarão a
suplementos regulamentares específicos; mas há, também, que considerar aspetos
específicos de flexibilidade e fusão espacial bastante distintos do que
axontece no simplex, que poderão resultar muito bem, mas apenas quando em presença
de um excelente projecto.
. Condicionados na mobilidade – a promoção de HIS unifamiliar e dúplex está condicionada à
existência no piso de entrada: de uma Casa de Banho completa, ainda que
estritamente funcional; e de um quarto, ainda que razoavelmente mínimo.
Condições estas igualmente aplicadas aos fogos dúplex em multifamiliares.
Fig. 15: Na passagem da temática do
edifício para a habitação apresenta-se um pormenor do Bairro ou Conjunto
do Telheiro, em S. Mamede de Infesta, Matosinhos (44 fogos), uma promoção
municipal projectada por Manuel Correia Fernandes.
Uma vista, natural e agradavelmente
próxima, do interior de um dos fogos sobre a rua pedonalizada contígua,
proporcionando-se um estimulante e envolvente sentido de comunidade e de
segurança local, interior e exterior; e é também interessante este “lembrar” do
habitante relativamente à imagem fortemente caracterizada da sua casa
(unifamiliar em banda cerrada) e do seu pequeno bairro.
6. Habitação (Ha) de Interesse
Social
Na presente e futura promoção de habitação de
interesse social consideram-se os seguintes objectivos de qualidade a alcançar
ao nível das habitações; faz-se notar que os melhores empreendimentos
de HCC/HIS realizados na última fase de promoção deste tipo de habitação pelo
INH/IHRU foram sistematicamente usados como fontes de identificação de
grande parte dos aspectos, em seguida, referidos. (Nota: em cada uma das
facetas qualitativas os aspetos são apontados em ordem alfabética)
Acessibilidade
. Condicionados na mobilidade – considerar e respeitar as exigências de acessibilidade de
condicionados de mobilidade em situações de uso excepcional, designadamente,
largura útil dos vãos de porta de compartimentos habitáveis não inferior a 0,80
m, dimensão útil do vestíbulo e dimensão livre de uma das instalações sanitárias
não inferior a 1,50 m, ausência de degraus ou ressaltos de pavimento com altura
superior a 0,02 m.
. Dúplex – em habitações duplex deve ser assegurada a existência de um
quarto no nível de entrada e a existência de uma instalação sanitária em cada
piso.
Fig. 16: Um pormenor do conjunto de
52 fogos no Outeiro da Forca, Portalegre, uma promoção da C.M. de Portalegre
com projecto do Arq.º Carlos Gonçalves (2007); na imagem um pormenor do
funcional e digno/bem integrado processo de proteção utilizado nas janelas dos fogos
térreos; nem é complicado, basta projectar, sistematicamente, com atenção e
qualidade, não deixando questões por resolver.
E atente-se que neste conjunto
muitos bons “pormenores” e objectivos de arquitectura urbana exterior e
interior foram identificados.
Espaciosidade
. Área bruta – recomenda-se um acréscimo da área bruta máxima das
habitações em cerca de 15 a 20% relativamente ao actualmente definido no
texto-base das RTHS; este aumento tem como objectivos principais: permitir
construir habitações com compartimentos ligeiramente maiores que respondam às
actuais necessidades e desejos da maioria dos utentes; permitir responder às
exigências de segurança contra incêndio relativas aos espaços de circulação
comuns; e permitir a criação de pequenos espaços exteriores privados.
Considera-se que há, actualmente, um conjunto
de elementos normativos sobre áreas máximas de HCC, relativamente dispersos,
que indicam áreas habitacionais superiores às referidas no texto-base das RTHS,
e que importa ponderar, concentrar e articular num único corpo recomendativo,
desejavelmente no âmbito da defendida revisão das RTHS. Já
posteriormente ao presente estudo foi aceite uma área bruta superior à definida
nas RTHS no âmbito das promoções referidas ao “Estatuto Fiscal Cooperativo”.
O referido aumento do limite máximo de área
bruta deve ser, no entanto, obrigatoriamente acompanhado por uma redefinição
dos seguintes critérios de qualidade complementares:
- áreas úteis mínimas para os diversos compartimentos
domésticos;
- dimensões mínimas dos diversos compartimentos
domésticos;
- e índices de áreas – Au/Ah, entre área útil
(Au) e área habitável (Ah); e Ab/Au, entre área bruta (Ab) e área útil (Au).
Estes índices estão muito ligados à racionalização das soluções em termos de
espaço doméstico mais directamente habitável (Au/Ah) e em termos de
racionalização das soluções de distribuição vertical e horizontal dos edifícios
multifamiliares, relativamente às áreas das respectivas habitações (Ab/Au).
Na perspectiva que acabou de ser apontada,
defende-se, assim, que a aceitação da aplicação dos limites máximos de área
bruta nos fogos dependa do cumprimento rigoroso destas áreas e dimensões
mínimas, bem como de uma adequada "gestão" das relações entre as
referidas categorias de áreas, não sendo, por exemplo, de aceitar, à partida –
podendo haver, no entanto, razões específicas a serem consideradas, por
exemplo, em termos de modos de vida –, uma solução muito económica de
realojamento em que exista um expressivo desenvolvimento de espaços comuns de
circulação e/ou habitações caracterizadas por extensos espaços exclusivamente
de circulação.
