O Papel da Arquitectura na Inclusão Tecnológica e na Sustentabilidade da Indústria da Construção – infohabitar # 948
Informa-se
que para aceder (fazer download) do mais recente Catálogo Interativo da
Infohabitar, que está tematicamente organizado em mais de 20 temas e tem links
diretos para os 922 artigos da Infohabitar, existentes em janeiro de
2025 (documento pdf ilustrado e com mais de 80 pg), usar o link seguinte:
https://drive.google.com/file/d/1vw4IDFnNdnc08KJ_In5yO58oPQYkCYX1/view?usp=sharing
Infohabitar, ano XXI,
n.º 948
Edição: quarta-feira 10 de setembro de 2025
Editorial
Tal como foi referido desde há algumas semanas, continuamos a divulgar
uma série de artigos realizados por novos autores ainda não editados aqui na
Infohabitar e ligados à recente revitalização do GHabitar Associação Portuguesa
para a Promoção da Qualidade Habitacional – antigo Grupo Habitar, uma
associação técnica e científica sem fins lucrativos que tem estado a
redinamizar a sua ação com diversas atividades por todo o País e que irão sendo
aqui divulgadas, salientando-se, desde já, a sessão sobre a importante temática da "Cooperação na Habitação" que terá lugar em Lisboa, no CIUL, pelas 17,00h do dia 25 de setembro com as participações apontadas na imagem que se segue.
Temos, portanto, o gosto muito especial de passar, em seguida, ao artigo
que nos foi enviado pelo colega Bruno Baldaia, a quem saudamos de forma muito
cordial, texto este intitulado “O Papel da Arquitectura na Inclusão Tecnológica
e na Sustentabilidade da Indústria da Construção” e que constituiu a sua Comunicação apresentada no 16ª Congresso
dos Arquitetos | Qualidade e Sustentabilidade: Construir o [nosso] futuro e na
respetiva Sessão Setorial 2 - Repensar os recursos e adaptar para a casa comum.
Materialidade Sustentável e Transição Digital, que foi realizada em 3 de março de
2023, no Auditório do Teatro Micaelense, Centro Cultural e de Congressos,
Ponta Delgada, São Miguel, Açores.
O texto é editado na sua versão completa, apresentada no referido
Congresso; aproveitando-se, finalmente, a oportunidade para dar as boas-vindas
ao colega Bruno Baldaia ao grupo dos autores Infohabitar e, naturalmente, para
lhe agradecer esta importante contribuição.
Aproveita-se para fazer uma nota prática importante, relativamente
à RENOVADA disponibilização na margem direita da edição da Infohabitar de uma
listagem ilustrada dos artigos mais lidos e respetivos links
Lisboa, 10 de setembro de 2025
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
O Papel da Arquitectura na Inclusão Tecnológica e na Sustentabilidade da Indústria da Construção – infohabitar # 948
Bruno Baldaia
Introdução
A arquitectura que fazemos hoje em Portugal é, como todas as
outras, o resultado do espaço de discussão, de confronto e de encontros, entre
o desejo de uma coisa que se antecipa, de uma vontade necessariamente coletiva,
e das condições para a sua concretização, sociais, económicas e técnicas. É
assim desde que existe arquitetura e vontade de a construir. O nosso contexto
específico é o de um esforço permanente de compatibilização entre uma
universalidade de que sempre quisemos fazer parte e o de uma localidade que
limita ou expande a nossa forma de estarmos no mundo em todas as suas escalas.
Não é necessário entrar no mundo da arquitetura portuguesa para que alguém que
não esteja familiarizado com a nossa cultura a possa compreender tanto como não
é fácil integrá-la nos grandes movimentos que o universo cultural da arquitetura
constrói sem o esforço de lhe reconhecer as suas especificidades. Este balanço
construiu a identidade da arquitetura portuguesa e o seu reconhecimento
internacional. Sem esse reconhecimento, de fora para dentro, tenho sérias dúvidas
de que a profissão como um todo pudesse ganhar o espaço de afirmação cá dentro
que hoje tem, e por isso, é fundamental reconhecer esse espaço e valorizá-lo em
justa medida. Ao mesmo tempo devemos reconhecer que a arquitetura que por cá se
faz é indissociável das condições técnicas para a sua execução – também existe
uma identidade da construção portuguesa – e que isso a caracteriza ao longo da
sua história. Por isso, olhar para o seu futuro implica também observar as suas
condições locais e percebê-las como um filtro de tudo o que de universal vamos
incorporando.
