tag:blogger.com,1999:blog-10780432.post116012274199781417..comments2023-09-05T15:19:44.644+01:00Comments on <center><b>infohabitar</b></center>: 107 - Desenhar com a natureza: a Cidade e o Equinócio de Outono II– artigo de Celeste Ramos - Infohabitar 107António Baptista Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16556578091973372542noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-10780432.post-1160593479541565982006-10-11T20:04:00.000+01:002006-10-11T20:04:00.000+01:00Olá dr.joão Craveiro,um dos cravos de abril, quem ...Olá dr.joão Craveiro,<BR/>um dos cravos de abril, quem sabe, que me tocou com as suas generosas palavras de oiro puro, sobre a luz do meu equinócio que, mais um dia, o de hoje de festa do 96º ano de república, iluminou o mundo do "norte" com a luz fria de lua cheia, "aço e prata de luar" em céu negro e limpo, a anunciar tão precocemente o Verão de São Martinho que depressa virá, para nos lembrarmos das romãs e das castanhas e do vinho novo e da matança do porco, e de toda a riqueza derivada desta cultura que ainda conserva com tanta integridade a tradição que o Campo criou e de que a cidade beneficia tão descuidada e distraidamente, cidade que vai embrutecendo e, se calhar, até a matança, considerada "cruel" pelos desenvolvidos, estará em vias de extinção, também porque o economicismo leva a que os bácaros já começassem há muito a ser vendidos, muito jóvens, para "jambóm" <BR/> <BR/>Platero y yo, lembro ainda que era um livro pequenino e de capa azul e desenho naíf, foi o meu primeiro livro de universitária ainda adolescente, levou-me pela mão para descobrir sem mais parar, o caminho da grandeza e variabilidade da cultura não apenas portuguesa mas a universalista dos anos 60 de que a música fazia parte integrante incluindo o Jazz ( já que acabava de ser criado por Villas Boas o Hot Club), em lisboa vivida colectivamente com as tertúlias do Vává e Copacabana, de entre outros, onde se estudava ao longo de todo o ano, e não apenas em vésperas, todos os saberes universitários de matérias ministradas por "mestres", lugares de encontro-colectivo e de intercâmbio inter-faculdades, forma tão simples e mesmo lúdica de aprender o que cada um podia abarcar, sem se confinar a um único "curso", cidade de alegria e de trabalho para a juventude inteira, mas que são hoje mega-ambourgers'houses, porque o plástico invadiu a actualidade sem critério, já que não se soube acrescentar nada ao pré-existente e, como tudo em Portugal, apenas substituir, não deixando "memória" para ser continuada, mesmo com plástico, que muitas virtudes tem com certeza mas que mal se vê e, por outro lado, mesmo com clima de calor e sol, o hábito de praia ainda não estava instalado e, assim, a cidade não se esvaziava dessa vida estudantil, parando só em agosto para se ir "à terra" , para além de nos deslocarmos sempre em eléctrico, que cruzava toda a cidade, nele lendo "O Eléctrico" de Gomes Ferreira, livrinho igualmente pequeno e gentil para ler nas curtas viagens, andando-se tanto a pé, que não havia tempo nem oportunidade de criar "gordura-mórbida", porque se fazia exercício, porque a alimentação era saudável e os alimentos não eram nem de plástico nem transgénicos - vinham da Zona Saloia de Lisboa os frescos e as primícias, a fruta, a carne de bovino e de aves, os ovos e a roupa lavada no Rio em Caneças<BR/> <BR/>Mas não se estudava apenas nas sebentas e nos livros escolares "recomendados" - estudava-se poesia e filosofia (e Fernando Pessoa já estava em moda), discuti-se e interpretava-se, e tantas coisas intra-faculdades, discutindo-se também politica de ensino porque se rejeitava que a "cabeça fosse reduzida a um sanita" para encher de não importa o quê e como, e se preparava assim o difícil abril 1962 vivido por todas as universidades do país, pré-monitório do maio 68, que os nossos "intelectuais" actuais teimam em esquecer porque "68" é que é, esquecimento que talvez não interesse ou porque "furaram as greves" ou por outra razão qualquer, e já vem de muito longe que "lá fora é que é bom" e é referência de todas as coisas, existindo-se apenas para os Descobrimentos e o 25 abril e, o resto, é um grande VAZIO intelectual, económico e sociológico porque, àparte isso, o passado para além de se abater ou deixar ruir programadamente, entulha-se de betuminoso e de betão, em ambas as MARGENS do Tejo, pelo menos, agora, porque há 50 anos, um dos mais belos passeios era tomar o Cacilheiro, atravessar até Porto Brandão ou outro lugar, não sair do barco, e voltar e, pelo