. Áreas domésticas – ainda em termos de áreas domésticas mínimas e máximas
considera-se que a aceitação de áreas máximas maiores, não implica que não se
continuem a aceitar habitações caracterizadas por áreas mínimas estritas e,
portanto, muito reduzidas, designadamente, em condições de realojamento em
grande parte financiado pelo Estado; no entanto, estas soluções deverão também
cumprir idênticas exigências qualitativas em termos de aplicação de excelentes
projectos domésticos, que sejam responsáveis pela máxima rendibilização de
“cada cm2” de área disponibilizada no interior doméstico, e nesta perspectiva,
como noutras, é possível e desejável aprender com excelentes soluções do nosso
passado no que se refere, por exemplo, a muitas habitações “sociais” de
Alvalade e Olivais Norte, entre outros bairros de “Habitações Económicas” da
Federação de Caixas de Previdência.
. Pé-direito – considerar o aumento do pé-direito mínimo, favorecendo-se,
designadamente, as condições de ventilação e reduzindo-se os frequentes
problemas de condensação. Aceita-se, no entanto, que, em condições de grande
economia de custos essa dimensão seja mantida, mas havendo, obrigatoriamente,
condições e dispositivos específicos de reforço da respectiva ventilação
natural e sendo praticamente proibida a aplicação de soluções mono-orientadas e
portanto sem condições de ventilação cruzada e transversal.
Fig. 17: ; mais um “pormenor” do
conjunto de 52 fogos no Outeiro da Forca, Portalegre, uma promoção da C.M. de
Portalegre com projecto do Arq.º Carlos Gonçalves (2007).
Um pouco na mesma lógica (indicada
na legenda da Fig. 16) de não deixar questões por resolver em termos de um bom
projecto residencial, e neste caso tratando-se de um aspecto muito importante
em termos de uma adequada agradabilidade, apropriação e alegria de viver o
interior do edifício (e os seus reflexos naturais na vivência da vizinhança
e da habitação), levando-se a luz natural e uma suave mas marcante cor
“doméstica” às entradas das habitações: logo bem apropriadas pelos moradores.
Capacidade
. Vestíbulo – desenvolver um espaço de entrada/saída na habitação
(vestíbulo de entrada) isolado dos restantes espaços do fogo ou que possa ser
isolado caso os moradores o pretendam.
. Arrumação – reforçar a capacidade de arrumação das habitações
(despensa, arrumação geral, roupeiros, arrecadação).
. Serviço doméstico – desenvolver uma clara definição dos espaços e/ou
equipamentos e eventualmente mobiliário fixo destinados ao serviço doméstico,
com natural destaque para o tratamento de roupa.
. Casa de banho (instalação
sanitária) – disponibilização, por regra, uma
segunda casa de banho nos fogos de tipologia T3; considerando-se, no entanto, a
manutenção da solução com uma única casa de banho nos fogos desta tipologia e
caracterizadamente económicos, mas exigindo-se, neste caso, um projecto apurado
deste tipo de compartimento, que tem de ser razoavelmente espaçoso e que
deverá, neste caso e sempre que possível, dispor de uma janela exterior de
iluminação e ventilação.
. Refeições correntes – prever na cozinha ou, alternativamente, na sua
contiguidade, um espaço de refeições correntes com dimensão adequada à lotação
da habitação; ainda que tal espaço possa ter outras utilidades (ex., espaço na
cozinha para mesa com tampos rebatíveis).
Fig. 18: Pormenor de um fogo T0 que
integra a reconversão de uma antiga moradia, num pequeno conjunto de fogos do
tipo “T0” para pessoas idosas, que ocupam o respetivo espaço doméstico com
alguns dos seus móveis de família; uma promoção municipal onde foram muito cuidados
os aspetos de acessibilidade global aos fogos e de ergonomia no uso dos
equipamentos fixos de cozinha e casa de banho, mas mantendo-se e valorizando-se
a imagem pública preexistente.
Funcionalidade
. Cozinha – aplicar muito cuidado na pormenorização da cozinha,
prevendo-se a existência de planos de trabalho de ambos os lados do lava-loiça
e do fogão, e a eliminação de conflitos entre a zona de abertura da porta do
frigorifico e zonas de uso de outros equipamentos.
. Tratamento de roupa – desenvolvimento de um espaço de tratamento de roupa que não
se sobreponha ao espaço de preparação de refeições e que possua uma dimensão
suficiente para o desenvolvimento da actividade de passar a ferro; e mesmo o
respetivo desenvolvimento no prolongamento do espaço de cozinha deverá ser
adequadamente considerado no sentido de se evitarem misturas funcionais pouco
adequadas.
. Secagem de roupa – aplicar muito cuidado na pormenorização da zona de secagem
da roupa ao ar livre ou em contacto com o exterior (através de vãos de
ventilação), considerando-se aspectos como a orientação solar e a protecção
relativamente à chuva e às vistas exteriores.
Fig. 19: As questões de
espaciosidade devem resolver-se numa perspectiva bem informada e
flexibilizadora dos usos e ocupações domésticas, fazendo, por exemplo, pouco
sentido um corredor apenas para circular no interior da habitação; e na imagem
o corredor proporciona, e bem, outros usos e com escassos acréscimos de
espaciosidade.