Os processos BIM, abertos ou fechados?
Os sistemas CAD promoveram uma alteração significativa no projeto
de arquitetura, a sua avaliação precisa ainda está por fazer. Mas o que importa
aqui abordar é o impacto que teve na relação entre a arquitetura e os processos
construtivos. A primeira é uma ligação direta entre a mesa onde se projeta e a
máquina onde se fabrica. Essa ligação tem dois sentidos, obviamente, o trabalho
de investigação e desenvolvimento feito nas empresas é diretamente incorporado
no projeto e, noutro sentido, o desenvolvimento de componentes no escritório
entra de forma mais expedita nos processos de produção na fábrica. Simultaneamente
a indústria da construção entrou num processo de alteração profunda, desde logo
a reconfiguração das estruturas empresariais organizando-se em grandes
conglomerados que começam a substituir a diversidade de soluções que
encontrávamos antes. Existem grandes tendências e é importante perceber o que
fazer com elas.
Os sistemas BIM prometem fazer aquilo que os sistemas CAD não
completaram, e que é termos um levantamento do edificado, das suas
características, disponível para que possamos intervir de forma mais precisa e efetiva
na paisagem. Mas as características destes sistemas vão mais além. Não estamos
a falar só da configuração, do desenho das intervenções, mas também da
possibilidade de monitorizarmos todos os seus componentes desde que eles
estejam inseridos numa rede de dados, num sistema que possa ser usado no projeto,
na fábrica, e também nas instituições licenciadoras que passam a contar com uma
ferramenta que nos dá acesso a tudo o que numa obra é quantificável. É por isso
importante assegurar desde logo a participação da arquitetura e dos arquitetos
neste processo.
Desde logo na forma como o sistema é montado, se ele segue as
lógicas do projeto de arquitetura ou se segue outras. Se o léxico utilizado é o
típico da arquitetura ou se ele vai ao encontro das engenharias, ou da
indústria da construção. As ferramentas do programa serão no sentido do
processo de conceção de arquitetura ou se vão noutros, se expandem as soluções
ou se as afunilam. Se pertencem à nossa área ou se são um elemento exterior que
teremos de incorporar na nossa prática.
Por outro lado, os dados que o Observatório da Arquitetura nos
disponibilizam através do Inquérito aos Membros, recentemente realizado,
mostram-nos uma organização dos arquitetos em organizações de pequena escala e
com pouca capacidade de resiliência. E com poucas práticas colaborativas, em
rede ou outras. Mesmo as equipas que trabalham em Câmaras Municipais ou outras
instituições licenciadoras são, na sua grande maioria, de pequena dimensão e
com uma grande variedade na capacidade de reter recursos técnicos. Por isso a
questão da acessibilidade a estas novas ferramentas é essencial. A questão do software
em núcleo aberto ou fechado ganha uma grande relevância. Como também ganha a
importância em haver arquitetos a trabalhar nas empresas ou instituições que os
estão a desenvolver. Como podemos ter a capacidade de caracterizar estes
sistemas se não houver arquitetos envolvidos no seu desenvolvimento desde o
início?
A fábrica é o estaleiro?
Temos observado recentemente um conjunto de grandes empresas do
sector da construção a mobilizar recursos importantes na transição digital e na
utilização dos novos sistemas que estão disponíveis ou em desenvolvimento. O
PRR tem sido uma alavanca importante para tudo isto. Como sabemos tudo no PRR
se constrói numa relação entre escala e tempo. Observamos uma tendência
assinalável que tem a ver com a reconfiguração dos procedimentos na Obra. Cada
vez mais a pré-fabricação ganha espaço e, a par dela, a modularidade. Tenho
observado com alguma ironia as preocupações manifestadas pelo setor no que diz
respeito à modularidade como um fator de limitação da criatividade na arquitetura.