caminho, ver os golfinhos a saltar e gigantescos bandos de gaivotas a perseguir as traineiras de de pesca que entravam na barra vindas do mar, estando as mulheres já na Lota para comprar, e vestidas a rigor de fato de trabalho, encher as canastas e pô-las à cabeça protegida com uma "rodilha" e ir para a rua vender peixe a cheirar a mar, com os seus pregões que já se foram há muito.Parece que passaram séculos - só passram 50 anos<BR/> <BR/>Esse caminho aberto pelo burrinho Platero que os árabes nos legaram, foram o suporte do mais duro trabalho do homem para trabalhar a terra e o transporte de todos os bons produzidos (ainda recebi em lisboa o pão, o leite e os legumes, e o petróleo e na praça da Figueira a bosta de burro era quente e cheirosa) até à traccão mecânica durante alguns séculos, está hoje em vias de extinção porque são, neste tempo em que tudo é descartável, como até os homens já são, sobretudo os velhos, já que se há 50 anos, a esperança média de vida não passava dos 63 anos, hoje já pode ultrapassar os 83<BR/>É longo o meu agradecer-lhe porque longo é o caminho que me obrigou a rever e sentir, de 50 anos de vivência e constatação de tanta transformação, nem todas para melhor, só porque me falou no Platero y yo<BR/>Sim eu também sei que o Deus dos cristão fez o universo e lhe deu o Sol e fez-se luz, e lhe deu as estrelas para iluminar a noite e o sol ser, à noite, apenas uma estrela que não se distingue das outras, e fez a terra para cultivar mas teve de criar também a água para a fertilizar e o primeiro Homem - Adão-Abrahaão - para a habitar, e vendo que estava muito sozinho lhe retirou uma costela e dela fez Eva e os pôs no Paraíso com a árvore da abundância e a serpente da sabedoria para se crescer em consciência <BR/>Sim todas as religiões falam da natureza, mas falar não chega porque o homem peca por "pensamentos+palavras+ obras" e a respectiva omissão, e vejamos como o mundo está tão SUJO e maltratado, e não há religião que lhe valha, a não ser a cultura-consciência, porque é só pela cultura que o homem se salva, e não pelo crescimento económico, tão orquestradamente confundido com "crescimento" que, afinal, tanto "decresce", e nem sequer é preciso ser, nem religioso nem culto, nem letrado, para constatar isso, basta ser sensível e atento à vida<BR/> <BR/>Abençoado progresso, mas não a parte de essência identitária de que quem governa se envergonhou e não soube re-vivicar e revitalizar, e abateu e deixou morrer, decepando a cidade de tanto que hoje seria motivo de riqueza e de diferença e de turismo mundial, de riqueza cultural e qualidade de vida e orgulho do habitante de uma cidade VIVA e coerente com as suas colinas, o Rio e a Outra Margem, os usos e costumes e a tradição secular<BR/>MCd'OR-lisboa-santo amaro-5 outubro 2006Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-10780432.post-1160554964227710952006-10-11T09:22:00.000+01:002006-10-11T09:22:00.000+01:00(Tinha escrito um comentário e, creio, ter lido um...(Tinha escrito um comentário e, creio, ter lido um outro... mas curiosamente acho que me enganei, ou o meu comentário perdeu-se ou não sei onde vi o outro. 'Coisas' da internet!). Achei este texto mais assertivo que os anteriores, na capacidade de reflectir, de forma integrada, sobre territórios multifacetados. Aqui revaloriza-se extraordinariamente a função dos espaços rurais e critica-se uma massificação que, sob um modelo de turismo, vicia as especificidades locais a uma oferta de lazeres homogeneizados. Tal é o prenúncio da globalização... Também seria interessante avaliar a eficiência das medidas de restrição à mudança do uso do solo ou das formas de 'protecção' da natureza em Portugal (natureza muitas vezes 'gerida' por directores de parques ou áreas protegidas em total divórcio face às tradições e aspirações das populações locais, populações que são olhadas com sobranceria e arrogância totalitária: a defesa da natureza tem que se inserir na defesa das paisagens humanizadas, e não pode realizar-se com posturas geocráticas (1)). Mas como sempre (mesmo em época outonal) Celeste Ramos brinda-nos com a esperança sábia de que é possível fazer (a) cidade habitada e amigável. [João Lutas Craveiro].<BR/>(1) Vários estudos sociológicos atestam este divórcio entre os 'protectores' da natureza e as populações locais. Ver, p.ex., o artigo de Elizabete Figueiredo, «Proteger o ambiente em Portugal? De quem? Para quem e para quê?», publicado aqui:<BR/>http://www.aps.pt/vcongresso/ateliers-pdfs.htmAnonymousnoreply@blogger.com