E disto se retira que as dimensões
mínimas habitacionais nem sempre devem ser aplicadas, ou talvez raramente devam
ser aplicadas, pois alguns centímetros podem fazer uma grande diferença em
termos de habitabilidade e de capacidade de apropriação dos respetivos espaços
domésticos; e não se julgue que esta questão se refere apenas a soluções de
Habitação de Interesse Social, parecendo que há, por vezes, esquecimento de
que, por exemplo, um corredor pode ser muito mais do que um espaço de
circulação (ex., acesso a arrumações, pequena “galeria”, apropriação com
mobiliário estreito e representativo, etc.).
Conforto/agradabilidade
. Ruído externo ao fogo – anular contiguidades acústicas incómodas entre fogos
vizinhos e entre fogos e espaços comuns do edifício.
. Ruído no interior do fogo – considerar o desenvolvimento de uma separação por porta ou
por escada que assegure o isolamento acústico entre a zona de espaços
domésticos individuais/privativos e comuns.
. Vão exteriores – prever elementos de oclusão de vãos reguláveis em todos os
compartimentos habitáveis.
. Abertura ao exterior – privilegiar um amplo contacto visual das habitações com o
exterior, em particular na sala, permitindo acompanhar actividades que se
desenrolam no exterior e/ou o contacto com zonas ou elementos da natureza e/ou
com vistas de paisagem.
. Espaço exterior privado – mais uma matéria que, por si própria, mereceria, no mínimo,
um artigo específico, mas que aqui apenas apontaremos de forma sintética.
A disponibilização de espaços exteriores
privados sempre foi matéria de discussão básica na promoção de HIS e, hoje em
dia, ganhou novo relevo, sublinhando-se, desde já, os seguintes aspetos
(sintetizados):
- O
espaço em pequenos quintais ou pátios térreos sempre foi criticado devido a não
se conseguirem assegurar adequadas condições de boa ocupação e aspecto atraente
de tais espaços, uma questão que em boa parte é ultrapassável com a disposição
dos pequenos quintais em interiores de quarteirão com pouca ou nenhuma
visibilidade pública e/ou coma utilização de muros “tradicionais” um pouco
acima da altura da vista.
- A
existência de varandas privativas sempre foi considerada como subtração
direta à área do respetivo fogo (na totalidade ou em metade da área
da varanda), pelo que na grande maioria das soluções de HISP/HCC não existem
varandas ou estas são reduzidas a pequenas varandas de assomar, num pequeno
desenvolvimento de janelas de sacada; esta situação só será ultrapassável
regulamentar ou recomendativamente, exigindo-se, eventualmente, pelo menos, uma
varanda mínima em cada fogo. Uma situação que terá, ainda, de resolver a
“praga” da moda do envidraçar das varandas não devidamente programado/projetado
e a tendência de se aplicarem varandas como uma espécie de “anexos” pendurados
no edifício (muitas vezes usados como arrumações improvisadas e com péssima imagem
pública) e não, como deve ser, desenvolvidas numa relação estreita com os
compartimentos do fogo contíguos e os seus respetivos ambientes domésticos.
- Finalmente
refere-se que no caso de pequenos edifícios multifamiliares muito ligados aos
exteriores contíguos e estando estes adequadamente ocupados, equipados e
mantidos, talvez seja de se aceitar a inexistência de varandas funcionais nos
fogos, mas havendo sempre estimulantes vãos exteriores.
. Luz natural – assegurar uma boa iluminação dos compartimentos habitáveis
(vãos de maiores dimensões) e não habitáveis (iluminação obtida através dos
compartimentos habitáveis).
. Ventilação natural – assegurar a ventilação cruzada em todas as habitações
através de: (i) vãos em fachadas opostas; e (ii) por vãos e/ou dispositivos
próprios para o efeito.
. Ventilação natural programada – programar a ventilação doméstica através de uma adequada
pormenorização da fenestração e dos próprios vãos interiores, designadamente,
através de vãos reguláveis e específicos para essa finalidade (ex., bandeiras
sobre portas).
. Monorientação – a existência de habitações com uma única orientação é
aceitável, mas apenas nos casos de pequenas tipologias domésticas (ex., T0 e
T1), e mesmo assim deve obrigar a condições específicas de orientação solar, de
volumetria interior e de programação da ventilação natural e das vistas sobre o
exterior.
Fig. 20: Quando concebemos com
referência em áreas mínimas é de grande importância procurar obter
configurações espaciais, dimensões e capacidades de ocupação por mobiliário e
outros elementos de apropriação doméstica (ex., quadros, cortinas,
floreiras, etc.), que propiciem a máxima capacidade de ocupação e apropriação
por diversos tipos de mobiliário, elementos de arquitectura de interiores e
equipamentos domésticos, a máxima flexibilidade ou diversidade em termos dessas
soluções de ocupação e mesmo a máxima capacidade de “convivência” entre
diversas famílias funcionais de mobiliários, elementos e equipamentos
domésticos; tal objectivo não é, naturalmente, fácil, mas é essencial para uma
boa habitação de interesse social e refere-se a uma das razões que deveriam fazer
reservar este tipo de promoção habitacional apenas para excelentes projectos de
arquitectura.
Na imagem e num espaço de sala-comum
que globalmente não pode ser muito folgado, devido aos limites de área das
RTHS, é, aparentemente, possível integrar diversos conjuntos
completos de mobiliário associados, habitualmente, às refeições formais e ao
estar, mas esta é uma situação, infelizmente, não muito corrente em HIS/HCC.