Na realidade só a construção em parede portante em betão dispensa a
modularidade, no resto toda a história da arquitetura regista a presença da
modularidade e da proporção na criação arquitetónica, por isso esta é uma
questão que não se põe. Mas há outras alterações que são importantes. Uma delas
é a deslocação do estaleiro da obra para a fábrica, e isto traz processos novos
que é importante que todos consideremos. A Obra, tendencialmente, será quase
totalmente parametrizável e operada por equipas especializadas e o tempo da
obra reduzido. Tudo é mais antecipável e monitorizado e as soluções a utilizar
são cada vez mais as certificadas, quer na resposta à legislação existente,
quer às exigências que a sustentabilidade já está a impor e que o fará de forma
cada vez mais intensa. Não nos podemos esquecer que a nossa indústria está
entre as mais poluentes e com um impacto mais significativo no meio ambiente.
Mas é igualmente importante preservar, até deste ponto de vista, a diversidade
das soluções construtivas que devem ter como critério também a preocupação com
a utilização de materiais, soluções e mão-de-obra local como forma de reduzir o
impacto ambiental e também como forma de fixar recursos humanos, atividades
produtivas e possibilidades de emprego em áreas em despovoamento.
Tendencialmente os arquitetos ocupam um lugar relativamente passivo
na indústria da construção. Estão sobretudo a jusante em relação a ela:
incorporam as soluções disponíveis, os materiais e os recursos. A prescrição é
hoje um importante fator na indústria, os seus agentes procuram os arquitetos
no sentido de lhes apresentar os seus produtos, talvez até mais do que ao
cliente final. Existe o reconhecimento de que essa é uma decisão do projeto, o
que é uma alteração em relação ao panorama anterior. Ainda assim, e pelo que
atrás foi sendo descrito, é importante que os arquitetos ocupem um lugar a
montante, participem de forma mais ativa nas soluções que a indústria pode
apresentar e sejam capazes de trazer a todo este processo de transformação a
sua formação, conhecimento e forma de operar, que é específico e diferenciado. A
título de exemplo, simbólico, mais do que outra coisa, a OASRN tem levado a
cabo uma iniciativa, o Prémio Arquétipo, que procura trazer ao encontro arquitetos
e indústria, e com isso participar deste esforço de inversão de papéis, por
assim dizer. As Universidades, as Empresas e demais instituições do Estado têm
um papel seguramente mais decisivo e sobretudo mais robusto que é importante
realçar, a arquitetura deve sair do seu reduto e alargar a sua atividade a
todos os campos do setor que lhe diz respeito. Deve abraçar novas formas de
exercício da profissão que são tão importantes como outras no desenho da
paisagem que nos pertence a todos, sobretudo no grande processo de mudança que
se antevê como próximo. Saibamos nós reivindicar e ocupar o nosso papel.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer
elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias,
desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos
respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as
necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o
referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta
a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários
"automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos
conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição
da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos
editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à
verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da
revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de
eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
(iv) Oportunamente haverá novidades
no sentido do gradual, mas expressivo, incremento das exigências editoriais da
Infohabitar, da diversificação do seu corpo editorial e do aprofundamento da
sua utilidade no apoio à qualidade arquitectónica residencial, com especial
enfoque na habitação de baixo custo.
O Papel da Arquitectura na Inclusão Tecnológica e na Sustentabilidade da Indústria da Construção – infohabitar # 948
Informa-se
que para aceder (fazer download) do mais recente Catálogo Interativo da
Infohabitar, que está tematicamente organizado em mais de 20 temas e tem links
diretos para os 922 artigos da Infohabitar, existentes em janeiro de
2025 (documento pdf ilustrado e com mais de 80 pg), usar o link seguinte:
https://drive.google.com/file/d/1vw4IDFnNdnc08KJ_In5yO58oPQYkCYX1/view?usp=sharing
Infohabitar, ano XXI,
n.º 948
Edição: quarta-feira 10 de setembro
de 2025
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas
Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura
e Urbanismo pelo LNEC.
Os aspetos técnicos do lançamento da
Infohabitar e o apoio continuado à sua edição foram proporcionados por diversas
pessoas, salientando-se, naturalmente, a constante disponibilidade e os
conhecimentos técnicos do doutor José Romana Baptista Coelho.
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa
para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
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