Durabilidade
. Acabamentos – prever acabamentos do fogo duráveis, designadamente, em
todos os elementos potencialmente sujeitos a usos intensos e eventualmente
pouco regrados (ex., ferragens de portas, caixilharia, estores,
"móveis" de cozinha, estendais e torneiras) e críticos (ex.,
revestimentos de piso e bancadas de cozinha).
. Manutenção – a referida qualificação ao nível da durabilidade deve ser
articulada com a exigência de facilidade de manutenção (ex., limpeza de
pavimentos e vãos exteriores); a opção pela durabilidade e
facilidade de limpeza poderá ser privilegiada relativamente a aspectos de
conforto no uso (ex., revestimentos cerâmicos de piso gerais em todo o fogo)
para compatibilização com os hábitos de uso domésticos esperados e desde que a
localização geográfica do empreendimento não imponha cuidados especiais ao nível
do conforto.
Fig. 21: Numa mesma linha de
reflexão da que foi utilizada na legenda da Fig. 20, e muito ligada ao que se
julga ser a grande necessidade de elevada qualidade arquitectónica em Habitação
de Interesse Social, o projecto doméstico de HIS sempre foi o “lugar” de numerosas
pequenas inovações estratégicas dirigidas para tentar transformar espaços,
relativamente, pouco amplos (as tais áreas máximas controladas pelas RTHS) em
sequências ou agregados espaciais domésticos estimulantes,
caracterizáveis/caracterizados pela ocupação específica dos respetivos
moradores, o que exige espaço para mobília, espaço livre de paredes para
encostar, fixar e pendurar os mais diversos elementos; e agregações espaciais
visual e funcionalmente desafogadas e vibrantes, como é o caso desta relação
entre entrada, sala e ligação com a zona de cozinha.
Segurança
. Quedas de espaços elevados – aplicar um cuidado muito especial na pormenorização de
guardas de espaços exteriores elevados, de janelas de sacada ou “francesas” e
na altura e configuração de peitoris de janelas e outros elementos que lhes
estejam associados (ex., floreiras), considerando-se, especificamente a
segurança contra quedas (ex., ausência de elementos horizontais e distância
entre elementos verticais) e o impossibilitar ou dificultar o uso de tais
elementos como “escadas” (habitualmente por crianças); importa ainda ter em
conta a potencial queda de elementos a partir de alturas elevadas.
. Quedas – investir grande cuidado na escolha de pavimentos e
revestimentos de cobertores de degraus que não produzam escorregamento quando
molhados e na disposição estratégica de corrimãos.
. Cozinha – aplicar um cuidado especial na organização da cozinha (ex.,
relação do fogão com portas, frigorifico e lava-loiça).
. Vidros – ter um cuidado especial na disposição, na constituição e no
assinalar de superfícies envidraçadas.
. Ergonomia e segurança na arrumação
fixa, nos equipamentos e nos vãos domésticos – esta é mais uma daquelas matérias que, evidentemente, mereceria,
pelo menos, um artigo específico, mas trata-se, aqui apenas de referir a
necessidade extremamente atual de se apurarem e aplicarem, pelo menos, os
principais aspetos de ergonomia no uso dos elementos de arrumação fixa e
equipamentos domésticos, considerando o envelhecimento de grande parte da
população, bem como a importância de um máximo apoio funcional à vida
doméstica.
Esta matéria leva-nos longe, mas para já apenas
a referência, a título de exemplos significativos (mas não
exaustivos), à necessidade de se proporcionarem: comandos funcionais
e universalmente fáceis de usar de vãos exteriores e interiores; condições
funcionais e seguras para a limpeza dos vidros exteriores; alturas adequadas de
acesso ás prateleiras e gavetas mais altas e mais baixas; condições
de uso adequado de gavetas e portas de armários; pisos não derrapantes
designadamente na proximidade de vãos exteriores e de zonas de uso de
mobiliário e equipamento altos; iluminação artificial apoiando e facilitando
estes aspetos funcionais; e consideração dos aspetos de funcionalidade de uso e
de segurança de tomadas e interruptores eléctricos.
Fig. 22: Um bom projecto de HIS
ganha-se, em parte, em alguns grandes/pequenos “detalhes” de concepção
doméstica, como fica patente nesta casa de banho com janela (ventilação e luz
naturais) e revestida com azulejos pontuados pela cor; será mais caro do que
uma casa de banho interior e forrada com azulejos tristes? ou será uma questão
de bom projecto?
Privacidade
. Intrusão visual – anulação de situações em que haja vistas desprotegidas
sobre o interior do fogo a partir de espaços comuns ou de uso público.
. Controlo – habilitar adequadas condições de privacidade entre os
diversos espaços/compartimentos de cada fogo ou proporcionar que os
próprios moradores possam satisfazer, facilmente, tais condições caso o
pretendam; talvez que esta segunda possibilidade proporcione um uso mais
flexível de toda a habitação, mais adequado a diversos modos de habitar
. Privacidade essencial – considera-se que as exigências de privacidade fundamentais
são, habitualmente, as seguintes: separação entre zona de quartos e zona de
sala/cozinha, separação entre vestíbulo de entrada e sala, ligação entre
quartos e instalação sanitária separada da sala, ligação separada da sala entre
cozinha e entrada.
Fig. 23: As questões funcionais
domésticas continuam a ser prioritárias pois, frequentemente, são pior
resolvidas e deixadas um pouco para trás porque se favorecem, habitualmente, os
espaços mais sociais da habitação (ex., sala e entrada); neste caso temos uma
boa solução de cozinha com uma excelente bancada em “U”. Afinal, é essencial
proporcionar que as variadas atividades domésticas possam ser realizadas da
forma mais eficaz e simplificada, libertando-se, assim, tempo, e espaço, para
se gozar verdadeiramente a habitação; e diz-se também “espaço” porque boas
condições funcionais e de arrumação, habitualmente concentradas, libertam mais
espaço doméstico para outros usos.
Neste sentido e agora muito
especificamente no âmbito da HIS, a própria circulação doméstica pode, no
limite, ser considerada essencialmente como uma questão funcional, embora
desejavelmente associada a outras funções (ex., arrumação e ocupação por mobiliário
estreito), e assim deverá ser o mais possível concentrada, estrategicamente
localizada e pouco extensa.
E, a propósito, regista-se que a
entrada na habitação é, sem dúvida, um espaço com outras importantes funções
para lá da circulação doméstica; sendo também um espaço “tampão” de transição
funcional e representativa entre o interior doméstico e privado e o “exterior”
comum ou público.
Adaptabilidade
. Diversidade de usos e sua mutação
no tempo – a adaptabilidade das habitações deve
constituir uma prioridade, como forma de permitir adequar as soluções às
necessidade dos diferentes tipos de utentes e à sua progressiva mutação ao
longo do tempo – pelos mesmos habitantes ou por outros.
. Adaptabilidade passiva – nesta matéria considera-se que há formas e soluções de
dinamização da adaptabilidade dos fogos económica e socialmente viáveise muito
aplicáveis, destacando-se os aspetos de neutralidade organizativa e
dimensional.
. Evolução – em certos tipos de promoções de edifícios unifamiliares ou
de transição uni/multifamiliar, poderá ser considerada a possibilidade de
expansão do fogo por construção de um compartimento habitável (ex., um quarto
ou sala de trabalho).
. Quarto “independente” – aumentar o grau de adaptabilidade das habitações,
ponderando-se a satisfação de algumas exigências elementares, nomeadamente,
através da existência de um quarto separado da zona de quartos e com acesso ao
vestíbulo de entrada, e a existência de um quarto que possa funcionar como
expansão da sala.
. Multiusos – privilegiar organizações domésticas cujas relações de
acessibilidade mútuas e dimensões de compartimentos proporcionem diversos usos
nos mesmos espaços (ex., sala que se torna grande quarto, quarto que se torna
uma pequena sala informal/saleta); para que se favoreça este objectivo há que
cuidar das dimensões úteis dos compartimentos e designadamente das suas
larguras.
. Trabalho profissional – favorecer programas funcionais domésticos que permitam o
desenvolvimento de actividades não domésticas no interior dos fogos,
designadamente, através de tipologias habitacionais "intermédias"
(ex., sala prolongando-se por espaçoso recanto, relativamente autónomo, que
possa apoiar o trabalho profissional na habitação).
A questão do trabalho profissional em casa está
na ordem do dia, pelas razões por todos bem conhecidas, e muito associada ao
exercício do designado teletrabalho, uma atividade realizada, habitualmente,
através de um computador e de um visor, atualmente cada vez mais reduzidos,
funcionais e móveis.
Neste sentido e não esquecendo, evidentemente,
outras formas de trabalho profissional em casa mais exigentes em termos
espaciais, de isolamento e mesmo de equipamento, muito adequadas para soluções
do tipo “quarto (relativamente) independente”, servido por pequena casa de
banho privativa e próximo da entrada da habitação ou mesmo com acesso próprio –
condições estas também excelentes ao serviço de eventuais confinamentos de
pessoas isoladas e globalmente ao serviço de um apoio específico a lavagem e
mudança de roupas ao chegar a casa –, podemos sintetizar, para já, e
acrescentando que, naturalmente, esta é matéria que exige desenvolvimento
específico, que, no mínimo, o exercício do teletrabalho exige um pouco de
espaço suplementar e relativamente autónomo em um dado espaço da habitação e
preferencialmente em diversos espaços da habitação, tais como quartos;
sala-comum; cozinha e mesmo recantos contíguos a circulações e átrios.
Ainda sobre esta matéria e voltando a apontar
que ela merece maior desenvolvimento, é evidente que na espaciosidade corrente
dos espaços de quarto já se considerava, teoricamente, a existência de uma
pequena zona de trabalho, mas a prática é bastante diversa; no que se refere à
sala-comum a existência de uma pequena zona mais ligada ao trabalho doméstico
foi mesmo teoricamente pouco frequente; quanto à cozinha a existência de um
espaço de mesa para refeições informais e, eventualmente para outras funções, munca
foi uma exigência e, quando existe, muitas vezes tal espaço é extremamente
exíguo; e quanto a espaços/recantos suplementares nas zonas de circulação e nos
átrios é praticamente matéria nova.
Finalmente há que referir, para já, e muito
sinteticamente a possibilidade de se preverem pequenos espaços privados, mas
separados dos fogos, onde sejam criadas condições pelo menos minimamente
adequadas para o trabalho profissional.
É evidente que será sempre possível trabalhar
na mesa da sala em períodos em que esta seja pouco ou nada ocupada, mas não
parece ser esta uma solução recomendável.
. Mobiliário fixo – favorecer a adaptabilidade dos quartos e cozinha pela
ausência de mobiliário fixo e dificilmente desmontável (ex., construídos com
elementos de alvenaria); esta condição implica alguma reflexão já que a
existência de excelentes condições de arrumação “camufladas” favorece a
adaptabilidade dos respetivos compartimentos.
. Arrumação – a existência de excelentes condições de arrumação
“camufladas” favorece a adaptabilidade dos respetivos compartimentos e da
habitação em geral.
Fig. 24: Ainda usando o exemplo do desejável bom desenho funcional das cozinhas, que remete para as mais amplas ligações entre as atribuições funcionais dos espaços domésticos e outras suas atribuições, pelo menos tão importantes como as funcionais; temos aqui uma pequena mas excelente cozinha, cheia de luz natural, envolvida por uma agradável cor, e com um espaço mínimo mas adequado para as refeições informais de um pequeno agregado familiar; temos aqui, assim, e acima de tudo, um pólo de convívio e de apropriação doméstica evidente, mas para isso foi preciso projectar bem a luz/ventilação naturais e os espaços disponíveis e diretamente funcionais; afinal, más organizações funcionais domésticas, globais ou localizadas, não só prejudicam as respetivas funções, mas também toda a vivência dos respetivos fogos.
Apropriação
. Apropriação (grau/nível de) – habilitar a habitação para um mais elevado grau/nível de
apropriação, designadamente, através das seguintes condições específicas:
- existência de espaços onde os moradores podem
colocar e manter elementos "verdes" (ex., espaços exteriores privados
ou floreiras previstas no projecto);
- existência de espaços onde os moradores podem
realizar um acabamento personalizado das habitações de modo a expressar os seus
gostos e preferências (ex., acabamento do fogão de sala, integração de
roupeiros, tratamento do espaço exterior privado enquadrado por soluções-tipo,
etc.);
- existência de espaços onde os moradores podem
realizar alterações pontuais na imagem exterior da habitação de modo a melhor
reflectir a sua individualidade do morador, mas sem desvirtuar a imagem do
conjunto edificado.
. Antecipação – os projectistas devem procurar antecipar as tendências e
vontades de apropriação dos moradores, deixando espaços nas habitações e no
exterior onde os moradores possam realizar intervenções de apropriação e mesmo
de personalização.
. Dignidade – as ações de apropriação pelos moradores nunca deverão poder
influenciar negativamente e de forma efectiva a dignidade e representatividade
das imagens comuns do edifício ou do conjunto de habitações.
. Informação – há que desenvolver um adequado enquadramento das
intervenções devidamente programadas, em fase de projecto, e posteriormente
realizadas, por iniciativa dos moradores, através de elementos
informativos e de projectos e soluções-tipo e/ou recomendadas, fundamentando-se
todas estas possíveis intervenções na aplicação de uma estratégia muito clara
de separação entre visibilidade pública e visibilidade essencialmente privada
ou comum.)
Nota final
Tal como ficou evidente no texto desenvolvido e
ficará sublinhado nos agradecimentos e bibliografia que se seguem, a presente
série editorial, intitulada "Desenvolver a qualidade arquitectónica e a
satisfação residencial na Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa",
muito deve à atividade realizada, ao longo de muitos anos, no saudoso Núcleo de
Arquitectura e Urbanismo (NAU) do LNEC, assim como à atividade do INH/IHRU
e, muito especialmente, ao apoio continuado da FENACHE.
Salienta-se e sublinha-se, que os
aspetos de análise apontados no artigo foram deixados praticamente “intocados”
no que se refere às suas respetivas fontes, não tendo havido atualizações e
(re)interpretações, pois considera-se que o que está explícito tem força e
interesse bastantes.
Considerações posteriores ficarão
para outros textos/artigos.
Regista-se, finalmente, que os
eventuais lapsos, imprecisões e esquecimentos que, muito provavelmente, existem
no texto - e que serão corrigidos logo que identificados - são apenas da
responsabilidade do autor, assim como o são todas as opiniões aqui expressas.
Agradecimentos no âmbito dos
diversos estudos que basearam direta e indiretamente a presente série editorial
Agradece-se ao Instituto da Habitação e da
Reabilitação Urbana (IHRU), então Instituto Nacional de Habitação (INH), que
apoiou, sistematicamente, o desenvolvimento dos principais estudos que basearam
esta série de artigos e faz-se uma referência específica e alfabética à
constante disponibilidade de vários responsáveis do então INH, hoje IHRU, para
apoiar esses estudos, designadamente, o Arq.º Clemente Ricon, o
saudoso Eng.º Defensor de Castro, o Eng.º Hermano Vicente, o Arq.º Rogério
Pampulha, o Eng.º Teixeira Monteiro e o Arq.º Vasco Folha, bem como das
excelentes equipas técnicas do Instituto em Lisboa e no Porto, e agradece-se,
também, aos inúmeros responsáveis e projetistas dos muitos empreendimentos de
Habitação a Custo Controlado (HCC) – a nossa Habitação de Interesse Social (HIS
– que foram visitados e estudados no decurso dos estudos aprofundados de
análise urbana e habitacional retrospectiva e multidisciplinar, coordenados
pelo autor, e das metódicas visitas do Júri do Prémio INH/IHRU em que o autor
participou.
Agradece-se, muito especialmente, o inestimável
trabalho, no âmbito das referidas análises retrospectivas, dos técnicos que
integraram as respectivas equipas multidisciplinares e que pertenciam ao
Departamento de Edifícios (DED) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC) e a vários Núcleos do DED, com destaque para os então Núcleo de
Arquitectura e Urbanismo (NAU), Núcleo de Ecologia Social (NESO) e Núcleo
de Tecnologia da Construção (NTC) do DED, e entre eles faz-se uma especial menção
(alfabética) à continuada participação do Eng.º António Leça Coelho (NAU), do
Arq.º João Branco Pedro (NAU), da Eng.ª Fernanda Carvalho (NTC), da
saudosa Arq.ª Isabel Plácido (NAU) e da Dr.ª Marluci Menezes (NESO);
fazendo-se uma menção especial à participação pontual, mas muito significativa,
da Arq.ª Sheila Walbe Ornstein.
Agradece-se, ainda, no LNEC, todo o apoio no
âmbito das referidas análises retrospectivas, ao Eng.º José Vasconcelos Paiva,
então Diretor do DED do LNEC, à Técnica Superior Anabela Manteigas, e,
finalmente, mas nunca por último, ao Arq.º António Reis Cabrita, que numa
fase de passagem de testemunho da chefia do NAU, teve ainda a oportunidade de
apoiar de forma ampla a aprofundada as mesmas análises retrospectivas.
Novamente fora do LNEC importa aqui fazer um
agradecimento especial e muito bem justificado ao sempre importante e presente
apoio, no âmbito dos estudos que basearam a presente série editorial, de
um amplo e bem merecedor conjunto de responsáveis e companheiros da Federação
Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), que o autor tem
também a honra de integrar, com um natural destaque para o saudoso Dr. José
Barreiros Mateus, e para os grandes Guilherme Vilaverde, Manuel Tereso
e Orlando Vargas, não esquecendo o também saudoso Carlos Coradinho.
Faz-se, em seguida, uma referência amiga e
muito agradecida ao constante apoio e incentivo nestas “lutas” da habitação e
do “habitar” aos associados da GHabitar Associação Portuguesa para a Promoção
da Qualidade Habitacional (GHabitar APPQH), anteriormente Grupo Habitar
APPQH e, muito especialmente, aos que foram, durante esses anos, responsáveis
pelo GHabitar APPQH, entre os quais se encontram alguns dos acima
designados, mas havendo que acrescentar (alfabeticamente) o Arq.º António
Carlos Coelho, o Arq.º Carlos Nuno Lacerda Lopes, o Dr. Dâmaso Silva, o saudoso
Arq.º Duarte Nuno Simões, o Dr. João Lutas Craveiro, o Arq.º Manuel Correia
Fernandes, e o Arq.º Paulo Tormenta Pinto.
Lembra-se, finalmente, e agradece-se a múltipla
participação nestas matérias habitacionais aos membros do Secretariado
Permanente do Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono
(Secretariado Permanente do CIHEL), e de outros responsáveis mais diretos pelo
desenvolvimento dos já cinco congressos internacionais CIHEL, abordando,
frequentemente, o habitar de interesse social no âmbito da lusofonia.
Bibliografia geral de enquadramento
da temática
Apresenta-se em seguida, organizada
cronologicamente, e acompanhará os restantes artigos desta série editorial,
a bibliografia cronológica utilizada no presente estudo, sobre a matéria da
Habitação de Interesse Social Portuguesa (HIS) e sobre qualidade arquitectónica
residencial.
ONO,
R. (Org.) ; ORNSTEIN, Sheila Walbe (Org.) ; Villa, Simone Barbosa
(Org.) ; FRANÇA, ANA JUDITE GALBIATTI LIMONGI (Org.) ; LEITNER, A. D. (Org.) ;
BARBOSA, Maria Beatriz (Org.); SARAMAGO, R. C. P. (Org.) ; ABATE,
Tania Pietzschke (Org.) ; ROMÉRO,
Marcelo de Andrade (Org.) - Avaliação Pós-Ocupação na
arquitetura, no urbanismo e no design: da teoria à prática. 1. ed. São
Paulo: Oficina de Textos, 2018. v. 1. 302p .
TAVARES, Maria - Habitações Económicas.
Federação de Caixas de Previdência. Arquitectura e modos de actuação no
exercício do projecto, Porto: Faculdade de Arquitectura da Universidade do
Portoi, tese de doutoramento em Arquitectura, 2016.
National Crime Prevention Council – NCPC
(autoria); Direção Geral de Administração Interna – DGAI (edição); Ana Verónica
Neves e Filipe Teodorico (tradução) - CPTED – Prevenção Criminal
Através do Espaço Construído: Guia de boas práticas, Lisboa: DGAI, 2013,
66 p., ISBN: 978-989-8477-04-0; edição revista e adaptada para a versão
portuguesa por uma equipa que integrou o autor desta listagem - versão original
disponível em < http://www.veilig-ontwerp-beheer.nl/publicaties/cpted-prevencao-criminal-atraves-do-espaco-construido-guia-de-boas-praticas
MENDES, Maria Manuela; MAGANO, Olga - Ciganos
Portugueses: Olhares Plurais e Novos Desafios numa Sociedade em Transição.
Editora Mundos Sociais, Lisboa, 2013, 253 p., ISBN
978-989-8536-26-6. António Baptista Coelho redigiu o capítulo
intitulado "Habitação e vizinhança para famílias de etnia cigana:
algumas reflexões práticas" (9 p., 4 fig., pp. 239 a 247 do livro).
PORTAS, Nuno (coord. cient.) e AAVV
- Habitação para o Maior Número. Portugal, os Anos de
1950-1980. IHRU e CML, Lisboa, 2013 – lançamento
em 2014, 214 p., ISBN 978-972-98508-8-2; António Baptista Coelho
redigiu o capítulo ilustrado intitulado "Sobre os “anos dourados”
dos conjuntos cooperativos de habitação económica: 1974-1984" (20 p
ilustradas., 12 fig., pp. 133 a 153 do livro).
COELHO, António Baptista - Qualidade
Arquitectónica e Satisfação Residencial na Habitação de Interesse Social em
Portugal no final do Século XX”, Lisboa, LNEC, Relatório 176/2011-NAU,
Maio 2011, 93 pp., ilustrado
COELHO, A. Baptista; PEDRO, J. Branco; COELHO,
A. Leça – 2.ª Análise retrospectiva do parque financiado pelo Instituto
Nacional de Habitação nos anos de 1989-2005. Análise arquitectónica.
Lisboa : LNEC, 2011. (Relatório Confidencial 115/2011 – NAU).
DIAS, Jorge Miranda; LOPES, Grandão (coord.)
- Conservação e reabilitação de edifícios recentes. Cadernos
Edifícios N.º 5, LNEC, Lisboa, 2010, 218 p., ISBN
978-972-49-2197-6. António Baptista Coelho redigiu o capítulo intitulado
"Critérios a aplicar na requalificação arquitectónica do exterior
residencial" (25 p., 6 fig., pp. 37 a 62 do livro).
COELHO, António Baptista - Entre casa e
cidade, a humanização do habitar. dafne editora, opúsculos - Pequenas
Construções Literárias sobre Arquitectura, opúsculo 18, Porto, Julho 2009,
20 p., 4 fig., ISSN 1646–5253, www.dafne.com.pt/pdf_upload/opusculo_18.pdf
DGS e AAVV - Planos Locais de Ação em
Habitação e Saúde – Manual para projetos: Fichas Técnicas sobre Habitação e
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e Saúde (PNAAS), Lisboa, Novembro de 2009, ISBN: 978-972-675-191-5;
António Baptista Coelho participou na organização do livro e elaborou os
seguintes quatro capítulos: (i) "Bem-estar na envolvente
residencial" (8 p., item 2.4); (ii) "Bem-estar e tipos de soluções
habitacionais (7 p., item 2.5)"; (iii) "Problemas sociais na habitação"
(7 p., item 2.6); e (iv) "Bem-estar e conforto ambiental no interior
habitacional" (7 p., item 3.3) download em:
http://www.dgs.pt/?cn=552055525576AAAAAAAAAAAA
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972-981133-6-1; António Baptista Coelho redigiu os Capítulos 4 (Enquadramento
global da gestão), 5 (Dimensões fundamentais da gestão), 6 (Métodos e
instrumentos de gestão do parque habitacional de arrendamento público), 7
(Requalificação urbana), 8 (Integração da requalificação e da gestão e notas
conclusivas), a Bibliografia e o Anexo III (Ação e estrutura organizativa dos
Zeladores).
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la Construction Industrialisée). ASIN B0014KRHVA.
MOORE, Charles
Moore; ALLEN, Gerald; LYNDON, Donlyn Lyndon – La Casa: Forma y Diseño. Barcelona, Editorial Gustavo GILI, 1976 (1974).
PORTAS, Nuno – Funções e exigências de
áreas da habitação, Lisboa, LNEC, 1969, ilustrado.
CULLEN, Gordon
– El Paisaje Urbano. Tratado de
estética urbanística (The Concise Townscape).
Barcelona: Editorial Blume, 1977 (1961).
FARIA, António – O problema das casas
económicas (esboço de estudo), Lisboa: Edições Cosmos, Biblioteca Cosmos,
N.º 140/141, 7.ª Secção – problemas do nosso tempo n.º 26/27, 1948,
195 p.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer
elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias,
desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos
respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as
necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o
referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta
a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários
"automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos
conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição
da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos
editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à
verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da
revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de
eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
(iv) Oportunamente haverá novidades
no sentido do gradual, mas expressivo, incremento das exigências editoriais da
Infohabitar, da diversificação do seu corpo editorial e do aprofundamento da
sua utilidade no apoio à qualidade arquitectónica residencial, com especial
enfoque na habitação de baixo custo.
Do bairro aos espaços domésticos da Nova Habitação de Interesse Social
Portuguesa – nova edição, revista, com novo Editorial – infohabitar #
940
Informa-se
que para aceder (fazer download) do mais recente Catálogo Interativo da
Infohabitar, que está tematicamente organizado em mais de 20 temas e tem links
diretos para os 922 artigos da Infohabitar, existentes em janeiro de
2025 (documento pdf ilustrado e com mais de 80 pg), usar o link seguinte:
https://drive.google.com/file/d/1vw4IDFnNdnc08KJ_In5yO58oPQYkCYX1/view?usp=sharing
Infohabitar, ano XXI,
n.º 940
Edição: quarta-feira 4 de junho de
2025
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas
Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura
e Urbanismo pelo LNEC.
Os aspetos técnicos do lançamento da
Infohabitar e o apoio continuado à sua edição foram proporcionados por diversas
pessoas, salientando-se, naturalmente, a constante disponibilidade e os
conhecimentos técnicos do doutor José Romana Baptista Coelho.
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa
para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
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